Leitura Bíblica: João 6. 1 – 15
 
Vi certa vez uma reportagem que me deixou profundamente triste, ao mostrar quanta comida é jogada fora em restaurantes e outras empresas, sem ser devidamente aproveitada. Quem já passou fome de verdade sabe o valor do alimento. Quando eu era criança, nossa família passou necessidade.
 
Fome causa dor, tanto física quanto emocional, quando se presencia a aflição e as lágrimas dos pais por não poderem atender ao choro do filho. Muitas vezes, dormi de fraqueza e sonhei estar comendo; ao acordar, voltava a realidade dura e cruel da fome.
 
Infelizmente, há pessoas que não se importam com o faminto. Talvez tiveram o privilégio de nunca ter passado fome, talvez apenas não sejam gratas pela provisão recebida. Às vezes, ouve-se de algum artista que tenha feito shows para arrecadar recursos e alimentos para pessoas necessitadas, usando sua fama para conseguir alguma mobilização. É um começo, mas não basta.
 
Muito antes de os israelitas terem sua própria terra e produzirem sua própria comida, Deus lhes dissera: “portanto, eu lhe ordeno que abra o coração para seu irmão israelita, tanto para o pobre como para o necessitado...” (Dt 15.11) A solidariedade ao carente não é dever só de quem tem sobras: todos precisamos dispor de nossos recursos sem mesquinhez. Se não podemos saciar a fome de alguém sozinhos, que façamos em grupo.
 
Sempre haverá pobres que sofrem por causa de guerras, catástrofes e do egoísmo de homens maus. Alimentar o outro é um gesto de amor e compaixão, que Jesus exercitou varias vezes: por exemplo, ao preparar uma refeição para seus discípulos (João 21. 12-14) ou ao providenciar comida para uma multidão enorme, como se vê na leitura bíblica de hoje. E nem ele, diante da fartura que seus milagres lhe ofereciam, via nisso uma desculpa para desperdiçar o que sobrou. Amemos nossos próximos mais carentes, servindo-os com ações.