O erro alheio é um convite a auto-observação.

Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. (Joã 8:3-6). Está passagem é muito conhecida e comentada a várias linhas de pensamentos teológicos sobre ela. Más eu quando estudo está passagem vejo algo interessante que ainda não vi nos vários comentário que eu já estudei. Primeiros temos que entender o que dizia a lei a respeito do adultério. E quando a entendemos as atitudes de Jesus se mostram claras e de grande sabedoria.

A lei a respeito do adultério está a princípio em levítico que diz o seguinte: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera.” (Lev 20:10). Mas aqui não diz como deveria se levar a cabo a execução nós vemos isto ser descrito em: Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel. Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim, eliminarás o mal do meio de ti. (Deu 22:22-24). Quando analisamos o ocorrido vemos que os escribas e os fariseus estavam errados pois trouxeram somente a mulher. E de maneira direta vemos que se Jesus a condenasse ele infligiria a lei mosaica.

Mas há algo mais profundo nisto tudo, quando os escribas e fariseus confrontaram Jesus com esta decisão, eles pretendiam embarcá-lo no seguinte dilema: Se Jesus decidia que era preciso apedrejar a mulher, Ele estaria sujeito a duas coisas: Em primeiro lugar, Ele deixaria um exemplo contrário a misericórdia, e então Ele jamais poderia ensinar novamente sobre o seu amor e sua misericórdia, e não seria chamando de amigo dos pecadores. E ainda iria de encontro com a lei romana pois os judeus não tinham poder para impor a pena de morte sobre ninguém. De maneira que um duro dilema se fazia presente naquele momento para Jesus. Se Jesus dizia que a mulher devia morrer, perderia o amor e a devoção da maioria das pessoas simples, e se tornaria em um criminoso perante o governo romano. Se Jesus decidia que era preciso perdoá-la, imediatamente se afirmaria que ensinava as pessoas a desobedecerem a Lei de Moisés, e que fomentava e até alentava as pessoas a cometerem adultério. Essa era a armadilha em que os escribas e os fariseus pretendiam fazer Jesus cair. Mas Jesus na profundidade de sua sabedoria agiu com amor e simplicidade e inverteu seu ataque de tal forma que se voltou contra eles mesmos.

A simplicidade sempre foi a marca de Jesus, Ele sempre buscou suprir as pessoas em suas necessidades. Vemos isto no milagre do casamento, na partilha do pães, nas curas e nas libertações. Jesus sempre primou pela simplicidade, e pelas pessoas símplices. E na escrita no pó onde se escreve e o vento logo apaga Ele desviou-se dos olhares sagazes e venenosos dos escribas e dos fariseus. Porque o amor embora sendo o maior poder do universo e por ser o maior poder do universo, sentiu-se triste ante aqueles olhares maliciosos e lascivos dos escribas e dos fariseus. E este misto de maldade e vergonha; maldade que vinha da ofegante da multidão, e vergonha que vinha da mulher, combinaram-se para encher o coração de Jesus de agonia e piedade, de maneira que escondeu seu olhar. E ao mesmo tempo Jesus supria os acusadores com o perdão e a acusada com a misericórdia do amor. E neste desvio de olhar fazia-se a justiça misericordiosa do amor de Deus na terra.

Também vemos que Jesus ao analisar a situação traz a sabia decisão quando vemos Jesus dizer: Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. (Joã 8:7). A palavra traduzida para sem pecado aqui no grego é: “αναμαρτητος anamartetos”, Que entre seus significados têm o de: Sem pecado, de alguém que não tem pecado. E quando buscamos a raiz desta palavra vemos a maestria de Jesus em ação. Está palavra deriva da palavra: “αμαρτανω hamartano”, que temo seguinte significado: Errar ou desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou andar no erro, errar o alvo estar errado. E como vimos acima o lei mandava apedrejar o homem e a mulher, e eles só trouxeram a mulher e de maneira direta vemos que estes estavam errados. E quando levamos isto para a profundidade da consciência humana vemos que estes ao consultar-se virão que eles participavam do mesmo pecado senão na pratica no desejo. A começar pelos mais velhos. Sua idade fazia deles os líderes, e sua experiência do pecado mais longa dava-lhes mais motivos para autoacusação. E aqui fica uma lição se diante de qualquer acontecimento nos autoanalisarmos compreenderemos que somos tão falhos quanto aquele que acaba de cometer a falha.

E por fim só os dois ficaram, de um lado a pecadora com o coração arrependido e de outro lado o Amigo dos pecadores Jesus Cristo. E mais uma vez algo se faz grande nesta passagem, Jesus poderia ter atirado a pedra, pois Ele não tinha pecado; mas Ele estava mais preocupado com a reabilitação do pecador do que em ver a Lei ser meticulosamente satisfeita. E então com palavras nascidas do amor misericordioso Ele diz: “Nem eu tão pouco te condeno,” (Joã 8:11). Mas a afirmação perdoadora trouxe consigo um lindo e responsável dever, e vemos isto quando ele diz: vai, e não peques mais. A assim entendemos que o perdão divino é infinito, mas o dever de não mais pecar pertence ao ser humano aqui no finito.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 25/09/2015
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