Medo da chuva
“Até que se derrame sobre nós o Espírito do alto; então o deserto se tornará campo fértil, o campo fértil será reputado bosque. O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 15 a 17
Isaías apresentara um cenário de desolação, que perduraria por muitos dias, até, o advento Bendito do Espírito Santo, que ensejaria as transformações supra alistadas. Haveria um “upgrade” em ambas as paisagens; o deserto tornar-se-ia campo fértil, o campo fértil, bosque.
Embora as imagens sejam da flora, trata-se de uma linguagem poética, figurando a mudança nas pessoas, pois, Seu Agente, O Espírito Santo, sobre elas desceria, não sobre o deserto estritamente.
Adiante, o mesmo profeta, mostrando efeitos da Obra de Cristo usa de novo árvores como tipos humanos, diz: “Porque com alegria saireis, em paz sereis guiados; os montes e outeiros romperão em cântico diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is 55; 12 e 13
Mas, o que faria determinado pecador ser um deserto, outro, um campo fértil, inda antes da ação do Espírito Santo? Bem, para efeito de juízo estamos todos no mesmo nível, sem Cristo: Mortos. Contudo, há diferentes índoles, corações, mesmo no âmbito natural. O senhor ilustrou isso como sendo, uns, terrenos duros, espinhosos, pedregosos, outros, boa terra. Os primeiros tipos de relevo assemelham-se ao deserto.
Contudo, a Semente da Palavra é lançada sobre todos; os que a receberem e frutificarem, não importando as condições pretéritas, serão reputados férteis. A Epístola aos Hebreus lança mão também, desse figura, vejamos: “Porque a terra que embebe chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada; perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6; 7 e 8
Uma vez mais, o objeto em apreço é o coração humano e sua resposta à Palavra de Deus, usando a terra como figura. Então, a mensagem de Isaías é que, os corações de boa índole seriam ampliados e frutificariam muito em consórcio com O Espírito Santo; mesmo os maus, que tivessem a graça de se arrependerem, seriam mudados em suas inclinações, e se tornariam espiritualmente produtivos.
Entretanto, mesmo após esse derramamento bendito, o deserto seguiria existindo, notemos: “O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil.” Juízo é um julgamento estrito; justiça uma maneira de agir.
Quem crê no Evangelho entende o Juízo de Deus sobre o pecado, sai de sob ele, mediante Cristo; deixa o deserto, se torna fértil, passa a ter compromisso com a justiça em seu modo de agir. Quem resiste, duvida, segue desértico, morto, debaixo do juízo, que habita no ermo.
A consequência de receber O Espírito Santo mediante aceitação da Palavra, é paz. Não, horizontal; depois do Evangelho muito sangue se derramou, perseguindo-se seus signatários, ou, falsos cristãos usando Deus como pretexto. A paz aludida é a reconciliação com Deus, não obstantes, os efeitos colaterais.
Tendo meditado sobre consequências da obra Bendita de Jesus Cristo e do Espírito Santo, os dois substantivos em realce são: Juízo e justiça. Muitos devaneiam com facilidades inexistentes, malversando a Graça de Deus. O fato de Ser Amor, não O faz permissivo com o pecado, como pai omisso que faz vistas grossas aos descaminhos de filhos rebeldes.
“A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus. Também o Senhor dará o que é bom, a nossa terra dará o seu fruto. A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho das suas pisadas.” Sal 85; 10 a 13
Se, nossa incapacidade pra salvação demanda o prefácio da misericórdia, habitados pelo Espírito Santo somos desafiados a andar no campo fértil da justiça; “A justiça irá adiante dele, nos porá no caminho das suas pisadas.”
Quem se ocupa deveras disso, tem tantos maus hábitos pra deixar, que não lhe resta tempo, tampouco, insanidade pra sair determinando, ordenando, tomando posse, da prosperidade, como está na moda.
Se recebeu a Ditosa chuva do Espírito entende que o fim é dar frutos, não, colher. Semear pra que outro colha, a bem do Reino. O que move-se ao aguilhão da avareza, egoísmo, malgrado o que o cerca em seu existenciário, inda jaz no deserto. Prefere a máscara da imitação rasteira pra disfarçar o medo da chuva.