ENTRAR NA VIDA PASSANDO PELA MORTE

LEVANDO SEMPRE NO CORPO O MORRER DE JESUS, PARA QUE TAMBÉM A SUA VIA SE MANIFESTE EM NOSSO CORPO"

(2 Co. 4: 10)

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Os contrastes apresentados até agora foram de sentido humano, os seguintes, porém, relacionam-se com a fé cristã. Paulo sente-se entregue permanentemente à morte e, consequentemente, não pode deixar de relembrar-se dos perigos, das privações e dos sofrimentos físicos, que sem cessar o atormentam e ameaçam abatê-lo. Ele compreende que assim deve ser, sempre que pensa na história de JESUS. CRISTO entrou na vida passando pela morte. Ora, como o apóstolo anuncia a paixão de JESUS, deve também demonstra-la e executa-la na própria vida. Entretanto, na agonia final, segundo a biografia de CRISTO, ocorre a transformação. JESUS, pela morte, entrou na nova vida que conquistou na ressurreição e na ascensão ao Pai. Também o apóstolo, após sua paixão, vem a conhecer essa vida. Conhece-a, já agora, como a força que sobrepuja todo o sofrimento e preserva a vida corporal da destruição. E conhece-a particularmente como a força espiritual e religiosa que se afirma ante todo e qualquer padecer. Esta atual força da vida atingirá a perfeição na futura vida eterna (2 Co. 4: 14). Viver e morrer - quem no-lo diz reiteradamente é Paulo - é lei da existência cristã. "...SE COM ELE SOFREMOS, TAMBÉM COM ELE SEREMOS GLORIFICADOS"(Rm. 8: 17).

Na grande missão de CRISTO, tanto a morte como a vida estavam incluídas, e a morte tinha de preceder à vida. A semente plantada na terra se fez planta e viveu para sempre, em forma transformada e exaltada.

"INSENSATO! O QUE SEMEIAS NÃO NASCE, SE PRIMEIRO NÃO MORRER"(1 Co. 15: 36).

A vida perdida floresce em uma vida nova e superior.

"QUEM QUISER, POIS, SALVAR A SUA VIDA PERDÊ-LA-Á; E QUEM PERDE A VIDA POR CAUSA DE MIM E DO EVANGELHO

SALVÁ-LA-Á"

(Marcos, 8: 35).

Se assim sucedeu com o nosso Mestre, como poderia suceder menos com os seus discípulos?

"SE O MUNDO VOS ODEIA, SABEI QUE, PRIMEIRO DO QUE A VÓS OUTROS, ME ODIOU A MIM". (João, 15:18).

Paulo contempla certa forma de união nos sofrimentos, a morte e ressurreição de CRISTO. Essa união ocorre no presente, e não meramente em período futuro. A glória só é propiciada para aqueles que sofrem juntamente com CRISTO.

"ORA, SE SOMOS FILHOS, SOMOS TAMBÉM HERDEIROS, HERDEIROS DE DEUS E CO-HERDEIROS COM CRISTO; SE COM ELE SOFREMOS, TAMBÉM COM ELE SEREMOS GLORIFICADOS"

(Rm. 8: 17).

De fato, as promessas se destinam àqueles que perseveram, tal como ele também perseverou. Literalmente temos "o pôr à morte", e isso visto como motivado pela série de perigos que o apóstolo menciona nos versículos oitavo e nono. A morte de JESUS foi lenta e brutal, que incluiu uma séria de sofrimentos agonizantes. É provável que o conhecimento sobre isso levou Paulo a ver com ele, à sua maneira, compartilhou dos sofrimentos do Senhor, e pela mesma causa que é a redenção humana. O próprio morrer de perigos, escapes e livramentos. Examinai Col. 1: 24, onde Paulo se via a si mesmo a compartilhar dos sofrimentos de CRISTO. Examinai igualmente a passagem de 1 Co. 15: 31, onde Paulo afirma que

"DIA APÓS DIA, MORRO!"

Francis Thompson diz: "O nascimento traz em si mesmo o gérmen da morte. Mas a própria morte tem em si o gérmen do nascimento".

Paulo percebeu que seus sofrimentos e dificuldades eram uma espécie de morte. Porém, a morte consiste em mais que a decadência física. Seu sentido depende do propósito para que serve. O ponto de vista de CRISTO sobre a morte era duplo. Através da morte o seu Espírito seria liberado para uma vida plena e frutífera. Sua morte também foi o ato central do movimento remidor de DEUS na história. A expiação tem muitos aspectos; mas isso inclui a todos esses aspectos. Por causa de sua união com CRISTO, Paulo via que o mesmo processo estava em operação em seu próprio "morrer". Consistia de seu contínuo depositar da vida do corpo, mediante o que a vida que ele tinha em CRISTO pudesse manifestar-se a ser liberada. Mediante isso, por igual modo, é que ele compartilhava do próprio movimento de redenção. Essa atitude moldou sua reação para com as dificuldades que passou, ditando o espírito com que suportava a tudo. Isso também o capacitava a aceitar essas provações de forma racional e calma. Para ele nada era um acaso e nem um infortúnio. Antes, era a operação da lei do sacrifício, mediante o que o espírito é liberado em fruição e poder. Paulo pode enfrentar a longa e difícil caminhada a debilidade física crescente. Percebeu ele que até mesmo como fato histórico à vida de JESUS ainda não tinha terminado. JESUS vive naqueles e através daqueles que sofrem juntamente com ele, e que dão as suas vidas para o seu serviço. Esse era o consolo do apóstolo Paulo.

A vida ressurreta de CRISTO está aqui em foco, a qual foi glorificada quando da ascensão. JESUS continua vivendo, e isso pode manifestar-se naqueles que sofrem por sua causa. A experiência do Senhor JESUS. Existe um triunfo nos ferimentos e acima deles, conforme lemos em Gal. 2: 20, e essa vida de CRISTO é que é o triunfo.

"LOGO, JÁ NÃO SOU EU QUEM VIVE, MAS CRISTO VIVE EM MIM"

Sim, vivemos através da sua vida. Está em foco uma vida eterna, celestial, imortal e vital, o tipo de vida que o próprio DEUS possui e que compartilha com os homens, por meio de CRISTO.(Jo.6:57).

Assim, como a debilidade de CRISTO e o seu morrer na cruz abriram as portas para uma nova e gloriosa vida, assim também a morte em vida dos seus servos, o levar a cruz na carne mortal, é que faz manifestar o vigor da vida imortal, a energia imorredoura da fé e do amor. O viver e o morrer de CRISTO podem ser encontrados na experiência de um mesmo servo do Senhor, e ao mesmo tempo. Finalmente, porém, a vida devorará a tristeza e a morte.

"E VOS REVISTAIS DO NOVO HOMEM, CRIADO SEGUNDO DEUS, EM JUSTIÇA E RETIDÃO PROCEDENTE DA VERDADE".(Ef.4:24).

FONTES

Bíblia Sagrada

Livro - NT interpretado.

Wilson de O. Carvalho

"O nascimento traz em si mesmo o gérmen da morte. Mas a própria morte tem em si o gérmen do nascimento."

(Francis Thompson)

Wil
Enviado por Wil em 31/08/2007
Código do texto: T631664