A Inextricabilidade do Perdão divino e do Perdão humano.

E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; (Mat 6:12). Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mat 6:14,15). No versículo doze temos a penúltima petição da oração modelo que Jesus nos ensinou, o Pai nosso (Pater hemon). E nos versículos catorze e quinze Jesus reafirma o dever do perdão e as consequências de não observá-lo. A palavra pecado para nós soa como algo que para alguns está muito distante e para outros é uma constante. Mas cabe a nós entendermos o seu real significado a fim de que possamos balizar-nos melhor o nosso agir como Cristão. Para muitos o pecado está somente ligado aos grandes atos, tais como: roubo, assassinato, adultério, embriagues, blasfêmia ou no levar da vida em meio as coisas que julgam ser baixas. Mas o que devemos entender é que no grego temos seis palavras para pecado:

1 – A palavra mais comum é hamartia, (αμαρτια hamartia). Em suas várias formas de expressão traz consigo o termo que significa originalmente errar o alvo. Não acertar o alvo era hamartia. Ou seja, este é o pecado de não ser, o que deveríamos ou tivéssemos podido ser. Em outras palavras fomos criados para ser imagem e semelhança de Deus, mas escolhemos ser solidário a desobediência com Adão. Sendo assim entendemos que se Deus é amor e nos achamos que amar é uma utopia, nos abstendo de amar o próximo porque ele não participa dos mesmos eitos ou preceitos, cometemos o pecado hamartia. Deus sendo perdão e nós não nos tornamos perdoadores estamos errando o alvo e assim por diante. (Mat 12:31; Jo 15:22; Luc 1:77).

2 – A segunda palavra que significa “pecado” é parabasis, (παραβασις parabasis). Que literalmente quer dizer “cruzar ao outro lado.” Pecar é cruzar a linha que separa o bem do mal. Está palavra esta ligada aos pecados mais aparente, quando cruzamos a linha que separa a honestidade da desonestidade. E aqui cabe uma pergunta quem de nós já não cruzou esta linha mesmo que de uma maneira sútil? Só para citar uma situação, quando nos beneficiamos da posição de um amigo para facilitar seja lá o que for em detrimento a outrem, estamos praticando o tráfico de influência e isso é desonesto.

3 – A terceira palavra que significa pecado; é paraptoma, (παραπτωμα paraptoma).que significa escorregão. Trata-se do tipo de escorregão que podemos sofrer em um caminho molhado, ou sobre o gelo. Diferente do termo anterior neste caso o ato não é intencional ou deliberado. É quando cometemo um deslize as vezes diante de uma situação de mágoa ou frustração dizemos algo que fere a outrem, ou seja, deixamos escapar uma palavra, um gesto, uma ação ou reação. Em outros momentos nos deixamos ser arrastados por um impulso, ou uma paixão que se apossou momentaneamente de nós e nos fez perder nosso domínio próprio. E isto pode acontecer até entre os melhores dos melhores dentre nós, este é o pecado que pega-nos quando deixamos de manter a vigilância em nosso interior e baixamos a guarda. (Efs 1:7)

4 – A quarta palavra é agnoema, (αγνοημα agnoema) O pecado que advém da ignorância ou o desconhecimento. (Heb 9:7).

5 – A quinta palavra que significa pecado é anomia, ou seja, agir fora da lei. Trata-se do pecado de quem conhece o bem e entretanto faz o mal; o pecado de quem conhece a lei, mas deliberadamente a ignora em sua ação. No que diz respeito as leis da terra isso acontece quando nos deparamos com uma situação em que respeitar a lei pode nos trazer uma dificuldade momentânea, e então deliberadamente a burlamos. Mas isto acontece quase que cotidianamente, por exemplo, quando estamos dirigindo uma automóvel e ultrapassamos o limite de velocidade ou fazemos um ultrapassagem em local proibido cometemo o pecado da anomia, mas isto não nos tira o céu. Mas existe uma lei que quando deixamos de observá-la está nos deixa fora do céu, está é a lei do praticar do amor. De onde todas as leis procedem como Jesus nos ensinou em (Mar 12:30,31; João 13:34; Mat 7:23).

6 – A sexta palavra para pecado é ofeilema, e, é está palavra que aparece no Pai Nosso e que significa literalmente dívida. Significa não pagar o que se deve, deixar de cumprir um dever. E aqui não estamos falando somente da dívida financeira ou da palavra empenhada estamos falando de uma dívida maior que é a dívida do dever de amar, de compreender e de perdoar aqueles que nos rodeiam. Não há quem possa dizer que em sua vida cumpriu de maneira perfeita todos os deveres para com o seu próximo e para com Deus. Tal perfeição não existe entre os seres humanos. Quando não somos capazes de amar de servir e de perdoar estamos fora do reino de Deus.

E agora vem a pergunta porque temos que saber disto tudo? Para que saibamos que todos nós somos pecadores de uma maneira ou de outra e somente o atuar do Espirito Santo pode nos levar a sabedoria purificadora. E que devemos ter em conta o trato que está petição traz gravada em si. Devemos estar conscientes do que estamos dizendo ao fazê-lo. Entre todas as petições dos Pai Nosso esta é a mais temível. “Perdoa as nossas dívidas, como também perdoamos aos nossos devedores.” Aqui fica evidente que ao pronunciarmos esta petição estando estado de mágoa ou de ódio firmamos uma sentença sobre as nossas próprias cabeças, a de não ser perdoado. É bom que saibamos que o perdão humano, e o divino estão inextricavelmente relacionados entre si. Não é possível separar nosso perdão ao próximo e o perdão que esperamos receber de Deus; ambos estão ligados e são interdependentes. E devemos levar guardado em nossos corações esta frase de Jesus: se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mat 6:15). E que também não há amor onde não há perdão, e nem tão pouco existe perdão onde não existe o amor, e sem amor a vida perda a valia.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 22/04/2015
Reeditado em 22/04/2015
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