QUEM É BOM?

Uma pergunta no Facebook me levou a escrever a reflexão a seguir: Quem é o melhor, o filho pródigo, ou o mais velho (Lc.15)?

Creio ser extremante importante afirmar que nenhum dos dois, pois, foi exatamente isso que Jesus quis ensinar. Geralmente, temos o costume de tomar partidos e escolher um lado, mas, esta dicotomia ou este dualismo, não existe na humanidade, o que Jesus ensinou nesta parábola Paulo deixou bem claro em suas cartas, principalmente na carta aos Romanos. Deus encerrou todos na desobediência para ser misericordioso com todos (11:13-32). Explicando melhor, a parábola em questão foi ensinada para mostrar, principalmente ao judeu religioso, rigoroso, que o Pai ama e espera que todos os seus filhos voltem-se para Ele, tanto os que o abandonaram e saíram para o mundo exterior, como aqueles que ficaram em casa, mas, têm o coração ainda duro, e, tristemente, se acham mais justos que os demais.

O filho mais jovem, “matou” seu pai, sim, parece radical, mas é a verdade, este foi seu pior pecado. Jesus ensinou que a motivação já tipifica o crime, ou o pecado (Mt.5:21-28). Quando o jovem disse: “Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe” (Lc.15:12), na verdade, ele dizia: “Morre logo para que tenha a minha herança!”. Parece muito forte, mas, é exatamente este o ensino da parábola, não é segredo para ninguém, hoje, e muito mais naquela época, que a herança só era conquistada com a morte do pai dos herdeiros. Foi um insulto gravíssimo, o pior de todos, talvez. Mas, o Pai continuou todos os dias, como deixa bem claro o versículo 20, amando e esperançoso da volta do filho desobediente, por que o pai o avistou? Certamente, porque TODOS os dias olhava para o horizonte, na esperança que ele voltasse um dia, e isto aconteceu, para sua maior alegria.

E o filho mais velho? Este me faz lembrar uma música do Fruto Sagrado, “A volta dos que não foram”, o mais novo estava perdido longe de casa, o mais velho estava perdido dentro da própria casa. Este se indignou porque o pai recebeu o filho mais novo. Mas, qual o seu maior pecado? O versículo 29 esclarece. Ele afirmou que servia ao pai por muitos anos, e que nunca transgrediu uma ordem sua. Vamos pensar sobre isso, seria verdade tal afirmação? Será que ele NUNCA transgrediu uma ordem do pai? Tenho certeza que já havia transgredido, voltando a Romanos (3:10): “Não há justo, nenhum sequer”, mas, ele acreditava ser totalmente justo, fato de indignar-se com a festa feita pelo pai ao irmão (inveja, ciúme) já deixa claro como ele era transgressor e não um perfeito justo. E o pior, ele acreditava ser merecedor de uma festa, festa aliás da qual nem seu pai faria parte, mas apenas ele e seus amigos, não havia espaço para o pai, nem para o irmão rebelde. Em outras palavras, ele havia conquistado sua recompensa, seu quinhão, seu galardão. Mas, o pai lhe deixa claro: “Meu filho, tu sempre estás comigo, tudo que é meu é teu” (31). O que o pai quis dizer? “Não é o fato de você ser totalmente obediente, mas, sim, o fato de você estar comigo, do meu lado, sempre, é junto a mim que você tem tudo, você não precisa fazer por merecer, siga ao meu lado, como seu irmão mais jovem agora está fazendo, e vocês terão tudo que é meu. Nunca me abandonem!”

Resumindo, qual o melhor filho? Nenhum, não há melhor filho, só há o melhor PAI. Vocês se lembram do jovem rico que foi questionar a Jesus acerca da vida eterna? (Mc.10:17-22) Ele diz a Jesus: “Bom Mestre...” A primeira coisa que Jesus lhe disse foi: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.” Jesus não estava negando que seria bom, mas, queria deixar claro ao jovem que o pensamento que estava em seu coração estava errado, não são atos de bondade ou ser bom o tempo todo que nos permite ter vida eterna, e quando Jesus lhes falou dos mandamentos, tal qual o filho mais velho o jovem afirmou: “...tenho observado desde a minha juventude.” É óbvio que Jesus sabia que isso não era verdade, nós sabemos que não era verdade, o próprio jovem sabia que não verdade, mas, ao invés de recriminá-lo Jesus apenas fez-lhe um convite que provaria ou não se ele cumpria de fato, pelo menos o primeiro mandamento. Quando Jesus disse que deveria deixar tudo e segui-lo, percebeu a fraqueza de sua falácia, ele não cumpria a Lei, já que não amava a Deus acima de suas posses. Resumindo, só há um que é BOM, e Este decidiu ser misericordioso para com todos, os desobedientes, você e eu.

Edson Ázara
Enviado por Edson Ázara em 24/05/2017
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