Ser Cristão é caminhar em união e comunhão.
Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (Flp 2:1-4). É comum ouvirmos dizer que o ser humano evolui durante os milênio, mas quando estudamos a história e a comparamos com a contemporaneidade vemos que isto não é muito certo. O entorno do ser humano evoluiu de certa maneira, pois hoje temos automóveis, aviões, tecnologia que nos permite comunicarmos instantaneamente; temos computadores supervelozes e assim por diante. Mas quando observamos o interior dos humanos vemos que em suma ainda somos os mesmos. E aqui vemos que Paulo exorta os filipenses a atentar para o que poderia empecilhar a igreja de Filipos, este perigo era a desunião, ou seja, onde impera o eu faço melhor, o eu sou melhor ou o eu tenho que aparecer, perde-se o lugar do nós. E ainda hoje este é o perigo que ronda toda Igreja sadia. Quando as pessoas e interessam por suas crenças e quando estão ansiosos e centrados em seus próprios planos ou projetos é quando as condições se fazem ideais para que uns se levantem contra o outro. E neste exato momento saímos da comunhão para confusão.
Paulo mostra tais motivos aqui Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (Flp 2:3,4). Aqui ele deixa uma placa de alerta que serviu para o povo da época e que serve para nós ainda hoje. Pois ele nos ensina que há três coisas que nos levam a desunião ou ao desmembramento do corpo de Cristo.
1 – Em primeiro lugar a ambição egoísta. Sempre existe o perigo de que as pessoas trabalhem não em prol do bem-estar da comunidade, mas sim visando um lucro para si mesmo, pode até ser que este não seja na forma monetária, mas na forma de um exacerbado glamour pessoal. Tornado o servir um servir egocêntrico e não Cristocêntrico.
2 – E a ambição logo caminha para o tão malfadado desejo pelo prestígio pessoal, ou de uma glória vazia. Na verdade para muitos a fama e o prestígio é uma tentação maior ainda que a riqueza. Ser admirados, respeitados, poder sentir-se sempre elevado pela poupa e à atenção, ser adulado por muitos.
3 – E por fim, há o egocentrismo. Se uma pessoa põe em primeiro lugar os seus próprios interesses, e deixa de lado um interesse de todos, este deixa de ser Cristão, até pode ser crente ou evangélico, mas uma coisa é certa não é Cristão. Se para alguém a vida é um concurso cujo prêmio tem que ganhar ou uma luta por vencer, mesmo que para isso tenha que sobrepujar e conquistar a outros, pensará sempre nos outros como inimigos ou, pelo menos como adversários que devem ser eliminados do caminho. E isto certamente levará ao partidarismo e a desunião.
Sendo assim entendemos que, onde há uma ambição egoísta, onde há um desejo de prestígio pessoal, onde cada pessoa se concentra em seus próprios interesses, ali não há lugar para comunhão e sim para desunião.
Então Paulo nos ensina não só como evitar a desunião, ele também nos ensina como curar este mal. E então ele nos dá cinco pontos aos quais nós devemos nos balizar para ter uma vida de comunhão e de união para com os nossos irmãos e para com todos os seres deste planeta.
1 – O fato de que todos estamos em Cristo e de que nos alimentamos de seu amor, deve tornar-nos seres amorosos e cópias de Cristo na terra, para que o amor ao próximo sempre venha antes do amor-próprio, porque quem ama o próximo ama a si mesmo, pois agindo assim nos manteremos em uma unidade fraternal. Ninguém pode caminhar desunido com seu semelhante e ao mesmo tempo estar unido a Cristo. Se a pessoa tem a Cristo como companheiro de caminhada, inevitavelmente é companheiro de todos os caminhantes. Ninguém pode viver na atmosfera de Cristo e ao mesmo tempo respirar os anseios do egocentrismo, ninguém pode amar a Deus odiando a seus semelhantes. O verdadeiro Cristão se revela na expressão do seu amor ao próximo.
2 – Em seguida ele nos mostra porque devemos nos manter cheios e em comunhão com o Espírito Santo. O fato de participar do Espírito Santo deve impedir a desunião dos Cristãos. O Espírito Santo é aquele que liga o Ser humano a Deus é a amalgama que mantém-nos unidos uns aos outros. É o Espírito Santo que nos revela o que Deus deseja que façamos; é o Espírito Santo que difunde a partir de nossos corações o amor de Deus; é o Espírito Santo que nos capacita a viver uma vida de amor que é a vida de Deus. Se a pessoa viver em desunião com seus semelhantes dá prova de não possuir o dom do Espírito. E dá prova de que não ama a si mesmo, pois está caminhando para solitária destruição.
3 – Ele também nos fala sobre a misericórdia. Uma vida pautada no amor misericordioso, nos conservará em uma estreita unida relação com o Pai, com o Filho e com o Espirito Santo, e este íntimo relacionamento fará da união e da comunhão aqui na terra um ato exequível e concreto. E então seremos luz para o mundo uma luz que alumia para uma vida além da vida. Como Aristóteles o enunciou há muito tempo, os homens não foram destinados a ser lobos vorazes, mas sim a viver juntos em comunidade. Sendo assim entendemos que a desunião rompe a própria estrutura da vida, ou seja, se caminhamos em desunião estamos errando o alvo cometendo o pecado da hamartia.
4 – vemos aqui também um apelo de Paulo é de caráter pessoal. Ele não podia ser feliz sabendo que existe desunião na Igreja que tanto ama. Onde os membros de um corpo teimam por andarem separados causando assim o desmembramento deste corpo. Se querem completar sua alegria, que obtenham a união entre si. E aqui ele nos ensina a admoestar com amor, pois ele não ameaça os Cristãos de Filipos, pelo contrário, ele apela com o amor que sempre deve ser o acento de um pastor, de um líder, de um mestre ou daquele que ama o próximo, porque o amor sempre foi o acento de Deus Pai. E aqui entendemos que ao admoestar façamos com amor, porque aquele que admoesta com ameaças é vilipendiador e uma atitude vilipendiosa não coaduna com o ser Cristão, e consequentemente contribui para desunião e a desunião caminha diametralmente aos ensinamentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
5 – E por fim ele fala sobre a graciosa humildade, que sempre julga a outrem mais importante do a si mesmo. O ser que vê a vida com os olhos da humildade põe a necessidade alheia frente da sua. O Ser que prima pela humildade, prima por exaltar e não ser exaltado, prima por amar, elogia muito mais que é elogiado, fica feliz com o sucesso alheio, porque entendeu que o bem-estar dos outros é o bem-estar dom mundo. E, é grato por poder ajudar pois entende que Deus fez muito mais por ele do que ele pode fazer por outrem e que o dom que ele tem foi doado por Deus. Agindo assim ele jamais se ressentirá com a ingratidão porque dentro dele abunda a humilde gratidão de poder servir, em amor e verdade. Agindo assim jamais daremos lugar para a destruidora desunião.
Que o amor de Cristo Jesus seja o arbitro de nossos corações.
(Molivars).