Aquele que se ocupa em mudar a si mesmo, não tem tempo de julgar o próximo.

Aqui se fixa mais um dos pilares de toda base ética da vida de um Cristão, sendo esta passagem parte integrante do sermão do monte. Que tem seu início no capítulo cinco do Evangelho segundo Mateus e se estende até o capítulo sete onde, Jesus firma toda ética de uma vida Cristã. Ele aqui trata do julgamento parcial que as vezes fazemos ao dizer: Não julgueis, para que não sejais julgados. (Mat 7:1). E logo em seguida Ele diz: Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão. (Mat 7:5).

Existem, pelo menos, três razões que nos impede de julgar os atos ou a vida de alguém:

1 – Conhecimento na íntegra: Nós na maioria das vezes, senão sempre, desconhecemos todos os fatos ou razões que leva uma pessoa agir de uma ou de outra maneira. Nós desconhecemos a força das tentações que outros devem suportar. Uma pessoa de temperamento plácido não conhece a tentação daqueles da que reagem apaixonadamente ante o menor motivo. Uma pessoa que foi educado, em um lar decente, desconhece as tentações de quem se criou em um tugúrio, ou em um lugar onde o mal caminha pela rua cotidianamente. Quem tem a bênção de pais cristãos não conhece as tentações de quem foi criado de acordo com os pensamentos mais pecaminosos e ruins. Ou seja, desconhecemos completamente as razões ou motivos que levam as pessoas a agirem errado. Porque se fossemos capazes de conhecer todas as circunstâncias, ficaríamos surpresos em ver que as pessoas são tão boas, apesar de o que tiveram que suportar. E também veríamos que a mesma pessoa em uma determinada situação, ela pode ser terrivelmente insuportável, mas em outras ocasiões poderá constituir-se em uma torre de poder espiritual e beleza. E isto sucede poque não conhecemos as pessoas em sua íntegra, mas sim a face que ela nos apresenta. Podemos tomar como exemplo as pedras preciosas, que são encontradas em meio a lama, mas o olhar atento do garimpeiro sabe que nas mãos do lapidador ela se transformará em uma joia rara e muito bela. Assim cabe a nós sermos garimpeiro usando como bateia o Evangelho de Jesus Cristo, e o lapidador que é o Espirito Santo a transformará em uma joia rara e bela.

2 – Imparcialidade: É quase impossível julgar de maneira absolutamente imparcial. Uma e outra vez somos arrastados e desviados por nossas emoções e pelas nossas reações instintivas, não raciocinadas, frente a outros. Nossos julgamentos não obedecem ao julgamento mas apenas a uma reação totalmente irrazoável e ilógica. Os estudiosos nos conta que às vezes, entre os gregos, quando se julgava a alguém por alguma causa muito delicada, o julgamento se realizava às escuras, para que os juízes não pudessem ver o culpado e assim não ser influenciados por outra coisa que os fatos do caso. O jurista “Michel Eyquem de Montaigne”, em um de seus livros narra uma história que cabe aqui: Havia um juiz persa que tinha dado um veredicto injusto, tendo recebido suborno para isso. Quando Cambises, o rei, descobriu o que tinha ocorrido, deu ordem de que o juiz fosse executado. Depois da execução mandou que lhe tirassem a pele e com ela encapou a poltrona em que os juízes se sentavam para emitir seus veredictos, como macabro aviso do caráter da justiça que não se vende. Somente uma pessoa completamente imparcial tem direito de julgar a outros. Mas não está na natureza humana o ser totalmente imparcial. E, é por este motivo que Jesus diz: Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. (Mat 7:1,2). Então entendemos que somente Deus pode julgar as atitudes e os atos daqueles que nos rodeiam.

3 – A falta da perfeição em bondade: Jesus é quem deu expressão à principal das razões que nos impedem de julgar a outros quando Ele Diz: Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?(Mat 7:3,4) Ninguém é o suficientemente bom para julgar a outros. Jesus desenhou a imagem muito clara da pessoa que tem uma viga em seu olho e busca tirar o cisco que há no olho de seu próximo. Aqui Jesus nos ensina uma cara e linda lição. Somente o que é irrepreensível tem direito de procurar faltas em outros. Antes de tecermos qualquer julgamento a vida de outrem, devemos observar o nosso interior para, pelo menos, termos uma ideia do que sentiríamos ou de como reagiríamos diante da mesma situação. Toda igreja e toda organização de qualquer tipo está cheia de pessoas que estão preparadas para criticar os que dirigem o grupo, mas jamais sonhariam em assumir eles mesmos responsabilidades diretivas. O mundo está infestado de pessoas que reclamam o direito de julgar, mas estas mesmas pessoas fogem quando é chegada a hora pôr em prática as mesmas regras em suas próprias vidas. Ou seja, ninguém tem o direito de criticar a outros a menos que esteja disposto a encontrar-se na mesma situação. Somente Jesus foi capaz de deixar a glória, descer até nós, de viver como ser humano, de sentir as nossas fraquezas dores e limitações. E Ele as venceu em obediência e verdade até morrer por nós uma morte de Cruz, e na ressurreição, a Ele sim foi dado todo direito de julgar. E depois deste exemplo entendemos que nenhum de nós é suficientemente bom para criticar ou julgar o próximo, e que cabe a nós somente ajudar, sendo benção na vida daqueles que cruzarem os nossos caminhos. E também entendemos que temos muito que fazer para retificar e mudar nas nossas próprias vidas, e se o fizermos com afinco não sobrará tempo de retificar as vidas de outros. Ou seja, devemos nos concentrarmos em nossas próprias faltas, e deixar as faltas de outros ao juízo de Deus. Sejamos apenas abençoadores e não julgadores.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 08/05/2015
Reeditado em 24/05/2015
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