Sei, mas, não conheço
“Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão e eu aqui pereço de fome!” Luc 15;17
Vivemos a era da informática, bombardeados por uma gama de novidades tal, que, precisamos ser seletivos armazenando apenas o essencial. O excesso de informações exteriores pode atrofiar algumas interiores mais importantes.
Como assim, informações interiores? Memórias, que, rebuscadas, em determinado momento viram informações; como no exemplo supra, do Filho pródigo. “...tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão...” A entrega aos prazeres havia entorpecido sua memória, de modo tal que “saiu da casinha”; precisou “tornar a si” para rebuscar uma informação valiosa. Os empregados de seu pai viviam melhor que ele.
Sem me aprofundar, por ora, na saga do Pródigo, quero tecer considerações sobre isso; o que sabemos, e, como encaramos ao saber.
Claro que saber algo não basta; carecemos vontade de agir, ou, reagir, à luz de tal fato. Um viciado em cigarros, por exemplo, depara com frases expressas nos maços sobre os malefícios do vício; ignora-as e segue fumando. Igualmente, os dependentes de vícios piores conhecem as consequências, contudo, lhes falta força para o exercício de uma vontade hígida, quando não, falta a própria vontade.
Possuir meio não é poder; esse requer algo mais. Ter uma arma não significa ter poder para se suicidar, se, ante à ideia concorrerem motivos maiores como amor à vida, ou, medo da morte. Nesses, a informação seria um meio de libertação, mas, falta força pra exercer o arbítrio livremente, pois, subjazem aos grilhões da dependência química.
Assim, carecem ser tomados pela mão, como prometeu O Criador aos de Israel, certa vez: “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela mão direita; e digo: Não temas, eu te ajudo.” Is 41; 13
Aliás, Evangelho quer dizer, Boa Notícia, informação útil, agradável. Acontece que os viciados no pecado estão também dependentes; mesmo informados não conseguem romper os grilhões sozinhos. Entretanto, quem Crê em Jesus não é desafiado a andar sozinho; primeiro é capacitado a corresponder os anseios Divinos. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1;12 Depois é ajudado pela Bendita Presença do Espírito Santo; “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1; 13
Ezequiel ilustra isso: Deus lhe dá uma ordem, Seu Espírito ajuda a cumpri-la, mediante a disposição interior do profeta. “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2; 1 e 2
Assim, O Espírito de Deus nos capacita a cumprir o que Sua Palavra ordena. Junto à informação vem o meio. Não obstante, concorre o arbítrio, a vontade de quem é capacitado segue livre, podendo obedecer ou não.
Aos Seus Jesus desafiou a transformar informações em ações; “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13; 17 Aos céticos, a testarem a veracidade das notícias praticando-as. “Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.” Jo 7; 16 e 17
Tiago, por sua vez, denunciou aos que, ouvem coisas vitais e tratam como banais, fúteis. “E sede cumpridores da palavra, não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo e vai-se; logo esquece de como era.” Tg 1; 22 a 24
Alguns confundem saber com conhecer; sei que Washington é uma grande cidade americana, mas, não a conheço, nunca estive lá. Assim a maioria sabe sobre O Salvador, Sua Doutrina, mas, não é salva nem livre; isso demanda algo mais; “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8; 31 e 32 Isso quer dizer, obediência, para conhecer.
Muitos padecem fome espiritual, sabendo onde tem mantimento; seguem moribundos, alheios. Como os filhos de Jacó na grande seca sabiam que havia pão no Egito, e nada. Até que o patriarca bradou: “Até quando ficareis olhando um para o outro? Ide e comprai mantimento, para que não pereçamos de fome”!
Assim você que sabe de Cristo, Sua libertação e Sua paz, até quando ficará entre os porcos como o Pródigo? Volte a si, há fartura na casa do Pai.