Por Que Jesus Teve que Morrer?
Se considerarmos a doutrina da Sabedoria de Deus ("Ele sempre busca os melhores fins possíveis, e escolhe os melhores meios para a consecução dos Seus propósitos", [Teologia Sistemática Berkhof]) e a doutrina dos Eternos Decretos de Deus ("Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece", [CFW, III, I]), creremos que a nossa realidade é a melhor realidade possível, que tudo que acontece acontece exatamente no melhor momento e do melhor jeito possível. Por isso, tudo tem um significado especial dentro do plano de Deus, desde as pequenas às grandes coisas, desde as que nos parecem mais belas até as mais horríveis. Só por crer nisso é que podemos perguntar, certos de que haverá pelo menos uma resposta: por que Jesus teve que morrer?
A morte de Jesus é o ápice da história. Todas as ações de Deus centrifugam em torno da Crucificação. Considerando que Deus dirige todas as coisas "para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia" [CFW, V, I], é esse o propósito final da Cruz, demonstrar de maneira mais clara quem Deus é. E quem Deus é? Um Deus Santo e Justo. Sua única relação possível com o pecador é de ódio: "Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento." [Sl 5:4-6].
Assim, embora o propósito primário da Morte de Jesus tenha sido a glória de Deus, houveram propósitos secundários. O principal deles foi unir novamente um Deus Santo e uma humanidade pecadora. Como? A punição para o pecado, todo pecado, é a morte [Rm 6.23], mas Cristo morreu em nosso lugar, oferecendo sua própria vida como pagamento pelos nossos pecados, "porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" [Jo 3.16].
A morte de Jesus teve um caráter principalmente jurídico. O Supremo Legislador estabeleceu que, se houvesse um homem inocente, um só nesse mundo completamente justo, este homem poderia dar sua vida voluntariamente pelos outros: "Meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores." [Is 53.11b-12]
Jesus, e só Jesus, cumpriu esse decreto. Dessa forma, somente através Dele é que podemos ser salvos da punição de nossos pecados, por meio da fé. "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." [Atos 4:12]