Chamados para servir em misericórdia, e não para ser juiz.

Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo? (Tgo 4:11,12). Aqui nestes versículos Tiago exorta o povo da época e esta exortação chega até nós de forma vívida e atual. A palavra que Tiago usa para expressar a ideia de murmurar a respeito de outrem vem do grego: katalaleó, καταλαλέω; este verbo geralmente significa falar mal de alguém que está ausente, criticá-lo, insultá-lo, caluniá-lo sem que esteja presente para defender-se. Quando estudamos a Bíblia vemos que este erro de caluniar, de insultar, de falar mal de outras pessoas é condenado em toda a Bíblia. O salmista acusa ao homem mau: Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe (Salmo 50:20). O apóstolo Paulo o menciona entre os pecados característicos do irredento e ímpio mundo pagão (Rom. 1:30); e é um dos pecados que teme encontrar na belicosa Igreja de Corinto (2 Co. 12:20). Mas apesar de tantos avisos isto ainda hoje acontece entre nós.

Quando agimos assim sem perceber estamos incorrendo no mesmo erro de Caim porque começamos a matar o nosso semelhante dentro de nossos corações. E o coração de um Cristão deve ser sempre a morada da misericórdia e não da discórdia, o coração de um Cristão deve ser a morada do perdão e da paz, e não da vingança ou da belicosidade.

Só Deus pode salvar e destruir. Esta grande prerrogativa de Deus se manifesta através de toda a Escritura: “Eu mato e eu faço viver” (Deut 32:39). “O SENHOR é o que tira a vida e a dá”, vemos Ana confessar em sua oração (1 Sam 2:6). “Acaso, sou Deus com poder de tirar a vida ou dá-la?”, pergunta surpreso um rei israelita a quem Naamã foi em busca de cura para sua lepra (2 Reis 5:7). Jesus nos ensinou a não julgar (Mat. 7:1-5), Ele nos ensinou a amarmos os nossos inimigos (Mat. 5:43-48). Sendo assim entendemos que é nosso dever estender a mão com a taça da misericórdia e do amor, e não apontar o dedo acusador.

E mais, entendemos que julgar a outro é apropriar-nos de um direito que unicamente pertence a Deus; e se deliberadamente infringimos as prerrogativas de Deus nos tornamos insensatos, atrevidos e em nossos corações habitam atitudes anticristãs impedindo a nascimento do fruto do Espirito(Gal.5:22,23). É provável que digamos que falar mal de nosso próximo não é um erro muito sério. Mas como vemos nas Escrituras é um dos piores pecados, porque ao cometê-lo quebrantamos a lei real e nos apropriamos de direitos que unicamente pertencem a Deus, pois não fomos chamados para ser juízes, mas sim servos e ajudadores. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 31/10/2017
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