João, o anjo sem "Asas", a voz do que clama no deserto (RELATIVO A EBD).

Em algum ano, após o retorno de Neemias à corte dos persas, em 433 a. C., provavelmente antes de 400 a. C., Deus confia suas últimas palavras no Velho Testamento a um homem chamado Malaquias. Em seus dias o novo templo já estava construído (o templo construído depois do cativeiro [Ag 1.2; 2.3-9; Ed 2. 9-13]), e os abusos extrapolavam, os sacrifícios eram abominações e os dízimos negligenciados (Ml 1.7-10; 3.8). Por este período, Deus exorta o povo ao arrependimento, pois, o povo tinha aderido muitos maus costumes e acrescentado a mais à prática do divórcio (Ml 2.14-16), e casamento com mulheres estranhas (Ml 2. 10-12). Isto os reprovava de acordo com as leis do Eterno.

No mesmo livro podemos observar a forma de pensar de alguns crentes em Deus, eles diziam: "Inútil é servir a Deus....Quem faz o mal passa por bem perante o Senhor.... (Ml 3. 14-15)". Em todas estas palavras podemos ver a angústia do povo por acharem estar esquecidos. Sobre o seu comportamento, Malaquias inspirado por Deus escreve:

"Então, aqueles que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e o ouve; e há um memorial (Jeová se lembra!) escrito diante dele, para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome." (Ml 3.16)

(Conteúdo entre parêntese eu acrescentei)

A promessa de Deus para os seus fiéis era que ele se lembraria deles, e no tempo certo nasceria o Sol da Justiça trazendo salvação nas suas asas (Ml 4.2). Mas, antes de tudo, Deus enviaria um profeta com a virtude de Elias, ele deveria preparar o coração do povo para receber o reino de Deus e não serem feridos com maldição (Ml 4.5-6). Este é o mensageiro, o anjo que prepararia o caminho do povo diante do Senhor (Ml 3.1 p/a).

Todas estas coisas estavam preparadas para o povo de Deus, a questão era "o tempo" em que Deus agiria. O Tempo se passa, o profeta Malaquias não mais existe, só as promessas de Deus escritas em seu livro imortalizando e a sua singularidade como um profeta do Deus vivo. Contudo, as perturbações de Israel continuam, e agora estava mais ruim, tendo em vista que não tinham mais profeta.

Por cumprimento das profecias de Daniel 8.13 e 11.31, o rei Grego pagão, Antíoco Epifânio IV, profanou o templo e após a profanação os judeus purificaram o templo e arrancaram às pedras do altar e as colocaram num lugar reservado até que viesse um profeta e dissesse o que seria feito com elas. Isto aconteceu no ano 165 a.C, e está escrito em 1Macabeus 4.46 (livro apócrifo, não é a palavra de Deus, são evidências históricas). Podemos perceber a realidade dos acontecimentos, e os fatos são verídicos, as escrituras evidenciam a história secular comprova.

Era o ano 3 a. C. Em algum dia daquele ano um sacerdote chamado Zacarias, homem fiel e temente a Deus, da ordem de Abias, que era casado com uma das filhas de Arão, chamada Isabel, estava exercendo o seu ofício na casa de Deus (no segundo templo remodelado por Herodes, o Grande), quando foi surpreendido por Gabriel, o anjo mensageiro de Deus. Esta visita do anjo era para informar a Zacarias que Deus ouviu sua oração e que Isabel, sua esposa, teria um filho. A Bíblia diz que Zacarias e Isabel eram justos e andavam em todos os mandamentos e preceitos do Senhor (Lc 1.6).

Eu entendo que já existia uma profecia no nome “Zacarias”, e todos sabemos que nomes no antigo testamento estando ligado a profetas, diz muito a respeito de suas vidas, quando se referem a lugares diz respeito a certos acontecimentos. Enfim, os nomes das pessoas e/ou lugares estão ligados a algum acontecimento/mensagens. E é com base nisto que devemos atentar para o fato de que "Jeová se lembra" (Ml 3. 16), este é o significado do nome Zacarias, e nos liga de uma certa forma ao livro de Malaquias.

Os biblicistas chamam o hiato existente entre o último livro do antigo concerto e o novo (Malaquias/Mateus) de "período do silêncio de Deus". Mas, como podemos ver, e até mencionei aqui, havia todo um agir de Deus na vida de seu povo. Podemos vê-lo nos livros históricos, 1 Macabeus por exemplo; além do que podemos ouvir através dos escritos do último profeta que dizia: "Jeová se lembra".

O tempo se passa, os dias de Isabel se cumprem, e ela dá à luz. Depois de velhos, Zacarias e Isabel, tem motivos para se alegrar no Senhor.

Como fora dito pelo anjo, o menino seria nazireu de Deus, e seria chamado João, que quer dizer: "Graça ou Favor". Pense comigo. Temos Zacarias (JEOVÁ SE LEMBRA), e, agora, temos quem? João (GRAÇA/FAVOR). Interessante, não? "Tá", então deixa eu contar uma historinha. Fica comigo, atento.

Temos um povo, um povo que tem uma promessa poderosa, a promessa do "Salvador", o "Sol da Justiça". Até que esta promessa se cumpra existe um tempo (vocês sabem que Deus nos promete, mas faz só no tempo). E aí se passam, aproximadamente 400 anos, e Deus agora quer cumprir, e então manda o recado: "NÃO FICARÁ SÓ EM LEMBRANÇAS, CHEGOU A HORA DE FAVORECER O MEU POVO!".

Aí tem alguém que não entende, e diz: vamos chamá-lo por "Zacarias", para que o nome de seu pai seja levado adiante. Mas, a família de João não nasceu para fazer conhecida sua linhagem, e sim para tornar conhecido o Messias. Assim, o anjo já disse anteriormente: "ele será chamado de João" (ELE NÃO NASCEU PARA TORNAR CONHECIDO SEU PAI TERRENO, ELE SERÁ O PRECURSOR DO ETERNO).

Sobre este João, cognominado João Batista, não existe testemunho igual ao de Jesus, quando disse na sua palavra:

"Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, o qual preparará diante de ti o teu caminho. E eu vos digo que, entre os nascidos de mulher não há maior profeta do que João Batista" (Lc 7. 27-28 p/a).

O mesmo João, filho de Zacarias sacerdote de Israel nos dias de Herodes, o Grande (Lc 1.5), foi o primeiro homem a pregar o evangelho no novo testamento. Mateus, um dos discípulos do Senhor Jesus, também chamado de Levi (Lc 27-32), testifica dele assim:

"E, naqueles dias apareceu João Batista pregando no deserto da judeia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chagado o reino dos céus...porque este é o referido do profeta Isaías, que disse: vós do que clama no deserto:.... E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno dos seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre". (Mt 3. 1-4)

Marcos, por sua vez, diz:

"Apareceu João batizando no deserto pregando o batismo do arrependimento, para remissão dos pecados. E toda a província da judeia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados". (Mc 1. 4-5)

João, o evangelista, escreve:

"Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mais veio para que testificasse da luz". (Jo 1. 6-8)

Os quatro evangelhos vão falar deste homem de Deus de maneiras distintas, contudo todos concordam que o profeta seis meses antes de cristo (Lc 1.36 [nasceu no ano 1 a.C, equivalente ao mês de junho do nosso calendário.]), foi o pioneiro na propagação das boas novas do reino de Deus, como predito por Malaquias 3.1. O anjo (ministro de Deus) que a Bíblia se refere é justamente este João, o grande mensageiro de Deus, o anjo sem "Asas". João, o evangelista, ainda escreveu o que João testifica de si mesmo, assim:

"E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: quem és tu? E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta aqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto". (1. 19-23)

Lucas, evangelista, o médico amado (Cl 4.14), registra o cântico de Zacarias usado pelo Espírito Santo, e lemos da seguinte forma:

"E tu, ó menino (JOÃO BATISTA), serás chamado profeta do altíssimo, porque hás de ir ante a face do Senhor, e preparar os seus caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados, pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou, para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz." (Lc 1.76-79)

Lendo estes versículos, junto a outras passagens nas escrituras que testificavam de João, o anjo de Deus (Ml 3.1 p/a), e tendo em mente a pergunta dos discípulos dos fariseus (Quem és tu? ), podemos perceber que João Batista teria todos os motivos do mundo para "voar", dizer: "Eu sou aquele de quem está escrito: Tu és o meu anjo, meu mensageiro; o que tem a virtude de Deus, que desceu sobre Elias......EU SOU O EMBAIXADOR DO SENHOR!" Ele poderia dizer isto e muito mais.

Todavia, ele não deu testemunho além do que disse: "eu sou a voz do que clama no deserto: preparai o caminho do senhor endireitai as suas veredas." Ele estava dizendo neste momento que era um servo do Deus vivo, apenas um canal, que não interessava alcançar testemunho dos homens, nem agradá-los nas suas mensagens, ele era a voz do que clama no deserto, não nas praças, como os hipócritas da época, ou nas sinagogas. E sabe o que mim chama mais atenção? Ele pregava no deserto, e toda à Judeia e regiões vizinhas iam ter com ele. Porque não priorizavam os doutores? Porque a unção faz a diferença! Glória Deus!

E se você que lê este livro andava admirado com os serafins que voavam em redor do trono, e cobria o rosto e os pés para que só Deus aparecesse (Is 6. 1-3), deve invejar, também, João Batista, e reconhecer que você só é um canal. Não precisa ter uma aparência desfigurada ou andar rasgado não, é só deixar Deus brilhar em sua vida. A Ele à honra, a glória, e o poder, para todo sempre!

João alcançou o testemunho de Jesus de ser o maior profeta, mas ele próprio não se dava ao luxo de exaltar sua existência. Se tu és um enviado de Deus, não esqueça que és só uma voz! Você pode plantar, adubar, regar, podar, mas Deus é quem dá o crescimento.

João Batista foi um pregador que faz muita falta nos púlpitos de algumas igrejas, hoje as mensagens da Bíblia são adaptadas para o momento, o povo, o local etc. Não há mais zelo pela mensagem de Deus, são poucas as pessoas dispostas há serem pisadas, humilhadas pela causa do evangelho. João pregava para todas as pessoas independente de sua classe social, ele pregava para: reis, soldados, fariseus, saduceus, prostitutas etc. Suas mensagens eram simples e diretas, ele só tinha compromisso com a verdade.

Até que houve um dia que aprouve a Deus permitir que ele fosse executado por amor a verdade, e isto foi nos dias de Herodes Antipas a pedido de Salomé (este nome é atribuído pelo historiador Flávio Josefo), filha de Herodias, mulher de seu irmão Felipe (Mt 8.1-12). Herodes escutava João muito bem e reconhecia que ele era profeta de Deus, mas por conta de uma sedução, ele prometeu até o que não podia (ele não poderia conceder metade do seu reino a filha de Herodias, ele era um rei vassalo, devia lealdade ao imperador romano, não tinha autoridade para isso). Não podemos esquecer, também, que Herodes era um político arrogante e ambicioso. Com certeza não gostava da popularidade de João, já que o povo tanto o estimava.

Quando estamos meditando na história daqueles que andam com Deus nos surpreendemos com suas atitudes, o que revelam "o não querer ser nada". O que fez de João este tão grande profeta? Foi Oxford? Harvard? A academia de Platão? Sócrates? Aristóteles? Epicuro? Não! na verdade algumas das instituições citadas nem se quer existiam. A formação de João foi o DESERTO, sobre ela a Bíblia diz:

"E o menino crescia, e se robustecia em espírito, e ESTEVE NOS DESERTOS até ao dia em que havia de se mostrar a Israel." (Lc 1.80)

Portanto, no deserto joão foi criado e instruído por Deus para anunciar as novas do cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Mt 3. 1-12). No deserto foi o lugar onde João aprendeu a lei de Deus. No deserto foi onde João aprendeu a orar para que Deus suprisse suas necessidades, enchesse o seu servo da unção, foi onde ele reconheceu que não era nada e que tinha nascido para executar os desígnios de Deus, não os seus. É no deserto que aprendemos, a sermos humildes, que dependemos de Deus unicamente, por isso João ficou lá até o tempo de Deus lhe usar.

Assim, quero lhe lembrar que todo homem de Deus tem um deserto na vida. É constrangedor viver em um mundo Cristão onde não existem crentes provados, todo mundo tem que "ser" e no tempo que o alheio quiser. Irmãos, atentemos para os princípios de Deus, Ele não mudou, para preparar você poderá lhe lançar no deserto. E você só sai no tempo.

"Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo dos céus". (Ec 3.1)

E o tempo de Deus se manifestar na vida de João, chegou aqui:

"E, no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de traconites, Lisânia, tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias." (Lc 3.1-2)

É interessante notar que as pessoas sonham com a glória de Deus, muitos até tem chamado de Deus, mas é muito difícil ver alguém se esforçando para fazê-lo realidade. João esteve nos desertos, significa que ele renunciou metrópoles, comércios, status social etc.

O inimigo sabe que um jovem nas mãos de Deus é algo catastrófico para o inferno. João foi um jovem exemplar. Que possamos melhorar nossas atitudes procurarmos nos afastar cada dia daquilo que nos afasta de Deus e sermos como o anjo sem "Asas", que cresceu no deserto, e se robusteceu em espírito para ser uma voz. Ele andava com Deus, embora aparentemente parecia sozinho.

Por fim João foi morto pelo carcereiro, mas tinha a ousadia de como o apóstolo Paulo dizer:

"Combati um bom combate, acabei a carreira, e guardei a fé." (2Tm

4.7)

ELE CUMPRIU SEU MINISTÉRIO COM HUMILDADE, GRAÇA E PODER DE DEUS!

Objeção: João pode chamado de anjo ou mensageiro, depende da versão da Bíblia que se ler.

CURIOSIDADE: Você pode encontrar João nos escritos de Flávio Josefo-História dos Hebreus, livro décimo oitavo, capítulo 7. N° 781, CPAD, 2014

Extraído de um de meus livros da coletânea "O caminho de Deus é perfeito-Deserto". Espero que gostem. Está com você até aqui mim deixa realmente muito feliz, aguardo críticas e sugestões. Obrigado.

"Foi o Senhor quem fez isto, e é maravilhoso aos nossos olhos." (Sl 118.23)

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 06/02/2020
Reeditado em 07/02/2020
Código do texto: T6859888
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