O templo interior
'Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração as inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.'
(Jeremias 31:33)
As cerimônias e os templos religiosos são importantes e necessários para dar às pessoas um meio de exprimir a sua fé e para uní-las em torno de um mesmo ideal, facilitando a troca de experiências e a prática da caridade. Mas além dos rituais exteriores, devemos adorar a Deus em nosso íntimo. O nosso compromisso espiritual não acaba depois que fazemos as nossas preces e deixamos a associação religiosa que frequentamos. Ele se estende por todos os momentos do dia, em todos os lugares. Jesus disse que no futuro Deus seria adorado em espírito e em verdade. Adorar a Deus em espírito significa santificar a nossa existência, educando os nossos pensamentos e sentimentos, educando a nossa vontade para desejar somente o que é bom e útil, transformando os nossos corações e mentes num templo espiritual, permanentemente iluminado com a luz do amor, estabelecendo uma sintonia constante entre nós e Deus. E adorar em verdade significa que devemos nos esforçar para conhecer, praticar e divulgar a lei divina, resumida no princípio do amor a todas as coisas. Quem adora verdadeiramente a Deus ilumina o seu espírito e se converte em foco de luz em meio às dores e incertezas da Terra, semeando o bem e a verdade em toda a parte.
Quando veio à Terra Jesus nos trouxe uma mensagem com a finalidade de ensinar a administrar as nossas vidas, a educar as nossas forças e aproveitar os recursos do mundo em benefício de todos. Jesus nos ensina as regras básicas para termos uma vida harmoniosa e produtiva:
1. princípio da convivência - Quando disse 'Amai-vos uns aos outros', Ele nos ensinou que o amor deve ser o elemento fundamental em todas as relações humanas, a argamassa essencial na construção do edifício social. Devemos começar pelas relações intrapessoais (relações do indivíduo consigo mesmo), aprendendo a conviver com os nossos pensamentos e sentimentos, nossas lembranças, nossos objetivos, nossos problemas e conquistas, aprendendo a extrair algo de útil de cada situação. É importante que saibamos amar a nós mesmos, respeitando-nos e valorizando-nos, adquirindo consciência de nossas capacidades e limitações, de nossas qualidades e defeitos. Depois devemos aperfeiçoar as nossas relações interpessoais (relações com os outros), desenvolvendo uma convivência baseada na bondade, no diálogo, no equilíbrio e no aprendizado constante, auxiliando o próximo em todos os momentos.
2. princípio da reciprocidade - Jesus disse 'Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles'. Devemos tratar os outros da forma que queremos ser tratados, compreendendo as limitações e dificuldades dos outros, demonstrando a nossa educação sem exigir a educação do próximo. Se queremos ser tratados com justiça devemos ser justos com todos. Se queremos ser ajudados, devemos oferecer o nosso auxílio sempre que for necessário. Se queremos ser tratados com respeito devemos respeitar a todos.
3. princípio do aperfeiçoamento - Jesus disse 'Sede perfeitos'. Devemos sempre analisar as nossas atitudes, observar a trajetória que estamos percorrendo em nossas vidas, procurando aperfeiçoar tudo aquilo que fazemos, pondo em prática o que aprendemos, procurando o conhecimento para sermos pessoas cada vez melhores, seguindo o exemplo dos indivíduos que semearam o bem em todas as épocas e lugares.
4. princípio da moderação - Jesus disse 'O trabalhador é digno do seu salário'. Devemos compreender que a linguagem do Evangelho é muito mais profunda e abrangente do que aparenta. Quando diz trabalhador Jesus não se refere apenas aos trabalhadores profissionais, que exercem uma atividade remunerada. Qualquer ação positiva e útil é uma forma de trabalho, como estudar, cuidar de nossa casa, ajudar alguém necessitado, ensinar algo benéfico a alguém menos esclarecido que nós. E quando diz salário Jesus não se refere apenas ao pagamento material. Quando realizamos um ato de bondade, o salário que merecemos é o sentimento de alegria e bem-estar pelo bem praticado. Quando auxiliamos alguém, quando fazemos o máximo possível e não alcançamos o resultado esperado, quando tentamos fazer algo importante e nos deparamos com dificuldades, com grandes desafios e falta de interesse e de cooperação dos outros, o salário que merecemos é a consciência tranquila, a certeza de que fizemos o melhor possível, e se as coisas não deram certo a culpa não é nossa. Devemos exigir de nós mesmos o melhor desempenho possível, questionando sempre o nosso comportamento, identificando as nossas falhas e procurando aperfeiçoar as nossas ações, mas nunca deveremos exigir de nós nem dos outros aquilo que é impossível ou inalcançável. Cada pessoa tem as suas possibilidades, as suas imperfeições e o seu nível específico de desenvolvimento moral e intelectual. O que é fácil para alguns ainda é inatingível para outros. O que é um progresso simples e pequeno para alguns pode ser uma grande conquista para outros ainda no início de sua caminhada espiritual.
Continuemos, portanto, com as nossas atividades religiosas, respeitando sempre e valorizando o trabalho daqueles que pensam diferente de nós, aprendendo sempre com todas as boas experiências semeadas no mundo, e nos concentremos principalmente em edificar o nosso templo interior, aprimorando as nossas consciências para sermos realmente a luz do mundo, levando conosco permanentemente o templo iluminado do amor e da sabedoria para nos tornarmos agentes divinos na construção do mundo do porvir.