TEMPO DE FUNDAMENTAR
O momento em que a vida parece uma desventura e as chamas que dantes foram acesas e depois de contestadas se refletem em neblinas... quando o esforço é tido como vão e o propósito já se torna inconsistente. Quando as verdades em que se acredita e todos os fundamentos em que estruturou toda uma vida já não são suficientes para se firmar no caminho... como se torna frágil a alma quando a busca a qual ela se orientava se torna obsoleta....
Um viver mais profundo e consistente só é possível quando a vida se afirma em sólidas verdades. A alegria de conquistas apenas tem o condão de mascarar a verdadeira busca do ser. É passageira, limitada. Muitas vezes se revela em uma inócua forma de viver. Quantas vezes com a vastidão de nossos questionamentos não nos deparamos com conflitos que de tão profundos desestabilizam e de tão intensos desestruturam toda uma vida.
Qualquer pessoa que vê a vaidade dos preceitos humanos e a limitação das normas de conduta sociais observa que sem um real fundamento de vida, uma fé que o mova, acaba por deixar que os conflitos, anseios e indagações se tornem como neblina e obscureçam a existência. E este é o ponto em que uma busca real da verdade é necessária e se faz imperiosa. Quando os discursos humanos são inoperantes, quando a força da alma se esvai, quando o corpo está frágil, quando a vida se perde em sentido.
Este é o grito da alma pelo Criador. Este é o clamor ardente para que a vida se reconecte com Deus. E, na busca do meio para que a vida se estabeleça há que se encontrar com a Verdade. Esta deve ter um significado vivo e puro, sagrado, incorruptível. É a força que traz paz: o Cristo ressurreto!
O mundo sem a verdade é um caos. A vida sem real fundamento é uma desordem. Apenas a Palavra viva é capaz de religar o homem ao Criador. Sem a paz que existe na Palavra divina o homem vive na busca da verdade no semelhante e não encontra, na filosofia e na religião e isso ainda não fundamenta. O vazio persiste...
Uma busca rasa por Deus também é leviana. Não promove fé, não inspira a vida, é apenas religião. Aqui não há amor, a felicidade é efêmera, o vazio persistente.
A vida não tem a graça de ser vivida quando, em contato com a verdade preciosa da palavra se desvia para encontrar outras ‘verdades’, outros alicerces, novas experiências. Quando aquilo que era para ser fundamento na vida da pessoa não é vivido como tal há então uma profusão de males. As experiências já não preenchem, os cuidados da vida se tornam inexpressivos, não há canção na alma.
Mas a todo aquele que busca neste momento, e de todo o coração e com todas as suas forças a presença do Todo Poderoso se manifesta (Jr 29:13). Ele vem e estabelece vida, observa o que há de mais profundo no coração do ser humano, o faz consciente do engano e estabelece seu reino. Nele há real divisão da alma e do espírito. Verdade que fundamenta com raízes profundas. Que faz do ser como árvore frondosa, que sabe ter sustento na verdade, que não se engana com a vaidade. E que manifesta fruto quando é o tempo.
Apenas assim a morte não terá domínio; as perdas da vida, as dificuldades do caminho, os dissabores da existência não serão motivo para o desespero, a espera e a confiança passam a ter motivação firme, e não apenas aquela apregoada, do homem pelo homem.
Que nosso viver seja embasado no firme e incorruptível fundamento!