Dia 139 – Marcos 04 – 06. O Motivo das parábolas II; Grão de mostarda; Quem é esse homem?; A mulher do fluxo; Os interessados; Herodes; Doze cestos.

15 de Maio de 2019

Marcos, Mateus e Lucas, embora diferentes, possuem muitas similaridades, por isso evitaremos quando possível recomenta as mesmas passagens, entretanto, em alguns momentos penso ser isso salutar, a fim de esclarecer algumas dúvidas que possam surgir no coração daqueles que esteja lendo essas páginas de forma tópica e não como um todo.

Hoje nos deparamos com uma afirmação de Jesus bem difícil de digerirmos, vamos a ela:

E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas,

Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados. (Mc 4.11-12)

A primeira impressão que temos com esse texto é que Jesus não queria que o povo se convertesse, ele pregava, mas seu desejo é que não lhe acreditasse; entretanto, ao olharmos mais de perto, percebemos que não é disso que o texto fala.

Já comentamos sobre essa mesma passagem o Evangelho de Mateus, lá a narração dos fatos nos da uma clareza maior dos acontecimentos (penso que foi no dia 133). Em nem um momento o desejo de Jesus foi que não lhe compreendessem, mas antes, ele desejava uma verdadeira conversão de seus ouvintes, o caso é que aqueles que o ouviam tinham o coração duro e, semelhante a parábola que ele contara versos antes, não produziriam uma conversão verdadeira.

Jesus sabia que muitos dos que estavam lhe ouvindo tinha o coração cheio de espinhos e de pedras, por isso ele usava parábolas, para filtrar aqueles que de fato queriam o seguir; a grande massa, os desinteressados, simplesmente o deixariam e iriam embora, mas, os verdadeiramente decididos a o seguir, o procurariam a fim de compreender. Recomendo a leitura de nosso comentário sobre Mateus 13 do dia 133.

Temos hoje também a parábola do grão de mostarda (Mc 4.13-32), sobre essa parábola no entanto, confesso não ter muita certeza; sempre ao lê-la compreendi que o evangelho era como o grão, porque embora tendo um início pequeno, cresceria e se espalharia muito; entretanto, já ouvi quem afirme que essa interpretação está equivocada, que a mensagem real dessa parábola é que o evangelho cresceria de forma desordenada, uma vez que, segundo esses autores, a mostrada não cresce tanto como a da parábola, após seu crescimento desordenado, muitas aves se aninhariam em seus galhos, essas aves seriam os aproveitadores, que usam o evangelho em proveito próprio.

Na verdade, essa segunda interpretação tem até certo sentido com nossa realidade, de fato vemos um “evangelho” que se espalhou, mas que em muito difere de suas origens, temos também muitos aproveitadores que dele tentam sugar tudo de bom. Confesso que preciso me debruçar mais sobre esse texto a fim de compreender qual seu real significado.

Em dado momento, Jesus e os discípulos pegam uma tempestade no mar, o medo dos discípulos é grande, mas Jesus dorme tranquilo (Mc 4.38), então, despertado pelos discípulos, Jesus fala aos ventos “Cala-te, aquieta-te” (vs 39) e a tempestade cessou; os discípulos então se questionam “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (vs 41).

Não podemos esquecer que os discípulos de Jesus estavam mergulhados em uma cultura grega, eles certamente conheciam as histórias dos deuses grego e dos semideuses, histórias quem narravam de deuses com poder sobre o mar, sobre o vento… havia um deus para cada situação. Jesus no entanto simplesmente falou ao vento e esse lhe obedeceu, quem seria esse homem? Os discípulos pareciam ainda não saber quem ere ela.

Vale comentar hoje sobre a mulher do fluxo de sangue, sua história é contada em Marcos 5, do verso 25 ao 34; duas coisas gostaria de enfatizar sobre essa mulher. Em primeiro lugar vemos que a multidão apertava Jesus (vs 31), muitos ali tocavam nele e o espremiam, mas quando aquela mulher tocou na borda de sua roupa, Jesus percebeu que dele saiu poder (vs 30)

Em nossos dias, muitos estão perto de Jesus, homens e mulheres lotam igrejas e sentem-se perto de Cristo, mas sua vida permanece a mesma, simplesmente porque o poder de Jesus nunca lhes alcançou. Essas pessoas, tão próximas a Cristo, não lhe tocam com fé; são homens e mulheres que nunca tiveram um rela encontro com o Senhor; muito cuidado porque as vezes estamos perto de Jesus, mas não temos nem uma relação com ele. Só quando nos aproximarmos dele com fé genuína é que seremos transformados.

O segundo ponto, mais nos importa do que a cura física; aquela mulher alcançou a cura espiritual, mais uma vez lemos Jesus usando o tempo verbal “Perfeito” quando se refere a salvação. Já havíamos lido isso quando vimos a história do paralítico e o “perdoado estão os seus pecados” (Mt 9.2) , agora vemos a palavra σεσωκεν – sésoken, o verbo “salvar” colocado no mesmo tempo. A ideia desse tempo, tornamos a falar, é de uma ação que ocorre em um momento específico do passado, mas que seus efeitos se estendem ao longo do tempo até o presente. Aquela mulher recebeu a salvação, mas não como um presente pontual, como algo que acontece e depois perde seu efeito, a salvação é algo contínuo, algo que não cessa, um presente irrevogável da parte de Deus.

Já observaram que em alguns momento Jesus não leva todos os seus discípulos? Por ocasião da ressurreição da filha de Jairo, Jesus colocou todos para fora da casa, deixando apenas os pais e três discípulos (Mc 5.40); penso que o motivo seja um: Jesus só quer aqueles que tenha real interesse na restauração a ser ocorrida.

Jesus não quer curiosos, pessoas que estão ali apenas para ver o que vai acontecer, já comentamos sobre a importância de concordamos em oração na Terra; por isso Ele tirava as pessoas. Nesse mesmo verso, nós lemos que as pessoas da casa riram de Jesus, elas não criam no que ele faria, por isso foram retiradas do loca.

Falemos rapidamente de Herodes, e sobre seu relacionamento com João batista. Mesmo tendo o preso, Herodes não parecia ser má pessoa, ele cuidava bem de João e o ouvia de forma interessada, digo isso “Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança, e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa mente o ouvia.” (Mc 6.20).

Herodes era um “cara legal”, estava, como muitos dizem, “quase se convertendo”, poder-se-ia dizer até que “tinha um coração quebrantado”; mas o fato é que não passou disso. Herodes nunca deu o passo seguinte.

Vejo hoje em dia essas mesmas frases sendo utilizadas em relacionamentos de Julgo desigual, vejo homens e mulheres entrando em um relacionamento contrário a vontade de Deus alegando todas essa “qualidade herodianas”, mais a frente veremos também a Félix, um homem que até gostava de conversar com Paulo (At 24.24-27), mas que nunca passou disso; muito cuidado ao ver essas “qualidade” em alguém, gostamos de as ver e criamos esperanças, mas a verdade é que elas nada significam, são como s multidão que estava tão próxima a Jesus, mas que nunca o tocou de verdade.

Por fim, encerro com a multiplicação dos pães e peixes (Mc 6.41-43), há quem diga que o que houve ali foi uma lição de humildade, que Jesus ensinou que devemos dividir o que temos; Jesus de fato não multiplicou os pães, mas sim o amor. É uma visão até bonita da passagem, mas se Jesus não multiplicou os cinco pães e dois peixinhos, como os discípulos recolherem doze cestos “cheios dos pedaços”(vs 43) que sobraram?

Ora, não sejamos pessoas de pouca fé, Jesus ali operou um milagre, ele multiplicou o alimento e deu de comer a uma multidão, a fartura foi tanta que sobraram doze cestos.

Adriel M
Enviado por Adriel M em 15/05/2019
Código do texto: T6647595
Classificação de conteúdo: seguro