Dia 147 – Lucas 14 – 17. Hidrópico; Os convidados; Coisas perdidas; Irmão;O mordomo infiel; Lei; Servo inútil; os Dez Leprosos; O Reino está dentro.

24 de Maio de 2019

Ao lermos sobre as curas de Jesus encontramos o relato sobre a cura de um Hidrópico (Lc 14.2); a grande questão levantada por essa passagem é a sua operação em um sábado; Após curar o donte, Jesus defende-se com uma simples pergunta dirigida aos fariseus: “Qual de vós o que, caindo-lhe num poço em dia de sábado, o jumento ou boi, o não tire logo?” (vs 5).

Jesus nos mostra que o povo de fato entendia que no sábado algumas coisas poderiam ser feitas, mas usavam esse entendimento de forma arbitrária e hipócrita; não achavam errado ajudar um animal (caro) que possuíssem, mas achavam errado ajudar uma pessoa.

Vale comentar de forma breve sobre a Hidropisia, esta é uma doença caracterizada pelo acúmulo de fluidos em certas partes do corpo, externamente formam-se tumores e inchaços pelo corpo do doente.

Lemos também a parábola dos convidados para uma festa (Lc 14.15-34); aqui Jesus os conta de certo homem prepara uma festa e convida muitas pessoas, acontece que, todos começam a dar desculpas (vs 18) e não vão a festa; o senhor então manda seu servo convidar os pobres e aleijados para a sua festa e conclui dizendo que nem um dos primeiros convidados participará de sua festa.

Aqui vemos Jesus apresenta uma nova lição para Israel; Sem dúvida muitos dos fariseus e escribas se consideravam pessoas de honra, assim se considerava, entendiam-se como homens “purificados pela lei”, mas fato é que, não estavam recebendo o Messias, nunca foram de fato pessoas honradas, os pecadores e publicanos é que participariam dessa ceia.

A parábola em questão nos mostra a relação entre os fariseus e os pecadores, já em Matus 22.1-4, temos a impressão de que lemos essa parábola contada em outra situação, além de detalhes pequenos que mudam, ali o enfoque parece-me mais ser os judeus perdendo lugar ante os gentios; de qualquer forma, o enfoque dessa parábola é que muitos dos que se julgavam dignos, não entrarão no reino dos céus em contraste com aqueles que são deixados de lado pela sociedade.

Seguem-se agora três parábolas sobre coisas perdidas, cada uma delas em si possui ensinamentos valioso, mas juntas nos trazem uma visão curiosa; não vamos aqui resumi-las, antes apresentaremos um pequena relação das três.

Na parábola da dracma perdida (Lc 15.8-10), nós temos uma moeda que se perdeu, na parábola da ovelha perdida (Lc 15.4-07) temos uma ovelha que se perdeu, e na parábola dos dois irmãos (Lc 15.11-32), temos um filho que se perdeu. Um filho, uma ovelha e uma dracma, todos eles perdidos, mas cada um com suas individualidades.

A moeda está perdida, mas como moeda não sabe disso e nem tem como retornar a sua dona, pra nós, ela pode representar aquelas pessoas que, não sabendo que estão perdidas, vivem no mundo alheias a sua situação de pecadora.

A ovelha está perdida, esta sabe que encontra-se perdida, mas não sabe como retornar ao seu rebanho; para nós ela pode representar aquelas pessoas que sabem da sua condição de pecadoras, mas simplesmente não sabem o que fazer, não sabem qual caminho devem seguir para encontrar-se com o bom pastor.

Por fim temos o filho perdido, este sabe que está perdido e sabe como tornar ao lar; para nós esse filho pode representar todos aqueles que, deliberadamente se afastaram do Senhor, eles sabem o caminho de volta, mas muitos precisam de auxílio para serem recebidos.

Dando uma atenção maior à parábola do “filho pródigo”, vemos que seu irmão também desempenha papel importante nesse texto; diferente do filho mais moço, o mais velho sempre foi fiel ao seu pai e nunca deixou sua casa, entretanto mostra-se como um filho que guarda mágoas do seu irmão e que em momento oportuno “joga na cara” do pai o bom filho que tem sido (Lc 15.25-32)

As vezes, muitos de nós se parecem mais com esse segundo irmão do que com o primeiro, vivem vidas próximas de Deus, mas estão sempre prontos a “jogar na cara” de Deus o bom sevo que se consideram; são pessoas justas a seus próprios olhos.

A parábola do mordomo infiel é, sem dúvida alguma, uma das mais controversas do Novo testamento, mas pretenderemos aqui abordá-la de forma resumida (Lc 16.1-9), embora saibamos que não esgotaremos o assunto.

Nela lemos sobre um mordomo que dissipou os bens de seu patrão, ao ser acusado e ameaçado de ser demitido, o mordomo, usando de seus últimos instantes de autoridade, negocia com os antigos credores do seu patrão as dívidas em abertas os apresentando ótimos descontos; ele não fez isso, no entanto para ajudar seu patrão, mas para ficar bem aos olhos dos credores e, sendo demitido logo arrumar uma nova colocação.

Jesus então elogia a atitude do homem, não pela sua atitude em si, mas pela sua sagacidade; Ele nos afirma que os filhos das trevas são prudentes; ou seja, ante uma situação complicada, procuram meios para diminuir o mal que os sobrevirá. Não podemos penar que aqui Jesus defende a “malandragem”, mas antes a precaução e sabedoria.

Jesus então nos apresenta o verso 9 que diz: “E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lc 16.9). As riquezas da injustiça são todas as riquezas desse mundo, devemos usá-las com sabedoria, a fim de ganhar amigos para o Reino, assim quando elas acabarem (ao morrermos) possamos encontrar-nos com essa pessoas nos “Tabernáculos Eternos”.

Muito mais poderia ser dito sobre esse texto, mas não o faremo agora, de fato é um texto complicado em sua leitura, mas não podemos o interpretar de forma que contraste com todo o restante dos ensinos de Jesus, precisamos olhá-lo dentro do contexto dos capítulos em que está inserido.

Mais uma vez vemos o próprio Jesus afirmando que a Lei e os profetas passaram; eles duraram até João Batista (Lc 16.16), mas agora é anunciado o Reino de Deus, mais a frente em Romanos e Hebreus, veremos mais claramente que a Lei já foi cumprida e não vigora mais sobre nós.

Muitas vezes nos sentimos especiais pelo nosso “grande” trabalho na obra de Deus, mas o fato é que estamos fazendo apenas o que deveríamos fazer, é essa a nossa obrigação, “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” (Lc 17.10); Jesus nos ensina que não devemos permitir que isso antes em nossos corações, antes, precisamos ter a ciência que não estamos indo além do que nos foi designado.

Rapidamente falamos sobre a cura dos dez leprosos e como só um deles lembrou-se de agradecer a Jesus pela benção (Lc 17.11-19). É curioso notar que o único que assim procedeu não era judeu, mas sim um Samaritano, alguém que os judeus considerava longe de Deus. Mais interessante ainda é observar a frase que este, e só este ouviu da boca de Jesus, “a tua fé te salvou “(vs 19). Embora os outros tenha alcançado a cura física, somente este alcançou a espiritual. Todas as vezes que Jesus usa a expressão “A tua fé te salvou”, ou “perdoados estão os seus pecados”, encontramos no original grego a presença do tempo verbal Perfeito; sempre vale a pena lembra que “os tempos Perfeito e Mais que perfeitos da língua grega, marcam os eventos com estados factuais de ser, ou seja, destacam sua certeza como estados fixos.” (New Testament Greek-English Lexicon – Scripture Direct), ou seja, como já dissemos; a Salvação dada por Cristo é fixa, não pode ser “perdida” ou anulada.

Encerramos com o comentário de Lucas 17. 20-21; aqui Jesus fala que o Reino de Deus não é um lugar, ele não “está aqui ou ali” e nem vem com aparência exterior, mas antes, o Reino de Deus está dentro de nós. O Reino de Deus é onde a sua autoridade está e não um local fixo, locais são o que menos importa para Deus, ele preocupa-se com nosso corações. Algumas versões traduzem como “O Reino de Deus está entre vós”, mas ao olharmos no original, vemos que essa tradução não faz jus a ideia de interioridade que encontramos no grego.

Adriel M
Enviado por Adriel M em 24/05/2019
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