Cataratas Espirituais
Jorge Linhaça
“A Catarata consiste na opacidade parcial ou total do cristalino (lente natural do olho). Geralmente atua de maneira progressiva. Inicia-se com a diminuição da acuidade visual mesmo com correção óptica. É uma doença ocular que pode ser congênita (mais rara) ou adquirida, que é a forma mais frequente. As cataratas adquiridas, em geral, ocorrem em pessoas acima dos 60 anos e também são conhecidas como cataratas senis (envelhecimento do cristalino). Traumas oculares, uso de corticoesteróides, inflamações intra-oculares, exposição excessiva à radiação ultravioleta e diversas doenças associadas, como o diabetes, por exemplo, são causas conhecidas.”
Claro que isso se refere à catarata física, aquela que impede a nossa visão das coisas do cotidiano, que atrapalha nossa leitura, nossas atividades das quais depende a acuidade visual.
Mas não existe apenas a catarata física, espiritualmente estamos sujeitos a esse tipo de perda de visão e, assim como no caso da física, podemos ter nascido com essa deficiência ou a adquirimos ao longo de nossa jornada terrestre.
Bem ilustrativa é a história bíblica de Saulo, mais tarde conhecido como Paulo de Tarso que, após a visão no caminho de Damasco, ficou cego e foi curado por Ananias quando, tendo este último lhe imposto as mãos sobre sua cabeça, desprenderam-se dos olhos de Paulo como que duas escamas de peixe, restituindo-se assim a sua visão. (Atos 9:17-18)
Impossível não comparar as escamas de peixe com a opacidade do cristalino de quem sofre de catarata.
Podemos considerar que Deus retirou de Saulo a sua visão física para mostrar-lhe o quanto caminhava cego espiritualmente, fato é que a conversão de Saulo para Paulo foi efetiva.
No mundo atual vemos muitos “Saulos” que perseguem aqueles que creem, cegos que se encontram pelas lisonjas do mundo ou por falsas doutrinas.
Mesmo entre aqueles que creem, volta e meia nos deparamos com aqueles que se deixam atacar pela catarata espiritual, deixando-se cegar pelo orgulho, pela cobiça ou pelas honrarias mundanas.
A maledicência e o julgamento que fazem de seus irmãos os afastam
da Luz Divina, tornando-os cegos e também surdos aos sussurros do Espírito Santo.
Assim como existem cirurgias que reparam as cataratas físicas, assim também as cataratas espirituais podem ser dissolvidas através do arrependimento e do desejo de abrir realmente o coração para a mensagem divina.
Para os que não creem é necessária uma conversão espiritual, para aqueles que se deixaram cegar é preciso uma reconversão.
Existe uma diferença essencial e muitas vezes despercebida entre aqueles que creem, alguns são convertidos outros se contentam em ser convencidos da verdade.
Por isso existem tantos comportamentos distintos entre os membros de uma mesma denominação. Tudo depende do nível de conversão real de cada um.
Que todos nós cuidemos de nossos olhos espirituais e se caso os sentirmos meio turvos ao longo de nossa jornada, nada como usar aquele velho colírio chamado oração sincera.
Salvador, 20 de maio de 2012.