A Túnica e o Manto
“Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o Manto”. (Mt. 15, 40)
A imagem da veste que Jesus cita neste discurso é comum ao povo Judeu de sua época: a túnica (veste interior) e o manto (veste exterior). E, nos diz muito, ainda hoje. Para que, dar-lhe o manto se, o mais importante é o que vem de dentro, do íntimo, da nossa veste interior? Jesus mesmo dizia, o que torna o homem impuro é o que sai de seu íntimo. (Mt. 10, 11)
Ele ensinava aos que os seguiam, a prática do amor, que só é possível por uma mudança de vida, não baseada meramente nas leis humanas (Lei de talião), mas sim na prática sincera do amor (caridade). Há, portanto, dois movimentos que se complementam nessa prática para a mudança de vida: Se te pedires a túnica, estende-lhes as mãos; de outro modo, se te pedires o manto, dá-lhe um coração generoso. Esse AGIR, brota de um coração que verdadeiramente ama. Esse AMOR floresce, na vida de quem humildemente se entrega.
Qual motivo de tamanho empenho? Para que, nos assemelhemos ao Pai celeste. Jesus nos diz: Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito. Em última análise, essa conversão de vida quer restaurar no ser humano sua vocação original: estar em comunhão com Deus, que é o verdadeiro amor (cat. 27). Na carta joanina vai dizer, aquele que não experimentou o amor e que não ama, não conheceu a Deus que é o Amor. (1Jo 4,8).
Diante disso, cabem-nos como autênticos cristãos, nessa semana que antecede o período quaresmal, tempo oportuno de conversão para repensarmos nossas atitudes e ações diante desse mistério de Deus que se revela continuamente e nos chama a sua presença, com os corações sinceros e ansiosos para o encontro com o verdadeiro Amor.