Dia 24 – Levíticos 24 – 27 ; Números 1 – 3 . A lei de Hamurábi, O ano do Jubileu, O Senso, Os Levitas
Números
19 de Janeiro de 2019
Nos despedimos hoje do livro de Levíticos e damos as boas novas ao livro de Números, mas, ainda temos algumas considerações a se fazer desse pequeno manual de regras civis e religiosas; a começar pela famosa expressão “Olho por olho, dente por dente” (Lv 24.20) presente também na Lei de Hamurábi, um compêndio de leis babilônicas que datam de cerca de 300 anos antes de Moisés.
Hamurábi foi um rei da Babilônia, e seus registros são mais antigos que os registros da lei de Moisés, muitos por esse motivo afirmam que Moisés se baseou em seus códigos a fim de criar assim um sistema de leis para o povo de Israel. No entanto, nós sabemos que as leis foram dadas a Moisés por Deus, na ocasião em que subiu ao monte por 40 dias, como então explicar essas semelhanças?
Semelhanças existem, mas também muitas diferenças, as leis de Moisés enfatizam a relação do homem com Deus, e apontam o pecado como uma consequência para o mal, diferente da lei de Hamurábi. Muitos acreditam que as semelhanças se devam ao fato das leis tratarem de assuntos parecidos, como o assassinado e adultério, por exemplo, crimes que permeavam por todas as sociedades; além disso, alguns pensam que tais leis eram famosas na antiguidade, de forma que o povo Israelita as conhecia, isso poderia ter feito com que Moisés, ao escrever as leis de Deus, procurasse usar termos com que o povo estivasse já familiarizado. De qualquer forma, é um erro pensar que as Leis de Moisés sáo cópias do código de Hamurábi, embora haja semelhanças elas muito diferem entre si.
Um outro ponto de interesse é o ano do Jubileu (Lv 25.8). A cada 7º dia o povo hebreu tinha um sábado, isto é, um dia de descanso, isso formava uma semana; a cada 7 “semana de anos” o povo tinha o ano do Jubileu, ou seja, a cada 49 anos. O ano do Jubileu era um ano de perdão total de dívidas, nesse ano os escravos ainda cativos eram libertos, as terras e as casas compradas voltavam aos donos iniciais, e as dívidas de empréstimo eram perdoadas.
Haviam, evidentemente, condições para que tais perdões fossem aplicados, mas em geral esse era um ano de restituição. Acredito que o motivo que levou o Senhor a proceder dessa forma seja evitar um acúmulo demasiado de riqueza em algumas tribos e famílias em detrimento de outras. Por mais endividado que uma família estivesse, a cada 49 anos era possível recomeçar, isso ajuda a impedir uma concentração de riqueza demasiada na mão de pequenas parcelas da população, além de evitar que as terras de uma tribo passem para outra.
Chegando em Número, temos logo no capítulo 2 uma contagem do povo de Israel. É interessante notar que posteriormente Deus proibirá que se façam senso em Israel, mas leremos que Davi, futuro rei que o Senhor levantará, cometerá esse erro e pagará caro por isso, entretanto no momento o censo é uma ordem divina.
Agregado ao senso, o senhor determina a posição de cada tribo no arraial, o local em que cada um dos povos ficará é organizado pelo Senhor, dessa forma não há como os Israelitas se queixarem por se sentirem em um lugar menos privilegiado, tampouco andarão e maneira desordeira, uma vez que existe diretrizes para a sua organização.
Por fim, lemos sobre como Deus toma a tribo de Levi par lhe servir (Nm 3). Deus havia matado os primogênitos do Egito e por isso todos os primogênitos de Israel passaram a ser dele, como uma espécie de oferta pelo que foi feito. No entanto, Deus manda Moisés contabilizar os primogênitos e a tribo de Levi e toma os Levitas para si no lugar dos primogênitos do povo. Daquele dia em diante, essa tribo passaria a ser a tribo responsável por todo o trabalho das coisas de Deus, tudo o que envolvesse o Tabernáculo e as ofertas seria responsabilidade dessa tribo.
A tribo de Levi foi muito privilegiada com essa escolha, teriam a oportunidade de trabalhar nas coias sagradas, entretanto, todo privilégio vem repleto de responsabilidades, e veremos mais a frente que os Levitas terão muito trabalho e dificuldades.