A melhor adoração a Cristo está no agir generoso da compaixão misericordiosa.
Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. E, tendo convocado a multidão, lhes disse: Ouvi e entendei: não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem. (Mat 15:7-11). Aqui vemos um choque entre o que as autoridades eclesiásticas da época entendia do servir a Deus e o que realmente é o verdadeiro servir. Aqui vemos a luta entre duas visões e duas classes de culto. Para os escribas e fariseus a religião era a observância de certas regras, normas e rituais externos, tais como a forma correta de lavar as mãos antes das refeições. Segundo os historiadores eles tinham todo um ritual para lavar as mãos, Mantinham-se jarros com água para serem usados antes da refeição. A quantidade mínima de água que se devia empregar era na medida comum de hoje meio litro, primeiro jogava a água sobre ambas as mãos que se mantinham com os dedos para acima, e devia correr até o punho. E devia escorrer pelo do punho para fora, porque agora a água era impura já que havia tocado as mãos impuras, e se voltava a correr pelos dedos voltaria a convertê-los em impuros. O procedimento se repetia com as mãos na posição contrária, com os dedos para abaixo. Por último se lavava cada mão esfregando cada uma delas com a palma da outra. E este era somente um dos vários rituais, faziam isto porque pensavam que nisto consistia vontade de Deus. Para eles o servir a Deus era seguir a forma legalista e ritualística.
E então vem Jesus e quebra esta visão porque para Jesus fazer a vontade do Pai era e é algo centralizado no coração, era algo que se manifesta em compaixão e generosidade, e na graciosa misericórdia que estão acima da lei. Já para os escribas e fariseus o culto era um ritual, uma lei cerimonial. Mas para Jesus o culto era o agir de um coração puro de uma vida guiada pelo amor. E, é aqui que se dá o choque eles viam a materialidade como o maior bem que se pode ter ou fazer, e Jesus mostra que é um misto de espiritualidade e materialidade que faz a roda da vida girar.
Para eles adorar a Deus consistia somente em uma gama de regras e rituais. E ainda hoje vemos muitos de nós que pensam assim, muitos que afirmam que o culto não é nada menos que os rituais praticados por uma autoridade eclesiástica ordenada, seguindo certas normas, em um edifício consagrado em uma forma determinada e seguindo uma liturgia pré estabelecida por um dogma ou por uma igreja determinada. Mas tudo isso só pode mover as pessoas emocionalmente e exteriormente, mas ao findar o ritual a pessoa volta vazia e provavelmente os problemas regressarão.
Jesus ensina que tudo deve ir além que o verdadeiro servir ao Pai está no sentir porque adorar é aliviar a consciência com a santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, enriquecer a imaginação com a beleza de Deus, abrir o coração ao amor de Deus, submeter a vontade ao propósito de Deus, ser Cristão não é tanto pôr os nossos projetos nas mãos de Deus, mas sim pôr a nossa vida sob o projeto de Deus. Ser Cristão não é ficar escandalizado com o erro alheio, até mesmo porque julgar a cegueira dos escribas e fariseus se faz fácil, porque estamos lendo a história. Ser Cristão é olhar para dentro de si mesmo e buscar o quão semelhantemente agimos iguais a eles. E aqui nós podemos nos surpreender praticando cerimônias externas e que ainda hoje incorremos na mesma falta que eles. O importante é entendermos que o ser Cristão jamais pode fundamentar-se em nenhuma cerimônia ou ritual, o ser Cristão de seguir os passos de Jesus Cristo que durante todo seu ministério na terra e ainda hoje prima e pela por cuidar e atender as necessidades de outrem. E podemos entender melhor isto lendo (Mateus: 25:31-43). Ou seja, adoramos mais a Cristo Jesus quando praticamos a misericórdia, a compaixão e somos generosos no doar e no perdoar.
Então cabe a cada um de nós não julgar, mas verificar como estamos neste quesito. Que o amor de Deus seja o arbitro de nossos corações.
(Molivars).