Eli, Eli, lammá Sabatini?
Sexta-Feira da Paixão, do ano dois mil e quinze de nosso Senhor Jesus Cristo, tive a seguinte visão: Eu era prisioneiro de uma corja de malfeitores. Caíra em sua armadilha e fora apanhado por um deles que me atou a um tronco. A ordem do chefe é que eu fosse espancado. Espancado até à morte.
Eu estava numa praça sem saída, semelhante a um terreiro indígena, quando um deles se aproximou trazendo uma madeira cilíndrica que tinha na extremidade outra mais larga no formato de ‘T’.
Estava sentado no chão e amarrado, de modo que a madeira atingiria minha cabeça ferindo-me mortalmente. Aconteceu, no entanto, que no momento do golpe, um homem postou-se em minha frente, e recebeu o flagelo em sua região lombar.
Em seguida, os malfeitores se recolheram para fumar diamba. Era uma multidão de usuários que habitavam uma maloca ligada por um canudo ao resto do mundo.
Naquela hora, as cordas que me prendiam, desataram-se sozinhas. Acordei com sede.
Aproximava-se a hora do último brado: “Eli, Eli, lammá Sabatini?”
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Texto: Adalberto Lima
Imagem: Internet
Foto de Adalberto Antônio de Lima.