Recolher bens

 

            Gostaria de iniciar esta reflexão como uma pergunta: quem de nós sabe o dia exato de nossa morte? Acredito que ninguém, ainda que se estivermos com uma doença grave, ou numa idade bem avançada e já sabendo que o fim esteja próximo, ainda nestas condições não se a exatidão do dia da morte.

 

            Partindo destas primícias vem uma outra pergunta: quais devem ser as prioridades a se escolher na vida já que não sabe nem o dia nem a hora da morte?

 

            Jesus conta numa parábola (Lc 12,13-21)...Havia um homem rico cujos campos produziam muito. 17E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. 18Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. 19E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa,... 20º Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma.

 

            Esta passagem evangélica é rica em reflexões, e leva-nos a pensar sobre de fato o que é viver o presente e também quais devem ser as prioridades a se escolher durante a vida. Muitas vezes se vive sempre numa busca de priorizar os bens materiais, no entanto, vive-se não aproveitando deles para praticar a partilha, a justiça, o amor, a fraternidade, etc., por ficar com os olhos atentos para o amanhã. Esta busca de segurança futura acaba sendo um fator que destrói o presente. Fica-se a imaginar eterno – humanamente falando. E assim, vive-se sempre com a mente voltada para o futuro.

 

            O mal de viver assim é que, quando se preocupa demais com o dia de amanhã o comportamento e as atitudes acabam sendo direcionados também para o amanhã. Isto é, na busca em adquirir bens acaba se passando por cima das pessoas, torna-se egoísta e prioriza-se sempre o material. Enfim, mata as essências espirituais com conseguinte passa por cima dos irmãos.

 

            A Palavra diz que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. O maior de todos os bens que um homem possui é sua vida, e esta é um presente e deve ser vivida no presente. Certamente, ela é quem deve ser fruto de carinho, de cuidado e de amor. Viver insanamente a recolher bens materiais é de fato não se dar conta do valor da sua própria vida como também não valorizar a vida do irmão. Porque quem esconde este tesouro para guardar para o amanhã certamente quando este amanhã chegar verá que viveu longos anos e nada produziu de bom, a não ser alguns tesouros matérias que para nada lhe servirá após sua morte.  
Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 04/08/2007
Reeditado em 04/08/2007
Código do texto: T592233