Alcançando plenitude do ser humano.

Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. (Mat 5:48). Aqui temos um dos versículos de mais difícil compreensão do Novo Testamento, e isso se dá porque levamos o termo perfeição na visão contemporânea. Onde é perfeito aquele ou aquilo que está isento de defeitos. Mas quando analisamos o dito dentro de um contexto Cristão vemos que está palavra tem mais a ver com uma atitude que se baseia numa busca constate de se manter em Cristo. A perfeição de Deus vem do praticar do amor e vemos isso quando lemos as seguintes passagens bíblicas: O SENHOR sustém os que vacilam e apruma todos os prostrados. Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. (Slm 145:14,15). E vemos o amor de Deus Pai quando lemos: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Joã 3:16). E Jesus Cristo nos mostra dando a sua vida por nós: O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.(Joã15:12,13). Eis aqui a valiosa chave para que entendamos de que tipo de perfeição Jesus está falando.

A palavra usada para perfeito aqui é: “τελειος teleios”, que segundo os linguistas ela traz consigo o seguinte significado: teleios é o ser humano que alcançou a plenitude de sua estatura física, em oposição ao infante que não está ainda desenvolvido; teleios é o aluno que concluiu o ensino e compreendeu cabalmente a matéria, em contraposição com o que, como o principiante, ainda não domina o tema. Aqui temos a ideia de “perfeição” que, neste caso, totalmente funcional. Mas também está palavra significa, aquele ou aquilo que cumpre o propósito para qual foi feito, aqui cabe lembrar que uma das palavras usadas no grego para pecado é “αμαρτια hamartia”, que entre seus significados têm o de, errar o alvo, ou seja, não cumprir o não atingir a meta para qual foi feito. E isto nos remete ao que está escrito em: Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; (Gên 1:26 A). Ou seja, o ser humano foi criado para ser como Deus na sua característica de benevolência universal, na semelhança da boa vontade invencível, que busca o constante do bem-estar de todos os seres deste planeta, do universo e principalmente o bem-estar de outrem.

Assim sendo, um ser humano “perfeito” é aquele que cumpre o propósito para o qual Deus o criou. Para que foi criado o homem? Como vemos acima a Bíblia não deixa lugar a dúvidas com respeito à resposta adequada a esta pergunta. João em sua primeira carta afirma: Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. (1Jo 4:8). E este amor não faz distinção de santos ou pecadores porque trata-os igual. Não importando o que estes façam, Deus não procura senão o seu mais elevado bem-estar. E quando alguém arrependido busca abrigo neste amor Ele o recebe no mais gracioso perdão, e ainda lhe brinda com a dadiva da vida eterna. Cabendo a este em sua vida praticar a incansável, perdoadora e sacrificial benevolência de Deus, e fazendo assim este se faz semelhante a Deus, e portanto é perfeito, no sentido de que o Novo Testamento dá a esta palavra. Para dizê-lo de maneira ainda mais singela, o ser humano mais perfeito é aquele que mais se importa com os outros.

E aqui entendemos que o ensino de toda a Bíblia resume-se assim: Somente alcançamos a plenitude de nossa humanidade quando nos assemelhamos a Deus. E a única coisa que nos pode assemelhar a Deus é esse amor que jamais deixa de interessar-se pelos outros e por todos seres, façam eles o que fizeram sejam eles o que forem, pertençam a qualquer classe ou clero. Somente quando buscamos a aprender a perdoar como Deus perdoa e a amar como Deus ama, alcançamos a plenitude de nossa humanidade, e iniciamos a nossa jornada a perfeição cristã, que começa aqui e se estenderá por todo a eternidade. Que o amor de Cristo Jesus seja o arbitro de nossos corações.

(Molivars).