O Face de Jesus
O Face de Jesus
“Vós mandastes mensageiros a João... Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos salveis. Ele era a candeia que ardia, alumiava; vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com sua luz.” Jo 5; 33 a 35
Jesus evocou o testemunho de João Batista como sendo a Verdade, depois, disse: Eu não recebo testemunho de homem. Não significa, isso, que estivesse se contradizendo; ora, autorizando, outra, negando o testemunho do Batista. Antes, colocando os pingos no is.
Quando afirmou não receber testemunho humano, não se tratava de rejeitar eventuais; antes, de ter um testemunho mais excelente. Tanto por palavras do Pai, quando da ocasião de Seu batismo, quanto, pelas obras que realizava. “Eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou.” V 36.
O testemunho de João, dissera, é algo que a nós compete receber. “... digo isto para que vos salveis.” Longe de “legislar em causa própria”, pois, seu alvo era sempre o bem dos pecadores.
Entretanto, esses, reféns das paixões eram muito volúveis; desafiados a mudarem, mudavam para pior, como, não raro, acontece conosco. “Ele ( João Batista ) era a candeia que ardia, alumiava, e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.” Tendo João surgido depois de largo hiato profético, o período inter-bíblico que vinha desde Malaquias, o último profeta do Velho Testamento, em tal contexto se encontraram água e sede.
Rapidamente agregou em torno de si multidões famintas da Palavra de Deus, embora, parece que, o fato de Deus estar falando outra vez fosse mais importante que ouvir, o quê, Ele estava falando.
João jamais pretendeu ser algo além da “Voz do que clama no deserto” o precursor do Salvador; fez questão de deixar claro isso. Contudo, os que se aglomeravam em torno dele não levavam a sério suas palavras, apenas exultavam com sua presença. Esse vício humano de, uma emoção favorável vendar os olhos da razão, tanto nos priva de ouvirmos à Vontade de Deus, quanto, nos permite orbitarmos felizes ao redor de falsos profetas.
Tanto quanto, ao acender uma luz mais intensa a de menor fulgor “desaparece” do ambiente, assim deveria se dar com o ministério de João, após a chegada do Messias. “Convém que Ele cresça e eu diminua.” Afinal, tendo as obras milagrosas seu papel testemunhal também, em momento algum, testificaram de João. “E muitos iam ter com ele e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas, tudo quanto João disse deste era verdade.” Jo 10; 41 Isso de alguns que deixaram de seguir João e creram no Salvador.
Porém, o que nos leva a nos alegrarmos um pouco com algo e depois abandonarmos? Há decisões que seguem aos ditames da razão; outras, da emoção. Aquelas perseveram em atenção ao alvo, malgrado o preço; essas, cambiam sempre que muda o estado emocional.
Assim, O Salvador era muito “bom” quando operava milagres, e “mau” quando denunciava a hipocrisia, demandava obediência, santidade dos seus. Essa segunda parte não enseja emoções agradáveis, mas, deveria desafiar aos dois neurônios. Algo tipo: Se esse homem tem poder para realizar obras dessa monta, deve ter motivo para requerer o que requer; por difícil que seja, vale à pena, tô dentro.
Mas, qual, posto que alguns pequenos lhe davam ouvidos, o “establishment” religioso acusava de sedição, oposição a Deus que derivaria da religião.
Essa doença ainda é pujante em nossos dias; as pessoas não querem ser iluminadas, antes, “curtidas”. E o Face de Jesus era parcimonioso em “curtidas”. Parece que uma vez ou duas curtiu o “post” de um centurião que se disse indigno de Sua presença; ou, de uma mulher siro fenícia que afirmou se contentar com migalhas pela cura da filha; no demais, o Mestre era Grave, Verdadeiro, Justo.
Estamos acostumados ao viés psicologizado que considera sentimentalismo como amor; pode ser gerador de emoções agradáveis esse engano, contudo, com Deus não cola. “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Apoc 3; 19
Outro lapso do emocional no controle é seu imediatismo; Deus mira o depois, ainda que o imediato seja doído. “Toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 12; 11
O construtor prudente, pois, não usa a “Colher Ungida” do Waldemiro Santiago; antes, começa e acaba sua obra, se deixando edificar nos bons e nos maus dias. Emoções boas estimulam; más, desafiam. Vençamos os desafios com Cristo, e veremos as más vertidas em gozo.