Dia 145 – Lucas 07 – 09. Pureza; Dúvida; As mulheres; Fruto chocho; Nepotismo; O Abismo; humildade; nem o pó; Qual espírito?.
21 de Maio de 2019
Prosseguindo por nossa leitura, encontramos hoje alguns pontos que já foram comentados em dias anteriores, é bem verdade que o assunto nunca se esgota, mas, a fim de atermos a nossa proposta, evitaremos retornar aos mesmos textos sempre que possível.
Hoje vemos algo interessante; Jesus toca. Não é a primeira vez que nos deparamos com Jesus tocando em leprosos ou em pessoas enfermas, dessa vez lemos que ele toca em um esquife, isto é, um caixão (Lc 7.14). O que para nós pode parecer algo simples, para o Judeu era um absurdo.
Na lei haviam vários indicativos de como se tornar impuro, e como o povo deveria evitar isso; tocar em um leproso ou em um morto era uma dessas forma; sem dúvidas a multidão espantou ao ver Jesus tocando no caixão desse relato, mas o que muitos ignoravam é que Jesus é a própria vida.
O toque de Jesus, é superior ao pecado, não seria Jesus quem se tornaria impuro, mas sim os impuros que seriam purificados. Ainda hoje o toque de Cristo pode nos alcançar, não de forma física, mas de forma espiritual, podemos o receber em nossos corações e sermos purificados de todos os nossos pecados.
João Batista, como já falado, teve inúmeras provas da messianidade de Jesus, entretanto, quando estava preso, teve dúvidas a respeito (Lc 7.19-22). Talvez João esperasse que Jesus o fosse libertar, talvez imaginasse o seu ministério um pouco diferente, mas o fato é que, mesmo vendo o Espírito descendo sobre Jesus e uma voz do Céu testemunhando sobre ele, João Duvidou.
A dúvida é algo com que todos os cristão precisam lidar em algum momento de suas vidas, a dúvida em si não é má, antes ela é uma oportunidade de crescimento. A dúvida nunca deve ser reprimida, ou combatida, mas sempre deve ser exposta com sinceridade a fim de que possa ser trabalhada; muitas dúvidas acabam levando muitas pessoas a grandes períodos de crescimento.
Não sabemos os detalhes de como João recebeu a resposta de Jesus, mas podemos ler a declaração que Cristo fez dele nos versos subsequentes e constatar que mesmo grandes homens podem ser acometidos de sérias dúvidas.
Lucas tinha uma visão diferente do mundo, em contraste com os judeus, ele enxergavas as mulheres. Podemos ver que havia um grupo de mulheres que seguia Jesus e que o serviam com seus bens (Lc 8.1-3). Embora a sociedade da época não atribuísse valor às mulheres, Jesus vem mudar esse modo de pensar; mais a frente Paulo nos falará um pouco sobre isso.
No evangelho segundo Lucas nós também vemos a parábola do semeador, mas aqui podemos perceber um detalho novo que faz toda uma diferença. No entanto, Já comentamos esse texto no capítulo “Digressões 7” e convidamos o leitor a seguir até la a fim de observar um pequeno estudo sobre essa parábola.
Nepotismo é aquela colher de chá que damos aos nossos parentes, vemos isso em especial no poder público; entretanto, não é assim no Reino de Deus. Vemos Jesus falando claramente que nem sua mãe nem seus irmãos terão privilégios, antes, seus verdadeiros parentes são os que fazem a vontade de Deus (Lc 8.21).
Muitos se dizem filhos de Deus, há no imaginário popular a ideia de que todos são filhos de Deus, mas não é isso que a Bíblia no diz, em no início do evangelho de João nós lemos que “a todos quantos o receberam [a Jesus], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12).
Na passagem do endemoniado gadareno vemos um pedido curioso dos demônios, eles pedem para não serem lançados no abismo (Lc 8.31), mas que abismo seria esse? Não podemos ter certeza, mas podemos conjecturar.
A palavra ali escrita é ἄβυσσον – abisson, que significa abismo, nos dando a ideia de algo profundo; essa parlava aparece em mais dois locais do Novo Testamento, em Rm 10.7, onde parece se referir ao mundo dos mortos, [Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo. )] e em Ap 20.3 [E lançou-o no abismo, e ali o encerrou […] para que não engane as nações…]. Essa palavra, no entanto não é a mesma que vimos na passagem do Rico e do Lázaro, ali lemos que o que os separava era um grande χάσμα – Kásma, que também significa abismo, mas tem eu seu significado a ênfase de uma abertura, de um espaço vazio entre eles; não traz em si a ideia de profundidade. Essa é a única ocorrência dessa palavra.
Penso que não seja a esse abismo do Rico e do Lázaro que aqueles espíritos se referiam, mas sim ao abismo que lemos em Apocalipse, um abismo profundo onde o inimigo será de alguma forma aprisionado. Esses demônios temiam que Jesus executasse alguma sentença sobre eles da hora (Mt 8.29).
Falemos agora de Jairo, o príncipe da Sinagoga, um homem que por sua posição social deveria ter o respeito e a admiração de muitos, um homem que deveria manejar muito bem a lei e as escrituras e que sem dúvida, ao apoiar Jesus, seria visto pela comunidade de escribas e fariseus como um fraco, perderia seu status e por certo não comandaria mais a sinagoga. Este mesmo Jairo, prosou-se aos pés de Jesus e rogou-lhe por sua filha que estava a beira da morte (Lc 8.41).
A atitude de Jairo nos mostra um coração quebrantado e humilde, às vezes, precisamos chegar em extremos para nos dobrar diante de Deus, não digo que esse foi o caso de Jairo, mas pode ser o de muitos; não deixemos que o medo de perder “as glórias” e “honras” desse mundo nos envergonhem de seguir a Cristo.
Sacudir o pó da roupa tinha um significado para os judeus, eles faziam isso quando saim de cidades gentias (de não judeus), como forma de dizer algo como “daqui não levemos nem a poeira em nossas roupas”; Jesus manda que seus discípulos façam isso quando alguma cidade não os receber (Lc 9.5).
Penso que o que Jesus queria dizer com essa frase é que os discípulos não deveriam se preocupar com quem não os recebesse, antes deveriam se esforçar e focar naquele que de bom grado ouviam a Palavra. Devemos seguir esse exemplo, muitas pessoas simplesmente não querem essa “conversa religiosa”, não as importunemos, sigamos para aquelas que estão sedentas da palavra de Deus.
Encerramos com uma contradição: Jesus ensinava o amor, mas seus discípulos ainda não haviam entendido isso muito bem, em determinada situação, os discípulos não são recebidos em Samaria (Lc 9.52.56), e perguntam a Jesus se devem mandar descer fogo do céu, como Elias havia feito.
OS discípulos não sabiam em qual espírito estavam, se no de Deus ou nos dos homens, ainda não haviam compreendido que Jesus não fazia acepção de pessoas, e que nessa sua vinda não tinha motivo de destruir nada nem ninguém, mas sim salvar.
As vezes, em minha leituras, acabo por encontrar um erro que escrevi ou alguma forma de melhor apresentar o assunto; não tenho ,no entanto, como alterar o texto em todos os lugares em que disponibilizo, por isso tenho um arquivo que considero o original.
Aqueles que quiserem podem o conferir em formato .Pdf no link abaixo.
Caso você tenha lido algo interessante por aqui, sugiro conferir a redação constante no link a fim de aferir se foi redigida alguma alteração.
https://drive.google.com/file/d/1QY20OLO3my1azsMfQbkeTg5DB-NZUeYF/view?usp=sharing