Dia 141 – Marcos 11 – 13. Os cambistas do Templo; A figueira; Pedra de esquina; Impostos; O bom Escriba; Maior condenação.
17 de Maio de 2019
Aproximamo-nos do final do evangelho segundo Marcos e com isso começamos a nos preparar para adentrar no de Lucas, entretanto, Marcos ainda nos tem palavras valiosas a ensinar, vamos então à elas.
Jesus entra no templo e faz uma verdadeira bagunça por la, (ou teria ele arrumado a bagunça?). Dentro do templo, Jesus se deparou com um comércio instalado, haviam diversos vendedores e cambistas ali, e o Cristo, indignando-se, começou a expulsá-los virando suas mesas (Mc 11.15) e afirmando ser ali uma casa de oração e não um covil de salteadores.
Mas o que de fato acontecia ali? A Bíblia nos diz que, se um homem morasse muito longe do templo, ele poderia pegar o animal que sacrificaria e, ao invés de viajar dias com ele, vendê-lo e guardar o dinheiro para comprar um ao chegar próximo do templo, de fato era isso que acontecia, mas com algumas deturpações. Em primeiro lugar os cambistas e vendedores estavam instalados no pátio externo do templo, um lugar que deveria ser franqueado aos gentios que quisessem adorar a Deus, mas que de fato não era. Outro detalhe é o preço abusivo das vendas; a venda no Templo era de certo modo, como comprar algo nos aeroportos brasileiros, tudo ali era vendido muito acima do preço de mercado.
Havia ainda cambistas que trocavam o dinheiro dos viajantes pelo dinheiro local; todos esses detalhes estavam tornando o Templo um local muito lucrativo e desviando o foco de sua atenção principal, a adoração a Deus.
É interessante ver nessa passagem que Jesus agiu de forma violenta; muito olham para Jesus e o imaginam um “pote de amor” anestesiado para a vida, de fato, Jesus é sim cheio de amor, mas também de Justiça. Não pense você que Deus não agirá com força quando necessário.
Vemos também uma passagem curiosa, Jesus, em suas andanças, teve fome e se aproximou de uma figueira que estava cheia de folhas; esse tipo d figueira perdia as folhas em dado momento do ano e, folhando-se, sinalizava estar com frutos, por isso Jesus foi até ela com seus discípulos; mas, ao chegar lá, percebeu que a árvore tão promissora não tinha fruto algum (Mc 11.12-14). Jesus então diz para a árvore “Nunca mais coma alguém fruto de ti”.
No dia seguinte pela manhã, ao passarem pelo caminho, os discípulos notaram que a figueira havia secado desde a raiz, Jesus então aproveita a situação e fala-lhes sobre a fé dizendo “Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis.” (Mc 11.24)
Penso que podemos observar essa passagem da figueira de outro modo, em vários lugares da Bíblia vemos a figueira ser o símbolo de Israel, talvez com essa atitude, Jesus tenha queria dizer algo aos discípulos; aquela figueira, se olhada de longe, parecia ser uma árvore frutífera, mas de perto víamos que nada produzia; desse mesmo modo era Israel, uma nação que aparentava ser piedosa, mas que não temia a Deus.
Muitas vezes levamos nossas vidas assim, de longe nós parecemos ser verdadeiros servos de Deus, possuímos belas e viçosas folhas, mas de perto é possível notar que não produzimos fruto algum; precisamos ter cuidado para não sermos como aquela figueira.
Abriremos um parêntesis aqui para comentarmos um dito de Jesus em Marcos 12 verso 10, a saber: “Ainda não lestes esta Escritura:A pedra, que os edificadores rejeitaram,Esta foi posta por cabeça de esquina;” (Mc 12.10). Jesus aqui provavelmente cita o Salmo 118.22 e Isaías 28.16; ele se diz a pedra rejeitada e que se tornou a pedra principal. Essa pedra de esquina era a pedra mais importante da construção, na pequena parábola de Jesus, os edificadores rejeitaram uma pedra por não a considerarem boa, mas essa pedra veio a se tornar a principal.
Mais uma vez, fariseus e herodianos juntam-se a fim de pegar Jesus em uma cilada, dessa vez o plano estava bem aramado; Iniciaram um discurso elogiando a Jesus, tentando apelar-lhe para o ego, querendo fazer com que ele sentisse a vontade para falar livremente, então lançaram a pergunta: “É lícito pagar imposto a César”?(Mc 12.13-17). Há aqui, no entanto uma situação complicada, por uma lado todo o povo odiava os impostos que, além de altos, só serviam para bancar os luxos de Roma, por outro lado, Jesus ao apontar os impostos como algo ilegal ou pecaminoso estaria indo de encontro a Roma, mas isso constituía um real perigo para o Filho de Deus?
Muitos afirmam que Jesus veio fazer uma reforma social, alguns até o indicam como comunista, mas ao ler essa passagem vejo que aqui, Jesus teve a melhor oportunidade para fazer um discurso contra a opressão financeira e não fez. Ele não precisava temer a Roma, ele poderia muito bem escapar da perseguição romana se quisesse. Não posso pensar que Jesus era contrário ao impostos e não falou por medo dos romanos, se assim o fosse teríamos um Jesus covarde.
Não digo com isso que ele era favorável, mas sim que essa não era a sua missão. Jesus não veio mudar as bases sociais e econômicas do mundo, veio para trazer salvação às pessoas. Por isso, ele furtou-se ao debate político, social e econômico; sua resposta foi clara e direta: “Dai pois a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”.
César é deste mundo, e esse é um mundo perdido pelo pecado, não temos como lutar contra esse mundo, não que devamos ser passivos contra a injustiça sociais, mas precisamos compreender que o que é de César, a César pertence e não conseguiremos mudar, mas aquilo que é de Deus lhe precisa ser entregue.
Nem todos os escribas, fariseus e sacerdotes eram más pessoas, haviam aqueles que de fato possuíam um coração quebrantando. Certa vez um escriba, vendo que Jesus respondeu de forma correta algumas perguntas, aproximou-se dele e lhe perguntou qual o maior dos mandamentos (Mc 12.28); Jesus então lhe responde que devem amar a Deus de todo o coração e o próximo como a si mesmo (vs 30).
O escriba então elogia Jesus pela sua resposta e complementa-a dizendo que Deus que esses dois mandamentos, se bem observados, valem mais do que todos os holocaustos e sacrifícios; Jesus então admira-se e diz que aquele homem não está longe do Reino. Essa pequena passagem nos mostra que haviam estudiosos da lei que eram homens de Deus, além de nos trazer uma lição sobra a importância desses dois singelos mandamentos.
Em contraste com esse bom escriba, Jesus nos fala dos maus escribas e nos diz que “Estes receberão maior condenação” (Mc 12.40). Ao ler esse verso, penso que no fim dos tempos, quando o destino de todos estiver selado, haverá diferentes níveis de condenação. Da mesma forma que lemos sobre galardão para os Justos, penso haver castigos com maiores e menores intensidade para os ímpios. Aqueles que tiveram mais oportunidades de conhecerem a Deus, bem como aqueles que sabiam exatamente como agir, ma preferiram agir de forma errada; a estes, penso eu, o castigo de Deus será mais rigoroso; diferentes saqueles que não tiveram tanto acesso aos ensinos do Senhor, contando apenas com a Lei escrita em seus corações. Baseio-me em Lucas também para esse pensamento, adianto o seguinte recorte:
o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá. (Lc 12.47-48)
Encerro por hora esse assunto afirmando que não digo que Deus salvará aqueles que não ouviram falar de Jesus. Só há salvação através do nome de Cristo, mas a frente falaremos mais sobre esse assunto, mas já adianto um recorte de Romanos pois creio que enriquecerá tudo o que fora dito.
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; (Rm 2:12-15)