Dia 44 – I Samuel 14 – 20. Sobre misericórdia, O círio de Nazaré, a linguagem bíblica, meia história, a “culpa” de Deus, profecias malignas e o Nêmesis.

9 de Fevereiro de 2019

Nesse período de hoje muita coisa acontecer, Davi entra na história como amigo de Saul e sai fugido de sua presença, a fim de não nos alongarmos além do necessário, não se fará hoje todo o panorama histórico dos acontecimentos, nos ateremos a fatos isolados que considerarmos digno de nota. Sigamos pois.

Inicialmente, me chamou a atenção a falta de misericórdia de Saul. Ele obriga o povo a um jejum forçado enquanto caçam os filisteus, mas seus filho Jônatas não o sabe e quebra a sua regra, posteriormente Saul deseja matá-lo (1Sm 13.38-39). Para alguém que iniciou seu reinado errando ao se fingir sacerdote, Saul apresenta bem menos misericórdia com os outros do que Deus apresentou com ele.

Curiosamente, com quem Saul deveria ser firme, ele afrouxa. Desobedecendo a Deus, Saul poupa o rei amalequita e parte dos seus gados. Lemos nessa passagem um versículo que, em particular muito me agrada, ele diz que, em outras palavras, “Obedecer é melhor do que sacrificar” (1Sm 15.22). Deus prefere mais que o obedeçamos do que nos ver fazendo sacrifícios em prol dele. Lembro agora de alguns pessoas católicas que conheci em Belém-PA, essas pessoas, não todas obviamente, viviam uma vida muito distante de Deus, mas na época do Círio de Nazaré, faziam-se presentes na romaria, como que para compensar o ano mal vivido. Não vou entrar no mérito da teologia católica, mas aqueles que agem assim estão equivocados, Deus prefere a obediência a qualquer tipo de serviço.

Deus se arrepende? Lemos em diversos lugares da Bíblia que não, mas como então ele se arrependeu de ter colocado Saul como rei (1Sm 15.11)? A questão aqui divide-se em duas partes, a primeira dela é a linguagem bíblica, ela usa adjetivos humanos para descrever a Deus, é a única forma que temos de tentar compreendê-lo, nessa atitude caímos nesse tipo de expressão. O segundo caso é a própria palavra hebraica para arrependimento (naham) que também pode ser traduzida como lamentar-se. Deus na verdade não se arrependeu de ter posto Saul como rei, ele se entristeceu com suas atitudes. Mas ainda assim fica a questão, como compreender as motivações e sentimentos de um Ser que sabe todas as coisas de antemão?

Aqui encontramos uma “meia verdade” dita por Samuel, na verdade é uma verdade inteira, mas uma meia história. Deus o envia a ungir um novo rei, mas Samuel teme que Saul o mande matar ao saber de sua missão, logo, Deus o manda dizer apenas que iria sacrificar (1Sm 1.3). Deus o incentiva aqui a mentir? De forma alguma, Samuel não estava mentindo, estava contando apenas parte da história, ele iria sacrificar e logo depois ungir um rei. Essa pode ser uma forma de evitarmos mentirar e ainda assim conseguirmos das aquela escapadinha para comprar um presente sem que o aniversariante saiba. Vou ali comprar pão (e um presente, mas essa parte não vou falar).

Então seguimos para um outro versículo famoso: Deus vê o coração e não o exterior (1Sm 16.6-7). É interessante notarmos que Saul era um homem que de fato parecia um rei, ele era alto e muito bonito, mas Davi era pequeno e simples, nem a sua própria família contou com ele na hora de apresentar os candidatos ao profeta Samuel. Dessa vez, Deus não escolheu um rei segundo o coração do povo, mas um segundo os seus critérios. Um rei que, embora tivesse uma aparência frágil era uma homem segundo o coração de Deus.

Ha ainda outro ponto de difícil compreensão nesse texto de hoje, verdade seja dita, esse ponto permanecerá por algum tempo, acredito eu que até o segundo livro de Crônicas nós encontramos esse tipo de colocação; me refiro ao “espírito maligno enviado por Deus” (1Sm 16:14). Deus envia espíritos malignos (demônios) sobre as pessoas? Para compreendermos esse texto precisamos levar em conta que estamos lendo um relato muito antigo; a Revelação que se tinha de Deus naquela época era muito menor do que se tem hoje em dia, por isso, muito do que acontecia era atribuído a Deus. Muitos entendem que Deus não enviou propriamente o espírito maligno, mas sim que permitiu que o mesmo se apoderasse de Saul. De fato, pode-se atribuir a “responsabilidade” a Deus, uma vez que ele autorizou algo que poderia ter impedido, torna-se coparticipante do ato, ao menos aos olhos humanos.

Lembremos do caso de Jó, foi o inimigo quem acusou Jó, mas foi necessário que Deus o autorizasse a fim de que ele pudesse tocar em Jó. Fica então a pergunta: de quem é a responsabilidade? Concluo aqui reafirmando que existem muitas coisas acerca de Deus que não compreendemos.

Quase finalizando, observo as profecias malignas de Saul. Em dado momento, lemos que um espírito maligno se apossou de Saul, e ele começou a profetizar (1Sm 18.10), esse texto nos é muito importante porque nos mostra que profecias também podem ser cunhadas por entidades do mal. Não sei o conteúdo de atais profecias e não tenho coo precisar como fora esse momento, mas fica aqui o alerta.

Encerro hoje com uma passagem famosa, ela se pode ler no capítulo 17, mas a quis colocar no final do relato de hoje para encerrarmos em alta. Me refiro ao famoso embate de Davi e seu Nêmesis, Golias de Gate.

Embora muitos não saibam, Golias não foi um arqui-inimigo de Davi, e nem um Nêmesis como dissemos, mas esse embate marca o início da jornada de Davi com soldado, e diga-se de passagem, foi um excelente início.

Golias era um grande soldado, guerreiro desde a meninice, possuía muita experiência em combate, conforme Saul adverte Davi. Mas seu trunfo maior sem dúvida era o medo que impunha em seus adversários. Medindo aproximadamente 6 côvados e 1 palmo (2,83m) ele era ainda mais alto do que atual recorde de homem mais alto do mundo, pertencente a Robert Wadlow que media “apenas”2,72m, calçava um sapato tamanho 70 e possuía um palmo de 32,2cm, imaginemos como seriam as dimensões de Golias. Demos lembrar Golias era um guerreiro, logo sua estatura deveria ser acompanhada de uma enorme massa muscular. Diferente dos casos que vemos hoje em dia, os gigantes daquela época eram os remanescentes de antigas tribos de gigantes (não podemos confundir isso com as doenças genéticas debilitantes que geram os gigantes da atualidade, ao que tudo indica, os gigantes daquela época eram perfeitamente funcionais em termos de saúde.

Não bastando sua altura, Golias usava um grande escudo, uma couraça de escamas de 57Kg e uma lança cuja ponta pesava 6Kg. Provavelmente, só a sua armadura já deveria pesar quase toda a massa que Davi tinha em seu corpo. O combate era sem dúvida assustador, mas Davi confiava em Deus.

Não pretendo aqui descrever a batalha e nem seus detalhes, só quis pintar um pouco mais detalhado o famoso gigante Golias. Mais a frente leremos sobre a morte de Lami, irmão de Golias e também gigante.

Ps: Você pode ler mais sobre o homem mais alto do mundo em:

https://gigantesdomundo.blogspot.com/2014/03/o-homem-mais-alto-de-todos-os-tempos.html

Adriel M
Enviado por Adriel M em 09/02/2019
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