NÃO É O OUTRO. SOU EU.
Há muito descobri que o mundo está de perna para o ar.
Está tudo invertido.
O que aprendi como certo, agora está errado;
A verdade passou a ser mentira;
O que era imutável, agora é maleável;
Moral passou a ser conceito antiquado;
Amor, alienação mental;
Família, instituição falida.;
Deus, invenção humana.
Comecei a ver que as pessoas mudaram para pior;
Que já não cultivavam mais as virtudes;
Que a ambição e a inveja predominavam em larga escala;
Que todos só queriam ter e poder a qualquer custo;
Que o homem era o maior inimigo do homem.
De repente compreendi que estava me colocando como juiz,
Como homem perfeito num caos de imperfeição,
Como o dono da verdade, farol e guia para os cegos.
Um arrepio de vergonha passou pelo meu corpo.
Afinal, eu me conhecia bem;
Minhas mazelas, pecados e imperfeições.
Percebi que estava olhando o outro com uma trave nos olhos.
Ao colocar os óculos do bom senso e da humildade,
Constatei, profundamente perturbado;
“-Não é o outro, sou eu!
Entendi que a mudança do mundo, para melhor, começa por mim;
Que todos têm virtudes, precisamos buscá-las;
Que somos intrinsecamente bons,
Feitos a imagem e semelhança de Deus;
Que se Deus morreu pelo homem é porque acreditou nele.
Quem sou eu, portanto para culpar alguém?
Sou eu quem precisa mudar;
Eu preciso curar minha miopia.
Finalmente preciso acreditar na obra prima do Criador:
“O ser humano.”