UMA BREVE INTRODUÇÃO REFLEXIVA AO LIVRO DE ESTER

O livro de Ester é um dos livros históricos do antigo testamento. É um livro onde não encontramos o nome Deus ou um termo referente ao Seu nome, mas podemos ver o seu agir diretamente na vida do seu povo.

Existem personagens de diversas categorias e nacionalidades, dos quais, os mais importantes são o rei Assuero e a rainha Vasti, Hamã, o agagita, e sua mulher Zeres; acredito que ele seja um descendente dos amalequitas, pois o termo "agagita" o denuncia. Por outro lado, temos os judeus, o povo de Deus, e o sofrido Mardoqueu e sua sobrinha que então se tornaria rainha, Ester. Ambos eram descendentes diretos da linhagem de Quiz, pai de Saul (Et 2. 5).

Ester recebeu este nome, provavelmente, quando se tornou rainha. Seu nome judeu é Hadassa (Et 2. 7). Então, antes do desfecho da história, eu quero que você saiba que Ester era uma moça que poderia ter tudo para dar errado, mas foi de órfã a rainha do maior império até àquele momento existente, o império Medo-Persa. Imaginem se Mardoqueu também tivesse morrido, como saria sua situação?

O rei Assuero era descendente de Dario, e é mais conhecido dos gregos por Xerxes. Lembra daquela aula de história onde o professor "Joãozinho" fala da batalha de maratona, ou de Leônidas e seus 300 nas Termópilas? (na verdade tinham mais, além dos 300, 400 tebanos e 700 Téspios) Pois é, Assuero, ou Xerxes, como preferir, era aquele eterno vilão dos gregos.

Os Persas eram como os britânicos na era vitoriana, dominavam quase tudo que se conhecia por mundo. A sua marinha era enorme e seus exércitos muito bem equipados, rivalizavam com qualquer frotilha ou exército do mundo antigo. Era o terror dos gregos, e a glória dos seus patriotas.

Desde que Ciro, o Grande, avô de Assuero, organizou uma revolta contra os Medos, seu domínio se estendeu sobre toda à Mesopotâmia (Babilônia; Assíria, etc.), e se expandiu mais para o ocidente, dominando semitas, hititas, egípcios, e gregos.

Morre Ciro, reina Dario, e depois deste sobe ao trono Assuero (Xerxes). Assim, Assuero, que quer dizer "grande rei" em hebreu, herdou um Império rico e poderoso. Seu domínio se estendia desde à índia até o leste e um pouco ao norte da África, e também nos baucãs.

Um Império tão poderoso merece ser celebrado, e nada melhor do que uma festa de 180 dias para "comemorar" às vitórias e conquistas (Et 1. 4).

E, neste interim, onde estavam os judeus? Uma nação outrora tão poderosa que vencera Siros e Mesopotâmios, e que aterrorizavam seus vizinhos, agora se encontrava fraguimentada e enfraquecida no meio dos povos. Por fazer continuamente o que é mau aos olhos do Senhor, a nação israelita foi levada ao cativeiro no tempo do rei Nabucodonosor II (605 a. C, primeira leva).

Quando o império babilônico caiu, 539 a. C., Ciro, emite um decreto onde os judeus que estavam no cativeiro deveriam subir a sua terra natal para restaurar às cidades, e o templo.

Então, os judeus começaram a retornar do cativeiro em 539 a. C., mas nem todos voltaram a Jerusalém, muitos ficaram espalhados entre os povos. Hoje, por exemplo, existem mais judeus nos Estados Unidos do que no próprio Estado de Israel. Esses judeus de Susã, eram judeus que se acostumaram com a sua vida naquela cidade. Talves muitos tivessem seus prestígios, porque Susã era uma cidadela, capital do império, era onde estava a residência de inverno do rei.

E espalhado naquele vasto Império estavam os judeus! Com pouquíssima participação política, viviam a "Deus dará". A antiga terra de Canaã não era mais só dos judeus (2Rs 17), agora a compartilhariam com os odiáveis samaritanos, e, lembre-se, voltar do cativeiro não significaria independência, qualquer ato óstio seria reprimido pelo rei.

E, diante de tanta fragilidade, o inimigo agora quer aniquilar o povo de Deus. Na verdade, desde que existem, os judeus são odiados pelas outras nações. E existiam judeus pobres, judeus de classe média, e, talvez, até ricos; mas existia um Judeu que incomodava o inimigo, era aquele que ficava na porta do rei. Quer incomodar o inimigo? Fique na porta do REI!

Deus, Supremo ser, Onisciente, sabendo do mau que estava para vir sobre seu povo espalhado pelo mundo Pérsa, articula seus planos para mostrar livramento ao seu povo. E, depois de 180 dias de festa com os grandes e poderosos do reino, o rei Assuero deu mais um banquete de 7 dias. Todos, grandes e pequenos, ricos e pobres viveriam 7 dias de fartura.

A rainha Vastir também deu um banquete, todas as mulheres da cidadela estariam festejando com ela. Agora, imagine. Está a rainha vastir com suas súditas, e chegam os eunucos do rei com a "ordem" do rei para que ela fosse ao seu banquete, portanto, ele queria apresentá-la para os amigos.

Queridos irmãos e amigos, pensem comigo. É certo que nos banquetes existiam leitos para todo tipo de sensualidade e lascívia, isso é evidente na história dos impérios, e o rei quer que a rainha coloque a sua coroa e entre naquele ambiente indecoroso. Ele estava embriagado (Et 1. 10). A rainha Vasti só tinha duas opções:

1° ser uma mulher dígna;

2° uma rainha esculhambada;

Ela preferiu ser uma mulher dígna. Ela era a mãe do próximo herdeiro do trono (Artaxerxes). Muitos falam que Vastir era orgulhosa, mas eu discordo, ela foi uma mulher dígna de ser memorada por sua atitude.

Diante da afronta direta, o rei se reúne com os magos, os entendidos da lei do seu reinado, e concluem: "ela deve ser deposta".

O rei Assuero, um homem que, na minha opinião, não dava a devida honra a esposa, agora senta e pensa na grande tolice que fez, porquanto provavelmente ele sentia algo por ela (Et 2.1). E aqui eu vejo um trabalhar de Deus no coração de Assuero. Um homem durão, rigoroso, agora fica pesaroso pela atitude desnecessária. E, a partir daqui, acredito eu, ele vai aprender valorisar mais uma rainha.

Tudo isso foi permissão de Deus, Ele transforma as coisas ruins em coisas boas (Gn 50. 20). E quando o rei pensa em Vasti, pensa no que foi decretado contra ela. Pela lei dos Medos e Persas um edito real não poderia ser revogado (Dn 6. 15).

Diante da situação, convocaram todas as moças virgens e formosas do reino. Hadassa, sobrinha de Mardoqueu, também foi levada para ser tratada e introduzida na presença do rei Assuero. E findo os dias, diz a Bíblia, que ela achava graça diante de todos (Et 2. 15). Já viu aquela pessoa que pode não ser rica, ou intelectual, mas que revela uma áurea? É como se quando as pessoas olham para ela veem que ela tem futuro, mesmo tudo dando errado, ou não possuindo prestígio ou nobreza? Era Ester.

Todas concorriam. Ali tinha filhas de generais, de nobres, de reis vassálos, de prefeitos; moças de tudo quanto é lugar, e beleza. Mas tinha uma que estava nos planos de Deus; tinha uma que surpreenderia a todos de uma maneira extraordinária. Interessante. Uma moça "ninguém sabe de onde e de uma família esquecida" de Israel, recebe a coroa de rainha da Pérsa. Ester = Estrela.

Mardoqueu, intransigente como era, continuava na porta do rei. Ali ele ficou sabendo de uma conspiração contra o rei, e informou a Ester, esta disse ao rei em nome dele, ele, porém, nada fez por Mardoqueu.

Queridos irmãos, não importa o tamanho de seu esforço na porta, ou a sua lealdade a Deus, ele só faz no tempo. Lembra de José? Disse ao copeiro de Faraó: "lembra de mim lá, eu sou inocente!". Ele lembrou? Não! Porque existem momentos que é só você e Deus no lagar, e mais ninguém.

Mas não saia da porta! Tão certo como o dia amanhece, o Senhor, a seu tempo, fará a sua vontade.

E permanece Mardoqueu na porta do rei. O primeiro-ministro vem vindo, todos se prostam, Mardoqueu permanece de pé. Hamã, então primeiro-ministro, procura saber quem era o homem, descobre que é um judeu.

Diante da situação ele procura não só destruir Mardoqueu, como todos os judeus que viviam sobre a terra (Et 3. 3). Hamã vai ao rei, ele quer até pagar pela destruição do povo de Deus. Você sabia que tem gente que tem coragem de pagar para ver a tua destruição? E disse:

"Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as leis do rei; pelo que não convém ao rei deixá-lo ficar."

De fato Mardoqueu não cumpria às leis do rei (3. 2-4). Mas, o costume judeu em geral, era abominável aos olhos dos outros povos. Eram proibidos pela lei de Deus de se prostituirem, participar do paganismo, e dar suas filhas em casamento ou tomar de outras famílias estrangeiras. Assim, os judeus, como o povo de Deus, era santo, e, portanto, incomodavam os pagãos.

Provavelmente Mardoqueu era dos que serviam ao rei e ficavam na porta, não tenho bem certeza (Et 3. 1-3), só sei que enquanto estivesse lá, Hamã poderia ter tudo, mas não se conformaria enquanto não o visse prostrado (Et 5. 9). Aquilo seria uma conquista nacionalista.

E o rei permite que seja promulgado o decreto para aniquilar os judeus. Quando o povo judeu ouvia, ficavam de luto.

Hoje, nós vivemos um tempo difícil, sabemos que a luta para destruir a igreja é grande, e nem assim estamos de luto, nem assim estamos de jejum. Precisamos levar a sério o inimigo.

E tudo estava dando errado para Mardoqueu, mas diante da situação ele faz duas coisas importantes:

1° Ele toma uma atitude.

Rasgou as suas vestes, se vestiu de pano de saco, e chegou até o lado de fora da porta do rei (Et 4. 1)

2° Teve fé.

Ele queria chamar a atenção de alguém. Manda um recado a Ester, ela também não tinha tanto poder para agir, e não sabia o que fazer. Ele, porém, diz:

"...se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus..." (Et 4. 14)

Estas palavras demostram fé. Se você quer ser uma pessoa vitoriosa, precisa tomar uma atitude e ter fé. Muitas vezes ninguém pode nos ajudar, e a nossa causa é em extremo impossível aos nossos olhos, mas devemos ter fé.

Mardoqueu foi exaltado por confiar em Deus, e também por agir, fé sem obras é morta. E, se é morta, não produz esperança. Por que existem tantos homens e mulheres de Deus que estão sem esperanças, e muitos até se matam? Porque pararam de sonhar, pararam de lutar. Não importa o tamanho da luta que você esteja enfrentando, lute até o último minuto. Para Deus, um dia é como mil anos e mil anos como um dia, mas quando a questão é o agir de Deus na sua vida, até o último segundo de fé é crucial para a Vitória.

Mardoqueu foi exaltado por DEUS, porque foi paciente, ativo, e não desistiu de lutar contra as adversidades.

Naamã madrugou planejando o mau, mas Deus já teria tirado o sono do rei. A soberba do inimigo de Mardoqueu foi reduzida a cinzas, porque Deus é Deus. Quando Deus abençoa está abençoado.

Espero que tenham apreciado a leitura. Na verdade não dá para abordar todo conteúdo aqui, ficaria muito enorme o texto. Mas qualquer coisa deixem nos comentários. Que Deus nos abençoe.

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 24/03/2020
Código do texto: T6895472
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.