O Reconhecimento de Deus
“Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos; Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6
À advertência de não colocarmos nosso próprio entendimento acima do Divino, somo desafiados a reconhecermos O Senhor em todos os nossos caminhos. Mas, o que devemos entender por reconhecer?
Reconhecer = Latim, Recognoscere; “Tomar conhecimento, trazer à mente outra vez, certificar.” Simplificando, conhecer de novo.
Assim resultaria uma questão: Por quê, necessitamos conhecer duas vezes, no caso, O Senhor? Porque a primeira etapa é puramente conceitual, teórica; na segunda, o reconhecimento há de moldar nossas ações; ou, a falta dele plasmará nossa hipocrisia. “Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos.” (Einstein)
Em linhas gerais os ensinos dos Fariseus eram bons. Se poderia dizer que conheciam a Deus. Todavia, isso se dava meramente no prisma teórico. O Salvador disse: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as, fazei-as; mas, não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não fazem; pois, atam fardos pesados, difíceis de suportar e põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;” Mat 23;2 a 4 Sintetizando; podemos dizer que eles conheciam a Deus, mas não O reconheciam.
O mesmo texto que, eventualmente, um pregador reparte com seus ouvintes desde um púlpito, voltará a ele em breve nos embates práticos da vida, onde será instado a reconhecer o que já conhece.
Suponhamos que tenha pregado um sermão contra a mentira: “Ficarão de fora os mentirosos...” E, ao chegar em casa, uma situação constrangedora qualquer acene que é “melhor” omitir algum tropeço da esposa, ainda que leve, para evitar barulho, o que fará? Lembrará do que falou sobre a mentira; será desafiado pelo Espírito Santo a reconhecer Deus, como Senhor de Sua vida. Terá algum descontentamento eventual ao assumir seu erro, mas, a saúde espiritual e do relacionamento será preservada.
Isso não é “privilégio” de pregadores. Tomo esse exemplo, pois, muitas vezes ocorreu comigo de ser corrigido pelas mesmas coisas que ensinei; mas, pode se dar com qualquer um que conhece os preceitos Divinos.
Pois, a Palavra de Deus meramente conceitual, pode ser doce; mas, se ousarmos colocá-la em prática, o amargor de subjugar nossa natureza rebelde aparecerá. João reportou: “Fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. Ele disse-me: Toma-o, come-o; ele fará amargo o teu ventre, mas, na tua boca será doce como mel.” Apoc 10;9
As redes sociais, por exemplo, são arena da “sabedoria” virtual, conceitual, meramente. Qualquer um, a despeito dos valores que adote em seu viver, bem pode “colar” frases de profundo saber, tanto filosófico quanto, espiritual. Assim, o que disseminamos “na nuvem” conta parte do que conhecemos; o nosso dia a dia com os de nosso convívio, nosso agir deixa patente o que reconhecemos. “Na prática a teoria é outra”. (Joelmir Beting)
Um aspecto muito importante no reconhecimento da Soberania do Senhor é a oração. Confessando erros, buscando perdão, ou luz, antes de decisões importantes. Kierkegaard dizia que a oração não tem como alvo influenciar a Deus, antes, aperfeiçoar o caráter de quem ora; e o dizia muito bem. Deus sabe o que necessitamos antes de pedirmos, ensina a Bíblia, todavia, nos exorta a que oremos sem cessar. Assim, se a oração logra aperfeiçoar minha alma na humildade e dependência do Santo, sua eficácia é imediata, ainda que, eventual resposta demore.
Se, reconhecimento de Deus aperfeiçoa minhas veredas, quando oro estou sendo aperfeiçoado.
O Salvador desafiou seus ouvintes a permanecerem em Suas Palavras, para conhecerem à Verdade. Isso não é outra coisa, senão, tomá-las como parâmetro na hora de agir. Ele mesmo na Parábola do Semeador ilustrou como sementes sobre pedras, sem possibilidade de aprofundar raízes e suportar o sol, os que, alegremente conhecem Sua mensagem num primeiro momento, e não reconhecem quando necessário, na hora da tentação.
Oséias exortara ao conhecimento de Deus secundado por mais, algo como, não desistir da escolha na hora prática, disse: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa;” Os 6;3
Em suma, o conhecimento que não melhora meus caminhos, não aperfeiçoa meu caráter, resulta como nuvens que não trazem chuva; ainda que possam plasmar belas figuras no céu, serão inócuas no ponto de vista prático.
Ademais, aquele que não reconhece a Deus, acaba endeusando suas próprias opiniões que, se “úteis” na calmaria, na hora do perigo serão vãs. “Então clamarão a mim, mas, não responderei; de madrugada me buscarão, porém, não me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; não preferiram o temor do Senhor. Prov 1;28 e 29