O amor irando-se pelo motivo certo na medida certa.
Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores. Vieram a ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou. (Mat 21:12-14). Aqui nestes versículos vemos Jesus nos ensinar algo sobre ira onde o alvo é a justiça e não a saciação de nossos eitos, preceitos ou preconceitos. É certos que nem todos os vendedores daquele lugar eram pessoas exploradoras haviam os honestos e justos, o ira de Jesus foi voltado a aqueles que exploravam a fé dos que ali vinham.
1 – Primeiro, mostra-nos que uma das manifestações mais furiosas de sua ira se dirigiu contra aqueles que exploravam a seu próximo, e em especial contra quem o fazia em nome da religião. Em Jeremias vemos o profeta dizer: Será esta casa que se chama pelo meu nome um covil de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR. (Jer 7:11). O fato é que Jesus não podia ver a exploração das pessoas humildes para tirar algum benefício. Mas a história nos mostra que mais de uma vez, a Igreja e os cristãos permaneceram em silêncio em situações semelhantes. A Igreja tem a obrigação de proteger àqueles que não podem fazê-lo por si mesmos em uma situação seja em uma situação onde a competitividade é desleal ou em outros casos onde a desigualdade se faça vista.
2 – Também podemos ver, que sua ira se dirige de maneira particular contra aqueles que impedem as pessoas simples de entrar, orar e de encontra a Deus, na casa de Deus. Em Isaías vemos o profeta afirma: também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos. (Isa 56:7). É bom que entendamos que de fato, o Pátio dos gentios era a única zona do templo onde podiam entrar os gentios. E alguns destes tinham consigo o desejo profundo em suas almas de adorar e orar para chegar a encontrar a Deus. Mas a oração era impossível naquela barafunda de compra, venda e leilão público. Lembremo-nos que Deus jamais considerará inocentes os que não permitem que aquele que tem sede de amor adorem a Deus. O triste é que isto ainda acontece hoje. Um espírito de amargura, de discussão, de luta pode invadir uma igreja e fazer com que a oração seja impossível. Pessoas e dignitários podem chegar a preocupar-se tanto por seus eitos e preceitos, seu prestígio, suas práticas e procedimentos, que no final ninguém pode adorar a Deus na atmosfera que se cria.
3 – E por último, esta passagem termina com a imagem de Jesus curando os cegos e coxos no Pátio do templo. Vimos então que Jesus não expulsou a todos. Só aqueles que tinham uma consciência que não coadunava com os ensinos de Deus Pai, fugiram diante da ira de Jesus. Os que precisavam dEle ficaram. Jesus nunca despede de mãos vazias os necessitados. E notemos um detalhe: a ira de Jesus nunca era exclusivamente negativa, sempre primava a ajudar de forma positiva àqueles que necessitavam de seu amor e compaixão. No coração de um Cristão a ira e o amor vão de mãos dadas. Exerce-se a ira contra aqueles que exploram os humildes e obstaculizam a quem procura a Deus; mas manifesta-se amor para com os necessitados e humildes de coração. Aqui neste final cabe lembrar do desafio de Aristóteles: “Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa — não é fácil.” (Aristóteles). Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars)