O PÃO QUE DESCEU DO CÉU
"DISSE-LHES JESUS: A MINHA COMIDA CONSISTE EM FAZER A VONTADE DAQUELE QUE ME ENVIOU E REALIZAR A SUA OBRA"(João,4:34)
-------------------------------------------------------------------
Os discípulos tinham comprado comida na cidade vizinha; agora que a mulher fora para contar sua história ao povo de Sicar(João, 4. 28-29) eles, os discípulos, queriam que JESUS comesse (João 4.31). Há um paralelo entre a conversa com os discípulos sobre a comida. Apesar de estar sedento e cansado (e, provavelmente, também com fome), parece que Ele foi saciado e revigorado pela oportunidade de prestar ajuda espiritual a uma alma carente. Assim como a mulher entendera mal suas primeiras palavras sobre a água viva, tomando-as em sentido material, agora também os discípulos pensam que Ele está falando de comida física. Por isso, JESUS precisa esclarecê-los. A pergunta dos discípulos: "TER-LHE-IA, PORVENTURA, ALGUÉM TRAZIDO DE COMER", é feita de uma maneira que exige a resposta. Não! Moisés disse que "DE TUDO O QUE PROCEDE DA BOCA DO SENHOR, DISSO VIVERÁ O HOMEM"(Dt. 8.3). Ninguém demonstrou a verdade deste princípio tão bem como JESUS. Ouvir a voz do Pai e fazer sua vontade era a alegria e a força da sua vida. Perto do fim do seu ministério, Ele pode dizer ao Pai: "EU TE GLORIFIQUEI NA TERRA, CONSUMANDO A OBRA QUE ME CONFIASTE PARA FAZER". (João, 17:4).
Parte da tarefa que seu Pai lhe deu era transmitir sua bênção à mulher de Sicar e, através dela, aos demais habitantes do lugar; a satisfação que Ele agora experimentava por ter feito a vontade do Pai era maior do que qualquer satisfação que o pão(alimento) podia proporcionar. A propósito, o próprio JESUS é retratado como o pão que desceu do céu, na passagem de João 6. 22-40, como um sentido secundário que a satisfação e a salvação espirituais que ele supre também tem origem celestial, tal como o maná foi suprido para o povo de Israel, quando se achava no deserto, por um ato de DEUS.
Assim sendo, pão ou alimento podem representar o alimento espiritual, a salvação, ou mesmo o próprio JESUS. Mas, neste caso, JESUS fala do sustento espiritual e da satisfação para as nossas almas, elementos esses que são as forças orientadoras e dominantes da vida, tal como o alimento físico é o elemento que sustenta o corpo físico.
O trabalho realizado por JESUS, que consistia em levar os homens a perceberem a existância e o destino da alma, de mostrar-lhe à vontade de DEUS, de elevar as suas vidas a um novo nível, eram os elementos de que ele se sustentava, da mesma forma que muitos homens se sentem obcecados por algum interesse particular, e vivem sempre e constantemente para isso, sem importar-se se trata de uma profissão, de um serviço social, do dinheiro, da fama, ou de qualquer coisa que se lhes assemelhe. A imposição do dever, o poder animador da esperança, o estímulo do sucesso, são forças que suprem, a nervos débeis e cansados e a músculos doloridos, o vigor de uma nova vida.
Sob esses impulsos, o soldado pode esquecer-se de seus ferimentos, o mártir pode sorrir dos leões ou da fogueira, e o viajor exausto pode continuar palmilhando seu caminho, ao pensar na proximidade de seu destino. A nós é impossível analisar esse poder, mas o fato é que ele existe. Tais pessoas contam com um alimento que é inteiramente desconhcido para os de fora. Três frases estão contidas neste versículos e representam três idéias primordiais deste quarto evangelho, a saber:
1 - "FAZER A VONTADE" - JESUS tinha confiança que essa vontade, embora conduza o servo de DEUS a veredas dificílimas, as vezes, na realidade é a melhor de todas, porquanto tem, como resultado final, o bem, e não o mal, e também a glória, e não a derrota. Talvez nada tenha sido capaz de sustentar um mundo em sofrimento como essa confiança, pois a despeito de retrocessos, sofrimentos e desgraças, ou até da própria morte, de alguma maneira Deus continua governando e estabelecendo uma norma para tudo; e, apesar dessas serem lições difíceis de aprender, contudo, vale a pena sermos instruídos nelas. Sem essa certeza, a idéia de um mundo caótico e sem sentido dominaria, e, dentre todos os sofrimentos humanos, esse seria o maior de todos.
2 - "DAQUELE QUE ME ENVIOU" - para uma incumbência especial. Essa particularidade é frisada pelo Senhor JESUS por cerca de quarenta vezes, neste quarto evangelho, e de todas às vezes é enfatizada a obra do Filho, como realização de uma tarefa especial, que lhe foi designada pelo Pai. JESUS, ao falar sobre os semeadores e os ceifeiros - vs. 36 - mostrou que Ele estendeu a sua missão aos discípulos, e, por conseguinte, as suas vidas passaram a ser governadas pelo mesmo princípio. O pensamento de que todos nós temos um propósito e uma missão especiais neste mundo, também nos infunde grande consolo.
3 - "REALIZAR SUA OBRA" - Isso significa que a nossa missão pode chegar a uma conclusão satisfatória, apesar de alguma derrota aparente. É justamente por esse motivo que JESUS pode dizer por ocasião de sua morte. "ESTÁ CONSUMADO" (João, 19:30). Esse conceito empresta um sentido todo especial à vida, e é algo de que todos precisamos, neste mundo que se inclina para as questões materialistas, repleto de violência e da insanidade do homem e de sua desumanidade para com os seus próprios semelhantes.
Por fim, a palavra "REALIZAR" não significa meramente levar à conclusão, terminar, e sim, aperfeiçoar, encerrar com sucesso, plenamente.
"MAS EU TENHO MAIOR TESTEMUNHO DO QUE O DE JOÃO; PORQUE AS OBRAS QUE O PAI ME CONFIOU PARA QUE EU AS REALIZASSE, ESSAS QUE EU FAÇO TESTEMUNHAM A MEU RESPEITO DE QUE O PAI ME ENVIOU"( João, 5. 36).
FONTES
Bíblia Sagrada
LIVROS
N.T. Introdução e Comentários
N.T. Interpretado
N,.T.Evangelho Segundo João-Comentários e Mensagens
Wilson de Oliveira Carvalho
"Todos querem ser devotos, mas ninguém quer ser humilde"
Joseph Addison - Poeta Inglês