MÃOS

Se a razão, Sementeiro, assim como o sentimento, por toda a força posta em pensamento, define quais serão os teus atos por toda existência no plano das paixões terrenas, há de ver, dia desses, que da colheita não restará uma só rama para falso arrependimento. Mas disso não quero agora mais te falar, pois bem sabemos que pouco escutarás e a boa hora, devida, não muito tardará a te encontrar. Falo, então, ao teu coração, pouco indulgente, como também os são daqueles que contigo, pelo tempo que lhe resta nesta existência, ainda comungarão.

O pensamento, expressão da razão e dos sentimentos, deságua sempre em movimentos. Sementeiro, está é a primeira lição.

Neste palco encantado onde sopram as amenidades, brisas terrenas e também as grandes tempestades, o que assim é feito por vontade do Criador, quando põe em cena valiosos instrumentos a mercê do pensamento. Aqui, em especial, falo a tí das MÃOS, e para os quem as têm, ou não, porque sempre sagradas serão. Como as de Maria, buscando em "vão", conter o imaculando pranto, ao pé da cruz em que sacrificado o filho, o nosso Irmão. MÃOS que redimem, que "falam" em atos ao dorido coração. MÃOS que "iluminam" ao caminheiro, feito candeeiro, sento à beira do abismo, monstrando-lhe o melhor caminho. MÃOS que curam as chagas, que consolam, que acariciam, que advertem na hora certa, que impõem o respeito, que preparam o teu leito, que servem tua ceia, que saciam tua sede, e que seguram as tuas, as outras mãos, e assim te mostram o que valem elas, as MÃOS daquele irmão, que tuas também são.

Veja que por isso te digo que valem tanto para ti, como também valem para os que não as têm, eis que servem a todos e não são de ninguém.

Sei que está a pensar, Sementeiro, como tão nobre instrumento põe-se também ao serviço do mal, inspirando as sombras, perventendo a ordem, ceifando vidas, secando corações, desatando laços e cultuando ilusões. Basta, então, lembrar que se a "razão" e o sentimento dão força ao pensamento, são as MAÕS a ligadura com o plano dos movimentos, entrelaçando dois mundos, tão teus, num sÓ momento. E aí está o arbítrio, Sementeiro: a segunda lição.

luis roberto moreno
Enviado por luis roberto moreno em 18/07/2007
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