Ganha aquele que faz bom uso de seus talentos.
Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. (Mat 25:14,15). Aqui nesta parábola que vai do versículo catorze ao trinta do Evangelho segundo Mateus, vemos Jesus nos ensinar a fazer uso de nossos talentos. A palavra talento, em nossa língua é usada para indicar a capacidade e os dotes de alguém. E segundo alguns linguistas esta palavra derivou-se dessa parábola. Originalmente o talento era uma unidade de peso dos antigos gregos; posteriormente passou a ser uma unidade monetária, ou seja, seis mil denários. O denário valia o trabalho de um dia. Um talento, portanto, valia o trabalho de um homem por mais ou menos 18 anos. Depois está palavra passou a ser usada também para designar as habilidades de cada um, ou seja, os seus talentos. E, é o que está parábola parece nos ensinar.
Sendo assim podemos ver que a citada parábola é direcionado ao servo inútil que recebeu um talento. E aqui cabe duas perguntas, quem representa este servo? E a quem Jesus adverte e observa? Quando estudamos o contexto histórico vemos que o servo inútil representava na época os escribas e os fariseus, e a sua atitude para com a Lei e para com a verdade de Deus. O servo inútil tomou seu talento e o enterrou a fim de poder devolvê-lo a seu senhor tal como este lhe deu. Todo o objetivo vital dos escribas e fariseus era obedecer a Lei tal como Deus a entregou. Ou seja, queriam construir “construir um cerco ao redor da Lei”. Para eles qualquer mudança na forma de pensar era um anátema. Eles primavam pelo conforto próprio, e Jesus aqui nos ensina que para fazermos a vontade do Pai é preciso deixar de lado o conforte e por-nos irmos a labuta. E isto chega até nós de três maneiras.
1 – A primeira, é que Deus dá diferentes dons aos seres humanos. Vemos aqui que uma pessoa recebeu cinco talentos, outro dois e o outro um. O que importa não é o talento que a pessoa recebe e sim a forma em que faz uso dele. Deus jamais exige de alguém habilidades que este não possui, mas exige que empregue a fundo as habilidades que tem. As pessoas não são iguais quanto a seus talentos, mas podem ser iguais em seu esforço. A parábola nos diz que qualquer que seja o talento que possuamos, grande ou pequeno, devemos entregá-lo para servir a Deus. E empenharmos em executá-los não por forçosa obrigação mas sim firmado no amor de fazê-lo.
2 – Ensina-nos sobre a recompensa sobre o bom uso dos talentos. E que a real recompensa do trabalho executado com amor é mais trabalho. Vemos que Jesus disse aos dois servos que tinham atuado bem: Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. (Mat 25:23). E aqui vemos que Deus não é estagnação e sim movimento. Equivocamo-nos ao imaginar que Deus está estagnado; ou que ele visava um alvo, e ao atingir esse alvo, nada mais lhe resta fazer, nem realizações a se cumprir, nem alvos a serem atingidos. Ou seja, aquele que se empenha na obra do amor, mais afazeres terá. Sendo assim entendemos que a obra de Deus segue pela eternidade e juntos seguiremos a praticar o amor em toda a sua extensão. Tornar-nos-emos parte das obras externas de Deus, e não há razão para supormos que nossa permanência nos lugares celestiais se caracterizará pela imobilidade. Então deixemos de lado a ideia de um reino estagnado, para entender que o aprendizado sobre o amor seguirá pela eternidade, assim como eterno é o nosso Deus. Jesus não disse se sentem a descansar sobre os louros. E sim, disse que seriam colocados em tarefas maiores e de responsabilidades mais sérias na obra do senhor. A recompensa do trabalho não é o descanso e sim mais trabalho, mas é um trabalho sustentado pela energia do amor que é Deus.
3 – E por fim Jesus nos ensina que mesmo não tendo nada ainda podemos perder o pouco que temos, porque aquilo que não é exercitado atrofia e perde a sua utilidade. O homem que recebeu um talento não o perdeu, limitou-se a não fazer nada com ele como podemos ler: Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes. (Mat 25:29,30). E vemos que o servo em sua inutilidade perdeu o que tinha. Se este tivesse largado o conforto e deixado de lado o medo, até poderia ser que tivesse perdido o único talento, mas pelo esforço e pelo empenho este teria sido recompensado. Nos dias de hoje vemos isto acontecer com muitos de nós. Pois a pessoa que tem um só talento sempre se sente tentado a dizer: “Tenho um talento tão pequeno, e posso fazer tão pouco com ele, que não vale a pena provar, porque minha contribuição seria insignificante.” Mas o que devemos observar é que tudo neste mundo é composto de pequenas partículas, e que é de pequeno em pequeno que se forma o grande. Mas àquele que, com um só talento, recusa-se a usá-lo e não quer arriscá-lo em favor do bem comum. Cairá na lei universal que segue a seguinte regra; “O quem tem lhe será dado, e quem não tem, inclusive o que tem lhe será tirado.”
Esta lei universal nos mostra o seguinte, se tivermos alguma capacidade para algum trabalho seja intelectual ou manual, se tivermos habilidade para fazer algo, quanto mais empreguemos essa capacidade e esse dom, maior será o trabalho que seremos capazes de fazer. Enquanto que se não o usamos, o perderemos. Isto se aplica tanto ao as atividades corriqueira, como ao praticar do amor. A vida nos ensina que a única forma de manter um dom é empregá-lo a serviço de Deus e de nosso próximo. Ou seja, quanto mais nos esforçamos para amar e perdoar mais amaremos e perdoaremos e sedo assim faremos a vontade de Deus aqui na terra e nos prepararemos para fazê-la no reino dos céus.
Então cabe a cada um de nós se autoavaliar para entender como estamos aplicando os nossos talentos, será que é em prol de muitos ou somente para a nossa comodidade. Que o amor de Cristo Jesus seja o arbitro de nossos corações.
(Molivars).