O amor completa todos os dons. (Parte final).
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (1Co 13:1-3). Dando continuidade ao estudo sobre a importância fundamental do amor fazer parte de todos os dons. Nos versículos acima o apóstolo Paulo descreve seis dos principais dons que fazem parte da vida Cristã. Já estudamos três e agora estudaremos os outros.
Ele diz: ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. (1Co 13:2 c). É bem certo que a fé tem um poder mudar a situação mas desta feita não falaremos exaustivamente sobre o assunto. Aqui cabe entender que podemos ter uma fé apaixonada, e contagiante, mas se esta fé não for acompanhada do amor ela pode se tornar cruel. Por exemplo: é comum vermos pessoas cheias de fé que chegam a menosprezar a doença ou dificuldade alheia, dizendo o seguinte: “você está assim porque não tem fé.” Pode até ser que seja verdade, mas nós devemos entender que Jesus não deixou juízes na terra, e sim discípulos, e como o nosso Senhor e Mestre jamais julgou alguém nós não temos o direito, não temos o dever e nem a sabedoria para julgar a vida de outrem. Devemos entender que o Cristão está aqui para servir, sem olhar ou perguntar o por quê da situação do ser a ser ajudado. Devemos então cuidar sempre para ver se nossos atos estão firmados num atuar amoroso. A fim de que não saiamos pronunciando uma fé cheias palavras atos, que não conhece o amor, e, portanto machucam e danificam mais que criam vida. Em suma fé sem amor pode ser cruel e não serve a Deus que é amor. Quando olhamos para Jesus Cristo vemos que Ele foi fiel ao amor a ponto de dar a vida por aqueles que Ele amou e ama. O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. (Joã 15:12-14).
A caridade é uma das três virtudes teologais, mas se esta não estiver firmada no amor de nada valerá, pois contribuirá para destruição da vida de outrem. E vemos isto quando Paulo diz: E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres (1Co 13:3 a). Pode até ser que sejamos capazes de distribuir os nossos bens aos pobres, e com isto pratiquemos as vistas dos seres humanos a chamada caridade. Não há nada no mundo mais humilhante que a chamada caridade sem amor. Quando ajudamos alguém para cumprir uma obrigação achando que isto nos coloca a vista de Deus, enganamo-nos. Dar como por uma feia obrigação, com certo desdém, nos colocar sobre nossa pequena eminência e arrojar migalhas de caridade como se fosse a um cão, dar ou acompanhar esta ação com um polido sermão moral ou uma recriminação entristecedora, não é caridade absolutamente, está mais para ensoberbecimento e orgulho; e a soberba e o orgulho é sempre cruel devido ao fato de que não conhece o amor. Ou seja, um ato caridoso sem amor é tudo menos caridade graciosa.
E finalizando vemos o apóstolo dizer: e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.(1Co 13:3 b). Aqui é como se Paulo estivesse se referindo a história de Sadraque, Mesaque e Abednego e o forno de fogo ardendo (Daniel 3). Estes foram para fornalha por amor a Deus e não a si mesmo. Também é possível que Paulo estivesse pensando em cristãos que em realidade incitavam à perseguição. E aqui entendemos que se o motivo que faz com que alguém dê sua vida por Cristo é o orgulho, buscando o próprio brilho, a própria glória ou em busca de alguma recompensa até seu martírio não terá valor. Muitos de nós se martirizam por orgulho pensado que com isso estão sendo humildes, mas o que vemos é uma humildade firmada no orgulho e não no amor. Deus pai não nos pede sacrifícios Ele pediu e nos pede atos de amor ao próximo. Ou seja, o ser Cristão não esta baseado no sofrimento de quaisquer mazelas, mas sim num servir em amor e verdade. Jesus nos ensina isso nesta passagem: E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. (Mar 14:35,36). Segundo os historiadores ser sacrificado por seguir uma fé era algo que tornava a pessoa famosa após o seu martírio. Jesus estava tentando compreender se a cruz vinha de sua vontade ou se era a vontade do Pai. E após a oração e o confortamento que o anjo lhe trouxe, Ele levantou e em amorosa obediência seguiu ao encontro da Cruz. E, é isto que Paulo nos ensina nos versículos que estudamos que todo e qualquer dom ou feito só se faz completo se o amor for sua mola propulsora.
E por fim entendemos com o coração contristado que dificilmente haja outra passagem nas Escrituras que exija de nós uma autoavaliação diária, se estamos servindo em amor e verdade. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o impulsionador de nossos dons e atos.
(Molivars).