Dia 162 – Tiago 3 – 5. Língua; Inveja; Paciência.
7 de Junho de 2019
Tiago agora entra em um assunto muito interessante, o controle que devemos ter sobre o nosso falar; de fato, o homem já conseguiu domar todos os animais, mas a sua própria língua ainda o traz problemas (Tg 3.8), mesmo sendo um órgão tão pequenino ela é capaz de grandes feitos (Tg 3.3-5), tem o poder de abençoar e amaldiçoar, de edificar vidas e de as Destruir.
Nós como servos de Deus não podemos proceder assim, nossas línguas precisam ser fontes de bençãos, (Tg 3.10) não podemos nos deixar dominar. Uma língua que age por contra própria, pode geram um ambiente de inveja e de sentimentos contenciosos, e isso é altamente destrutivo.
Onde há inveja e esse sentimento de de rivalidade, de facção, de divisão o Espírito não pode operar; esse tipo de sentimento não provém de Deus, mas é um sentimento de origem “terrena, animal e diabólica” (Tg 3.14-15)
O texto segue nos explicando que em muitos casos estamos presos aos nossos deleites (Tg 4.1), vivemos apenas em busca de saciar nossos próprios desejos, por isso muitas vezes nossas orações não são atendidas, porque o foco dela é atender nossos deleites (Tg 4.3).
Não devemos proceder assim, precisamos ser santos, ou seja, separar-nos dos pecados, da maneira que esse mundo tem de proceder; de fato, quem é amigo desse mundo torna-se por conseguinte inimigo de Deus (Tg 4.4)! O conselho que Tiago nos dá é simples e direto “Sujeitai-vos pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg4.7)
Essa sujeição vai além das nossas vontades, ela abrange também a nossos planos, devemos em todo o tempo colocar nossos planos nas mãos de Deus (Tg 4.15), enfim, toda a nossa vida deve estar nas mãos deles. Não podemos nos esquecer que a santidade só se alcança assim, afinal, “aquele pois que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4.17).
O Resumo dessa carta escrita por Tiago é que devemos ser fortes e pacientes, precisamos fortalecer nossos corações no Senhor (Tg 5.8). A Paciência é uma virtude fundamental na vida do Cristão, temos como exemplo a Jó (Tg 5.11) e como se portou diante das dificuldades.
Gostaríamos agora de observar dois versículos, o primeiro deles é Tiago 5. 14 que diz assim “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor”. Esse verso merece certa atenção a fim de entendermos o que significa “ungir”.
A palavra que ali encontramos é ἀλείψαντες – aléifantes, uma conjugação do verbo ἀλείφω – aleifo, que significa ungir. Entretanto, não podemos confundir com a palavra χρίω – Krío, que também significa unção mas em outro aspécto.
A primeira palavra, significa a unção simples, o “untar”, já a segunda palavra ( χρίω – Krío) representa a unção com sentido espiritual, é o derramar do Espírito. Mas o que isso significa?
A unção aqui em Tiago não significa nada espiritual, não tem significado místico, mágico ou simbólico. Muito provavelmente tratava-se da unção como medicamentos feitas no novo testamento; devemos observar que o texto nos informa que “a oração da fé salvará o doente” (At 5.15)
Outro verso que gostaríamos de comentar rapidamente encontra-se em Tiago 4.5 e diz “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?”. Algumas tradução tentam amenizar e traduzem como “é um Espírito Zeloso”, mas ao observarmos o grego vemos que de fato, a palavra ali encontrada significa inveja (φθόνον - ftónon). Em nem um local do Novo testamento ela é utilizada com algum sentido bom, sempre tem sentido negativo. Como pode então o Espírito ter esse sentimento, se o próprio Tiago diz que a inveja provém do maligno?
Esse texto é complexo de se compreender, mas penso que a resposta seja uma, o espírito em questão não é o Espírito Santo, mas sim o Espírito do homem.
Nas tradução vemos a palavra espírito grafada em letras maiúsculas, mas isso é uma edição da gráfica, esse recurso não faz parte do original, no grego não se usa letras maiúsculas em nomes próprios. De forma que, acredito que pelo contexto, o espírito em questão seja o do homem, o nosso espírito é cheio de inveja, por isso nos pendemos em adultérios e inimizades com Deus.