Um jeito doentio de amar
“Vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos... Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?” Apoc 5;1 e 2
Livros eram rolos, diferentes dos atuais. Agora, terem as páginas usadas de ambos os lados é usual, então, os rolos, fossem papiros, pergaminhos, tinham um lado liso onde se escrevia, outro mais áspero, que era a “capa”.
Entretanto, o livro em apreça tinha Escrituras por dentro e por fora, um tipo especial. Se era assim no formato, não menos no teor, tanto que, requeria uma dignidade ímpar, para que pudesse ser aberto. “Eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, de o ler, de olhar para ele.” V 4
João desejava tanto que ele fosse aberto, que chorou ante a impossibilidade. “Disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.” V 5
O governo que fora perdido na desobediência de Adão, foi resgatado por Jesus, por isso, apenas Ele é digno de abrir a “Escritura de Posse” e implantar em Sua Propriedade, diretrizes que desejar. No caso, desejava jugar.
Alguns devaneiam com uma distinção dimensional entre coisas materiais e espirituais, como se, essas fossem assunto de Deus, após a morte, e aquelas, assuntos humanos que nós gerimos alienados do Santo.
Muitos entenderão tardiamente a ligação indissociável, do reino espiritual e o material. O que está escrito por dentro, ( no espírito ) será visível por fora, no teatro das ações, quando O Senhor abrir O Livro.
A dignidade nos padrões humanos é muito doentia, apaixonada. Ante Deus, não vale conchavos, eufemismos, aparências, tão usuais entre nós.
Fui acusado por alguém que me lê de não ser digno de me dizer cristão, pois, escrevi que a derrocada do PT era Juízo de Deus, que remove governos conforme Sua Vontade.
Disse, essa pessoa, que o principal mandamento cristão é amor, e, ao ser “contra os programas sociais” eu não amava aos pobres, ademais, tinha uma questão de justiça, os tais 54 milhões de votos que precisam ser respeitados.
Bem, primeiro temos uma ideia errada do amor, depois, outra, sobre justiça, respeito. Do amor se diz que, “Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas, com a verdade;” I Cor 13;5 e 6
Se pudesse acontecer divorciado da justiça, não seria necessária a Cruz de Cristo, tampouco, a pregação do Evangelho; afinal, Deus ama a todos.
Contudo, nunca ouvi ou li alguém se manifestando contra programas sociais, salvo algum reparo, que até eu fiz, ao constatar que falta critério no cadastro do Bolsa Família, por exemplo, onde uns que, ganham mais de dois mil reais por mês, gente que conheço, recebem. Coisa desonesta.
Assim desviar o foco da irresponsabilidade fiscal, corrupção, que indigna aos brasileiros decentes e apontar para convenientes barreiras ideológicas é um argumento canalha, narrativa falsa, útil para blindagem de ladrões. Mas o Cunha também roubou! Dane-se, pague! Não escrevi nada em sua defesa nem de outro ladrão qualquer, apenas que era útil no processo de impeachment, aliás, já foi. Cadeia para ele também, pois, de um cristão se requer amor à verdade, à justiça, além das pessoas.
Tais, mentem 24 horas por dia, até quando se “defendem” dizendo que o cumprimento da Lei é “Golpe”. Se fosse, ingressariam no Supremo, pois, zelar pela Constituição é o papel do referido Tribunal. Sabem que é mentira, mas, devo amar isso, se sou cristão.
Cristo pensava diverso sobre mentirosos, disse: “Vós tendes por pai ao diabo, quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44
Sobre respeitar os votos, quem prometeu muitas coisas e fez exatamente o oposto, foi Dilma, de modo que ela desrespeitou seus eleitores.
Assim, quando alguém decidir advogar ímpios usando como argumento o Amor de Deus, por questão de decência, não omita o Ódio também. De Cristo o salmista disse: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais que a teus companheiros.” Sal 45;7
Não me preocupa se alguém que me lê me acha digno ou não, isso pertence a Deus. O que está escrito dentro de cada um, no juízo estará por fora, aí, como diz o gaúcho, veremos quem tem butiás no bolso.