A mesmice de Deus
“Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1; 12 Que falta de criatividade de Pedro! Invés de prometer novidades, afirmou que iria “chover no molhado”, tornar a lembrar o que já sabiam.
Os apóstolos reunidos também incorreram na mesmice: “Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais, por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.” Atos 15:27
Paulo tropeçou na dita pedra, a monotonia, invés de acenar com algo novo. “... Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas; é segurança para vós.” Filipenses 3:1
Eis o “problema” de servir a Um Deus no qual não “há mudanças, nem sombra de Variação”. Não importa quantos anos perdure nosso ministério, “lato sensu” devemos anunciar sempre, as mesmas coisas.
Lembro de um outdoor que vi certa vez em Porto Alegre: “Chester, a mais nova tradição do Natal”. Apontei a um amigo e disse: Notou a contradição? – Qual? – Tradição sugere algo trazido de antanho através do tempo; o novo, óbvio, é recente; assim, se é novo não pode ser tradicional, se o é, não pode ser novo. Mas, à propaganda não importa que seja coerente, basta que venda; Deus não é assim.
Observando a vida no aspecto dos fenômenos, pipocarão novidades todos os dias, mormente, as que atinam ao domínio da tecnologia; agora, se o prisma for espiritual, filosófico, veremos a mesmice cíclica já denunciada por Salomão quando observou à natureza: “O que foi é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados antes de nós.” Ecl 1; 9 e 10
Não que o Eterno seja avesso ao novo, apenas, não muda o que é perfeito; não carece ser mudado. Assim é Sua Palavra. Nossas almas, tão deturpadas pelos vícios, são instadas na conversão a uma mudança de mente, e consequentemente de agir, tal, que a Bíblia chama de “Nascer de novo”.
Paulo, em dado momento exorta a que se verifique essa mudança do nosso modo de agir: “...fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4
Noutra parte vai além de mera novidade, antes, total novidade de valores espera dos convertidos; “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, tudo se fez novo” II Cor 5;17
Resta sermos cuidadosos, pra não confundir o contextualizar, que é, apresentar valores eternos numa linguagem contemporânea, com, perverter, amoldar-se aos espetáculos do mundo, pra parecer atualizado, moderno. Shows de luzes, fumaça colorida, ritmos alucinantes podem alegrar a galera jovem, mas, será esse o alvo do louvor?
A igreja ainda deveria ser um lugar para conversão de almas; isso não equivale a preparar um bolo com cobertura “espiritual” e o recheio favorito dos pecadores; antes, demanda uma mensagem incisiva contra o pecado, capaz de gerar uma crise existencial no pecador, de colocá-lo em conflito entre os efêmeros prazeres da carne e a eterna perdição. Capacitado pelo Espírito Santo o pregador será tão eloquente, que convencerá muitos a trocarem o vil, pelo precioso, não importando, quão antiquado pareça.
Afinal, mesmo sendo já milenar o Evangelho, ainda é a Boa Nova que, em Cristo, Deus perdoa, regenera, salva os pecadores. Se, isso é lugar comum para tantos que abraçaram e vivem à fé, ainda é novidade para quem resiste, tanto quanto, para quem nunca ouviu, pois, ambos, cada um de seu jeito, desconhecem o Gracioso amor Divino.
Acostumamos a ouvir de roubos assassinatos, corrupção, prevaricação, aumentos, todos dias; sempre assistimos aos jornais como quem vê, na mesmice, novidade; novo se faz o que troca o vício pela virtude, o profano pelo santo, o mundo, por Cristo.
Contudo se surgirem “novidades” espirituais, convém rechaçar, pois, são meras nuances da velha perversão do inimigo. “... ainda que nós mesmos ou, um anjo do céu, vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8
Em suma, mesmo soando como coisa nova aos ouvidos do pecador, o Evangelho genuíno é o mesmo de sempre: “Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. Mateus 13:52
Nossa abordagem pode ser diversa, criativa, exortativa, narrativa, poética, mas, seu teor não foge disso: “... Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho Unigênito, para que, todo aquele que nele crer, não pereça, mas, tenha vida eterna.” Jo 3; 16