O "Nepotismo" Divino
“Sucedeu, que, no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho; eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; produzira flores, brotara renovos, dera amêndoas.” Núm 17;8
Durante o Êxodo, Moisés fora acusado de “nepotismo”; empregar parentes em cargos de honra, uma vez que, Aarão, seu irmão, e seus filhos foram escolhidos para administrarem o sacerdócio. Para os oponentes, não se tratava de escolha Divina, mas, de abuso de poder.
Moisés apresentou o caso Ao Senhor que o ordenara, e, foi instruído a que todos os líderes colocassem seus cajados perante a Arca por uma noite; aquele que florescesse, seria o escolhido. Na verdade, como vemos no texto, O Eterno fez melhor que isso; invés de produzir flores, simplesmente, fez a Vara de Aarão produzir frutos, amêndoas, confirmando Sua escolha.
Esse incidente foi evocado pelo Santo quando da chamada de Jeremias, para deixar patente que, O Eterno se responsabiliza por Suas escolhas: “Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? Eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre minha palavra para cumpri-la.” Jr 1;11 e 12
Entretanto, meu foco, não é a chamada da tribo Levita para o sacerdócio, antes, um aspecto doentio da alma humana caída; por que tantos se “voluntariam” para o poder, a honra, e não, para o serviço?
Ora, O Salvador ensinou que, quem quiser ser o maior deve se fazer serviçal de todos. Em dado momento falou de si mesmo como sendo o menor no Reino dos céus, Sua posição voluntária; para depois ser visto como Maior, Sua posição Real: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas, aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.” Mat 11;11
Há um provérbio hebraico que diz: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue quem foge dela”; assim, precisamente, se deu com O Salvador que sujeitou-se a ser tratado como o mais indigno dos homens; hoje, tem “O Nome que É Sobre Todo O Nome”.
Paulo lançou mão de Seu exemplo para ensinar aos Seus seguidores: “Não atente cada um para o que é seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, antes, esvaziou a si mesmo, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou soberanamente, lhe deu um nome que é sobre todo o nome;” Fp 2;4 a 9
Claro que é saudável a valorização da honra, bom nome, reputação; mas, se, “Diante da honra vai a humildade”, como ensina A Palavra, é, justo, o esvaziamento de nossas pretensões naturais que dá azo a que O Eterno nos honre, fazendo-nos, como a morta vara de Aarão, florescer, frutificar. A escolha pode parecer humana, num primeiro momento, como em Moisés, mas, aos que chama, O Senhor se encarrega de testificar.
De Levi, não obstantes eventuais imperfeições, testificou de uma resposta aceitável ao Divino Propósito, disse: “Minha aliança com ele foi de vida e paz; lhas dei para que temesse; então, temeu-me, assombrou-se por causa do meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz, retidão, da iniquidade converteu a muitos.” Mal 2;5 e 6
Há diferença entre Escola de Profetas, e escolha de Profetas. Aquela deriva de iniciativa humana; essa, Divina. Os da Escola se viram às voltas com um machado emprestado que caíra no rio; Eliseu, o da escolha, o fez flutuar; os da Escola queriam buscar Elias após seu arrebatamento, apegados ao Homem; o da escolha, se apegou a ele antes, reconhecendo Deus na Sua vida e desejando dons superiores.
Não que haja Profetas como antes; porém, os que Deus Escolhe cumprem um ministério profético, à medida que, por obediência falam somente, Segundo Deus. “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor, quem não profetizará?” Amós 3;8
Tencionar para si algo diverso da Vontade Divina, como fez Uzias, invés de honra, acaba em lepra. O profeta não busca sua honra, antes, fala como Davi: “Saberão que há Deus em Israel”; De um assim Deus testifica, como fez com Ezequiel: “...saberão que houve no meio deles um profeta.” Ez 33;33
A bem da verdade, Deus comete certo “nepotismo”; Só faz florescerem e frutificarem, Seus filhos, os demais, não passam de varas sem vida.