TÃO TARDE
Desde a aurora de minha vida ouço o teu chamado.
É como um ardor em meu peito sempre falando de Ti.
Impressiono-me com as obras de tuas mãos,
Emociono-me com teu amor por tuas criaturas
E sinto a tua presença mesmo sem te perceber.
Sei que me chamas, que esperas algo de mim.
Contudo é como ver através de um véu de fumaça,
Nada é nítido, nada se revela,
Parece uma miragem, que sempre se desfaz.
Caminhei por caminhos estranhos,
Procurando fugir dessa sensação que me aflige,
Mas sempre Te vi ao longe, acenando para mim.
Gastei minha vida, esgotei minha juventude.
Mas nunca consegui me livrar de Ti.
Eis-me aqui, agora, no crepúsculo da vida,
Com a certeza que não Te servi,
Que nunca atendi ao Teu chamado,
Com medo de Te oferecer o pouco que me resta.
Talvez já não precises de mim,
Seja apenas eu que precise de Ti.
No entanto, se ainda Te sirvo para algo,
Capacita-me, recicla-me, endireita meus caminhos,
Pois mesmo coberto com meus vícios e derrotas,
Ainda sou atribulado pelos apelos do mundo.
Tão tarde estou Te encontrando...
Será que ainda queres me encontrar?
Eu me rendo a Ti, Senhor!
Faze de mim segundo a Tua vontade.