Dia 09 – Jó 5 – 10 . Busque a Deus (Elifaz), A justiça de Deus (Bildade), o Desejo pela morte e por respostas (Jó)
4 de Janeiro de 2019
Hoje percebi que os amigos de Jó não eram pessoas más, sempre ouvi as pessoas criticando eles, falando que só acusavam Jó e que em nada ajudavam, mas a verdade é que acredito que eles tinham boas intenções; e digo mais, em muitos casos nós nos comportamos como eles, acho que se o livro de Jó não tivesse sido escrito, seríamos muito mais como os seus amigos do que como Jó.
O livro segue um modelo de turnos, com cada um dos seus personagens falando por vez, e no capítulo 6 quem fala é Elifaz. Seu conselho não é de todo errado, ele aconselha Jó a buscar a Deus, e que conselho melhor poderia ser dado? Quantas vezes eu mesmo já aconselhei as pessoas a se aproximarem de Deus? Sabemos entretanto que Deus se zanga com os amigos de Jó, logo, mesmo em suas boas vontades podemos encontrar seu erro. Acredito que o Erro de Elifaz nesse caso seja supor que Jó estivesse longe de Deus. Buscar a Deus é sempre certo, mas o que causava o mal a Jó era justamente o fato de estar próximo a Deus! Devemos ter então cuidado quando aconselhamos alguém a se aproximar de Deus, porque podemos indiretamente estar a acusando de estar distante dele sem que de fato ela esteja e tal acusação pode trazer mais sofrimento do que ajudar.
Em seguida Jó apresenta sua réplica e conta de sus sofrimentos; fala que seus dias passam rápido e suas noites se alongam com uma insônia terrível e com pesadelos. Em determinada parte do texto vemos Jó afirmar que prefere a morte, e não é de se espantar, com tamanho sofrimento em uma mesma pessoa em tão curto espaço de tempo, o desejo pela morte é quase que automático. Curioso é saber que Jó não tinha conhecimento sobre ressurreição e vida eterna (Jo 7.9), mas ainda assim se mantinha fiel a Deus. Para que servir a um Deus que o maltrata em vida se após a vida segue a escuridão para todos? Bem, Jó servia a esse Deus.
É comum vermos alguns falando que o inferno serve como um meio para “assustar” as pessoas até Deus, que aqueles que buscam a Deus o buscam apenas como forma de escapar da condenação eterna, de fato isso pode ser verdade em alguns casos, mas Jó nos mostra que existem aqueles que adoram a Deus pelo que Ele é, independente das situação o adoram porque sabem que Ele é digno.
Bildade então entra na conversa e torna-se o advogado de Deus, ele afirma que Jó não é justo, uma vez que Deus não poderia ser justo se deixasse um homem justo sofrer aqueles males. Justo, Justo, Justo, essa é a palavra do livro de Jó. O pensamento de Bildade é lógico e até racional, mas quem somos nós para dizer algo sobre a Justiça de Deus? Muitas vezes já me peguei pensando como Bildade: Deus seria Justo em condenar alguém para uma eternidade de sofrimento no inferno? Ou Que justiça há em perdoar alguém que vive uma vida de pecados mas se arrepende no instante final? E por ai seguem os questionamentos. Lembro sempre do que Deus nos fala em Isaías sobre os seus caminhos serem mais altos que os nossos, assim como os céus são mais altos que a terra. Não temos como compreender nem imaginar a Justiça nem o amor de Deus.
Jó por fim afirma que mesmo se considerando justo, não teria coragem de debater com Deus, mas ao menos gostaria de saber o porquê do seu sofrimento. Acredito que saber o porquê das coisas seja um desejo de todos nós. Sempre queremos que Deus se justifique ante a nós. Não estou acusando Jó, também gostaria de saber vários dos motivos de Deus. Às vezes, sou respondido, às vezes, não, mas independente disso preciso seguir caminhando.
Jó é realmente uma história inspiradora, penso que quanto mais de vive, mais se compreende o livro de Jó. Agradeço a Deus pela oportunidade de ter esse registro que trás tanto consolo em nossos dias, Se Jó soubesse que tudo o que ele passava se imortalizaria nas páginas sagradas e traria conforto e consolo até o fim dos tempos, sem dúvida se alegraria. Grande é, nos céus, o galardão do nosso irmão Jó.