O praticar correto da misericordiosa caridade, em amor e verdade.
Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; (Mat 6:3). Neste versículo vemos Jesus nos ensinar a forma correta de se ajudar alguém. O dito aqui citado, era um provérbio corrente da época. Mas que ilustra de forma magistral como se deve praticar a ajuda seja ela em forma de esmola ou no praticar da misericórdia. E Ele faz está explicação para que não nos deixemos levar pelo sentir errado no ato de praticar a misericórdia. Na vida comum nos vemos três élan que nos levam a praticar a ajuda ao próximo.
1 – Podemos ser levados a praticar a ajuda pelo sentido de obrigação. Podemos fazer uma oferta, dar uma esmola ou ajudar a alguém não porque nos sintamos movidos interiormente a isso, mas sim porque cremos que estamos sob uma obrigação de fazê-lo. Até é possível que alguém chegue a considerar mesmo que inconscientemente, que os pobres estão no mundo para lhe permitir cumprir esse dever e desse modo adquirir méritos perante Deus. Pensando que ao praticar um ato de caridade ele receberá em dobro. E Deus sendo fiel sempre lhe retribuirá de acordo com aquilo que o seu coração deseja, sendo assim se praticamos atos de caridade esperando receber bens materiais isto acontecerá, mas como os bens materiais são efêmeros assim também seremos. Porque se praticamos a caridade por obrigação, somos iguais aos fariseus que davam aquilo que estavam fora deles, mas o seu interior continuava cheio de desamor.
2 – Podemos ajudar a outrem porque nos sentimos superiores; Catherine Caswell conta em sua biografia algo interessante que ilustra bem o sentido do estamos dizendo: "Todos os domingos pela tarde meu pai percorria as delegacias de polícia da cidade, pagando a fiança dos que tinham sido detidos na noite anterior, para que não perdessem seus empregos no dia seguinte, por não apresentar-se ao trabalho. Todos tinham que assinar uma promessa de não beber e eram solicitados a devolverem a meia coroa da fiança ao cobrar seu salário da semana seguinte. E com um ar de superioridade fazia os ajudados ouvir um sermão sobre boa conduta" Sem dúvida a atitude do citado homem era essencialmente correta. Mas o sentir de sua generosidade não lhe acrescentava nada no que diz respeito a sua vida interior. Ele era generoso porque desse modo se sentia superior em sua eminente respeitabilidade e sempre junto com sua dádiva entregava seus bons conselhos. Evidentemente se sentia membro de uma categoria moral diferente da daqueles bêbados. E isso nos leva a entender Apesar de tudo o que ele dava ele nunca deu algo de si mesmo. Mesmo. Porque dava do bem material que possuía, mas como permanecia no pedestal da superioridade não dava na da de si mesmo. E aqui algo nos remete ao que Paulo diz aos Coríntios em sua segunda carta: pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos. (2Co 8:9)
3 – Podemos fazê-lo por prestígios ou para se autopromover. Muitos de nós ajudamos para mostrar a outrem que somos generosos. E aqui entra a maioria de nós, porque se ajudamos a outrem e este nos devolve a ingratidão nos ressentimos e ficamos revoltados dizendo logo em seguida como fulano é ingrato. A única coisa que se busca neste caso é a glória de ser generoso, e o respeito daquele que foi ajudado quando não a servidão do mesmo. Muito possivelmente se ninguém fosse inteirar se, se não se fizesse publicidade de sua dádiva, se o ajudado não caísse em servidão jamais daríamos um centavo. E se não somos elogiados, agradecidos e honrados, ficamos insatisfeitos, tristemente frustrado e mal dizemos, achando que não devemos ajudar porque a paga sempre é a ingratidão. Ou seja, não ajudamos para que os pobres vejam-se aliviados de sua miséria, mas para gratificar a nossa vaidade e evidenciar o nosso próprio sentido de poder. Quando deveríamos darmos para a glória de Deus, pela glória dadivosa de podermos ajudar a outrem. E aqui entendemos o significado de uma das bem-aventuranças: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Mat 5:7).
4 – E por fim vemos a maneira certa de ajudarmos o de praticarmos a misericórdia. A verdadeira caridade vem do fruto do Espirito Santo que faz brotar o amor e a bondade dentro de nossos corações, e este sentir não nos permite fazer outra coisa senão ajudar e consolar a outrem. Conta-nos a história que em volta do Dr. Johnson flutuava uma espécie de ampla aura de bondade. E aqui temos o exemplo do praticar da caridade pelo amor e simplesmente por amor: Em uma certa oportunidade quando ele voltava para casa encontrou uma mulher atirada na rua, tão exausta que não podia sequer caminhar: Johnson a levantou, colocou-a sobre as costas, e a levou para sua casa. Ali descobriu que era uma dessas pobres prostitutas, que tinha caído até o mais baixo do vício, a enfermidade e a fome. Em vez de recriminar sua conduta, deu instruções para que a atendesse com todo carinho durante longo tempo, o que exigiu bastante dinheiro, até que recuperou a saúde totalmente, e tentou trazê-la de volta ao caminho da virtude." Tudo o que Johnson recebeu como recompensa terrestre desse gesto generoso foram intrigas maliciosas sobre seu próprio caráter, mas seu coração o obrigava a dar, e nenhuma maledicência poderia detê-lo. Jesus Cristo nos mostrou a pauta desta forma de caridade. E mais uma vez nos remetemos o que Paulo escreveu aos Coríntios: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Cor. 8:9).
Nossa ajuda, esmola ou caridade nunca deve ser a severa e orgulhosa dádiva que obedece a um sentimento de dever, e menos ainda deve perseguir como propósito enaltecer nosso prestígio e glória entre os homens, e nem tão pouco ser firmada em um espera de gratidão. Deve vir do fluir instintivamente de um coração amante; devemos dar a outros do mesmo modo que Jesus Cristo Se deu e se dá a nós em amor e verdade.
(Molivars).