Um obtemperar no amor e não pelo poder.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. (Flp 2:5-8). Aqui nestes versículos se faz aparente mais uma das grandes verdades sobre Jesus. E ao lê-los devemos ter em mente que sempre quando Paulo pensava e falava de Jesus não tinha consigo um propósito intelectual ou especulativo, mas sim eram sempre práticos. Para ele o Evangelho era algo para ser vivido, Paulo sempre uniu a teologia com a ação. Para ele, todo sistema de pensamento deveria necessariamente converter-se num caminho de vida. Sendo assim devemos deixar de lado as discussões teológicas sobre a KENOSIS, ou seja, a teologia do esvaziamento. Até mesmo porque está discussão só levaria a um beco, sem saída. A intenção de Paulo aqui é a de persuadir e impulsionar os filipenses a viver uma vida livre de desunião, desarmonia e de ambição.

Paulo aqui mostra ao povo da época e a nós que Jesus se humilhou, fez-se obediente até a morte, e morte extrema, morte na cruz. Vemos que não foi alguém que o humilhou, mas foi Ele que humilhou a si mesmo. Jesus agiu como aquele que se agacha para falar com uma criança, porque a ama. E quando alguém assim age o faz, não por obrigação mas, sim por amor; não o faz com pesar, mas com alegria e sorriso no rosto. As grandes características da vida de Jesus reside na humildade, na obediência e na renúncia de si mesmo. Jesus não optou por dominar o ser humano, mas sim apenas em servi-lo. Ele não se ocupou em seguir seu próprio caminho, mas sim o do Pai. Não almejou sua própria exaltação, mas sim a renunciou a toda glória pelo bem da humanidade. E, é aqui que vemos a diferença entre Adão e Jesus: Adão ambicionou o que não tinha buscando ser igual a Deus, Jesus esvaziou-se, para entender e salvar o que nada tinha.

Vemos firmado por várias vezes no Novo Testamento, que só aquele que se humilha será exaltado (Mateus 23:12: Lucas 14:11; 18:14). E aqui cabe um entendimento que todo Cristão deve levar consigo: “Se a humildade, a obediência e a renúncia de si são as características supremas da vida de Jesus Cristo, também devem ser os sinais de autenticidade do Cristão, porque ser Cristão consiste em buscar ser cópia de Cristo.” E aqui entendemos que tanto a grandeza Cristã como a unidade Cristã dependem da renúncia de si mesmo; e que a luz desta grandeza é destruída quando se faz presente a exaltação de si mesmo. O egoísmo, a busca e a exibição de si mesmo destroem a semelhança com Cristo e nossa comunhão uns com outros. Porque o amor sempre deve valer mais e os caprichos egocêntricos.

E por fim vemos que Jesus nos obtempera pelo amor e não pela exaltação do seu poder, Jesus nos comove não pela força de um Deus poderoso ou pelo medo da dor de um Deus que castiga o erro, mas nos leva a comoção sacrificando-se e negando-se a si mesmo por amor a nós e mostra-nos o caminho do perdão que nos leva a salvação. Se meditarmos na visão de alguém que deixa a glória pela humanidade e os ama até o extremo de morrer na cruz por nós, o nosso coração se encherá de ternura e se quebrará toda resistência. E o nosso cultuar a Jesus não se dará pelo pavor diante de um grande poder que corrige, mas sim em uma esmagadora submissão, diante do brilho maravilhoso do amor de um criador que se torna criatura para entendê-la e englobá-la dentro do perdão.

E quando lemos e entendemos invés de dizermos: “Não posso resistir a um poder como este”. Bradamos com um coração contrito: “Um amor tão assombroso e tão divino encanta toda minha alma e todo meu ser”. E mais ainda: " Eu não fui reduzido ou submetido a uma poder", mas sim: “Elevado pelo assombroso, amor doador que me leva a um amoroso louvor.” Não é o poder de Cristo que reduz o ser humano e o submete; mas sim o amor maravilhoso de Cristo faz com que os joelhos se dobrem num maravilhado ato de amor. E com isto entendemos que a adoração se baseia não no temor, mas no amor. Amor este, que deve ser praticado em tudo e para com todos, porque o amor perdoador gera vida e alegria, mas o rancor e a sede de vingança disfarçada de justiça gera dor e destruição. Que o amor perdoador de Cristo Jesus seja o arbitro de nossos corações.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 04/07/2015
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