O amor a Deus e ao próximo é inextricável, ou seja, inseparável.
Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1Jo 4:20). Este versículo nos mostra algo que devemos atentar, é muito comum vermos alguém citar o mandamento que Jesus citou em resposta aos fariseus: Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. (Mat 22:37). E na maioria das vezes param por aqui, esquecendo-se de terminar o que Jesus ensinou, não sei se por conveniência ou por entender que devemos amar somente a Deus. Mas na verdade o ensinamento de Jesus continua ante o questionamento dos fariseus e Ele diz: Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. (Mat 22:38-40). E aqui João esclarece de forma clara e sucinta, que aquele que diz que ama a Deus e odeia o seu irmão é mentiroso, ou seja, se continuar com esta atitude estará fora reino de Deus.
É certo que o publico alvo dos dizeres de João são as várias linhas religiosas da época que visavam deturpar os ensinamentos Cristão. E aqui ele ataca os falsos mestres da época que com seus ensinamentos deturpados que prejudicava o seio da igreja. Causando dissenções, divisões e disseminando o sentimento de ódio com o intuito de mostra que amar o outrem e algo impossível. E isto acontece ainda hoje muitos de nós quando ouve o ensino de que devemos amar o próximo trata logo de arrumar uma saída dizendo: eu tenho que amar, mas não preciso conviver com fulano; ah! Praticar o amor é muito difícil; ou ainda se firma dizendo: você viu o que ele fez, como posso amar uma pessoa assim? Mas o que devemos lembrar é que o verdadeiro Cristão deve buscar amar o inamável e perdoar o imperdoável. E é bom que entendamos que aquele que deixa de buscar a verdadeira semente do amor em seu interior, não tem parte com Cristo. Quando estudamos a Antigo Testamento vemos que o maior erro do povo escolhido por Deus, foi o de sempre primar pelos bens materiais e detrimento ao bem-estar do próximo. Uma nação que deveria ser luz para o mundo, dando exemplo de um viver em igualdade em amor e verdade se deixou corromper pelos desejos e pela ganância de poder pelo poder. E assim ainda hoje se dá com a igreja que deveria ser o corpo de Cristo na terra, e como corpo de que foi Luz e alumiou um amor vívido e vivido. E nós como Cristãos participantes do corpo de Cristo devemos ser exemplos de um povo que prima pelo servir em amor e verdade, mas não que vemos acontecer, na maioria das vezes servimos como exemplos de trevas quando nos deixamos levar pelo ódio e pela ganância.
E aqui veremos o que o ódio faz com o Cristão:
1 – Aquele que odeia ou despreza o próximo está envolvido pelas «trevas» e cativado pela malignidade que reina no mundo: Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos. (1Jo 2:11). Jesus nos ensinou de forma vívida e vivida que seu amor está para todos sem exceções. O amor de Cristo está para aquele que o ajudou carregar a cruz como para aquele que pregou o cravo em suas mãos. O seu amor está para aquele que o negou como para aquele que o traiu. Ou seja, o seu amor é para ser vivido e compartilhado muito mais que sentido, porque onde reina o amor reina a luz e aquele que busca praticar o amor iluminado é.
2 – Aquele que carrega em seu coração o ódio e o rancor está cercado de armadilhas e tropeços, pois a sua vontade está vendida: Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, (1Jo 2:11). Quando deixamos o ódio e o rancor tomar conta de nossos corações nascem os preconceitos e as divisões. E começamos a tropeçar nas coisas ruins que sentimos. Já não enxergamos qualidades do outrem somente defeitos, e já não ouvimos o que de bom o outro fala de nós, porque teremos como filtros do nosso ouvir o ódio e o rancor, e se o outro disser que somos bons receberemos como uma ofensa. Os feitos alheios já não terão valor pois os nossos olhos estarão cobertos pelas lentes obscurecidas pelo ódio. Ou seja, andaremos em trevas.
3 – Estaremos cegos: porque as trevas lhe cegaram os olhos. (Joã2:11). E neste caso a cegueira não uma cegueira física, mas sim uma cegueira espiritual, porque não conseguiremos enxergar qual é o real caminho que devemos seguir. E nos perderemos no caminho da religiosidade invés de trilharmos o caminho do discipulado do amor de Cristo e em Cristo.
4 – Este item pode parecer um pouco dolorido aos ouvidos de muitos, mas é algo que temos que ensinar. Aquele que carrega consigo o ódio, certamente os seus pecados não estão perdoados, porque para que haja perdão e necessário que haja arrependimento e quem odeia o seu irmão certamente ainda não se arrependeu do ódio que traz consigo. Consequentemente não é uma pessoa convertida: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mat 6:14,15).
5 – Aquele que odeia, consequentemente não tem comunhão com o irmão, e sendo assim não tem comunhão com a luz de Deus: Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (1Jo 1:7). E aqui cabe saber que é nós que devemos ter comunhão com o próximo, a comunhão é ativa e não passiva, ou seja, comunhão se pratica não se espera.
6 – E se o ódio habita no coração de alguém e este se diz crente, ele até pode ser crente, mas ainda não é Cristão. Pois a obra de transformação segundo a imagem de Cristo ainda não obteve nele qualquer fruto, e o amor ainda não iniciou o seu aperfeiçoamento dentro deste: se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. (1Jo 4:12).
7 – Somente uma coisa pode impedir que o Espírito Santo transforme o nosso interior, e isto se dá quando temos o nosso coração ocupado pelo ódio, pelo rancor, pelo preconceito e pelo pernicioso desamor. E aquele que deixa se levar por tais sentir por conseguinte, não desfruta da presença habilitadora do Espírito Santo.
8 – E se não desfrutamos da transformadora presença do Espírito Santo, consequentemente não desfrutamos de comunhão divina com Deus, e não permanecemos nele. Porque somente o praticar do amor nos mantém em Deus: Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. (1Jo 4:16). E aqui mais uma vez entendemos que amamos a Deus quando amamos o próximo por pior que ele seja.
9 – Quando o ódio habita em nós tornamo-nos seres desconfiados, e seremos a todos os instantes tomados de assaltado de temores. E veremos maldade onde reina a pureza, não porque aquilo ou aquele é impuro, mas sim porque a impureza habita em nós, porquanto ansiaremos cheios de temores devido ao juízo vindouro, porque chegaremos num ponto em que desconfiaremos até mesmo da misericórdia de Deus. Mas quando primamos por amar e buscamos incessantemente praticar o amor não somos ofuscados pelo temor: Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. (1Jo 4:17,18).
10 – E como nos diz o apóstolo, aquele que diz que ama a Deus e odeia o próximo é um mentiroso. Aqui soa como se João dissesse que este pertence a Satanás, porque ele é o pai da mentira, pois Satanás foi mentiroso desde o princípio: "Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.(Joã 8:44). É certo que aqui Jesus está falando aos judeus da época, mas também é certo que isto serve para nós hoje. Porque se praticamos o ódio somos homicidas de almas.
E por fim é bom que entendamos que devemos deixar de lado as diferenças e nos ocuparmos em amarmos mais e melhor. Porque o reino de Deus não é feito de quem ora mais, de quem jejua mais ou louva mais, mas daquele que serve mais em amor e verdade, ou seja, daquele que busca amar mais e melhor servindo a Deus num serviço gracioso ao próximo "Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? ’ "O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’. (Mat 25:37-40). Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o arbitro de nossos corações.
(Molivars).