Ouvir mais e melhor para que a resposta venha do amor.

Tiago nesta passagem nos dá dois conselhos que devemos observá-los se realmente queremos lograr um viver frutífero no caminhar em Cristo: Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. (Tgo 1:19,20). A palavra aqui usada para tardio no grego é: βραδυς bradus; que significa: lento. Então entendemos que devemos aprender a ouvir para depois falar e que somente depois de meditarmos sobre o assunto é que devemos agir ou reagir. E aqui mais uma vez vemos com clareza que fomos criados para o equilíbrio, não devemos calar-se, pois isto não é o que Tiago diz. Devemos ouvir refletir e somente depois falar. Mas é comum vermos e ouvirmos muitos dizerem que devemos ficar calados, mas é bom que saibamos que muitos fala caminha para o erro, mas quem fica calado é complacente com o erro. Ele também diz que devemos ser tardios para ira-se ou reagir diante de um fato que causa mal a outrem ou a nós mesmo. Mas mais uma vez é bom que entendamos que devemos refletir ante as circunstancias e acontecimentos. E somente depois de uma boa reflexão passada pelo filtro do Espirito Santo é que devemos reagir. Ele não nos aconselha a ficar inerte ante aos acontecimentos, porque a inercia de atitudes mata tanto quanto as reações abruptas. Agora vamos no deter em alguns exemplos do falar e do irar:

Poderíamos elencar muitas situações nas quais conviria ser rápido, e outras tantas que seria aconselhável proceder lentamente. Mas aqui não tratamos de ser rápido ou lento, mas sim de sermos equilibrados. Filo em um de seus tratados convida o ser humano a ser pronto para beneficiar a outros e lento para prejudicá-los. Hoje em dia nós falamos com mais um órgão, que se mostrou muito assaz em dissipar boatos e de distribuir contendas e falsidade: “as pontas dos dedos.” Estas quando toca o teclado pode produzir vida ou colaborar para destruí-las. Muitos de nós lemos um cabeçalho de um texto e ali formamos uma opinião conceituosa e nos apressamos para digitar uma resposta. Porque somos apressados em responder melhor seria se tivéssemos lido todo texto e compreendido o que realmente ele diz, e somente depois responder. É isto que Tiago nos aconselha e ele o faz tendo como base as escrituras: e o insensato de lábios vem a arruinar-se. (Prv 10:10). O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína. (Prv 13:3). Até um tolo pode passar por sábio e inteligente se ficar calado. (Prv 17:28). Então aqui entendemos que devemos sempre primar pelo equilíbrio tanto no ouvir como no falar, mas se estivermos propensos a errar, melhor que seja pelo ouvir. Porque a vida se faz mais branda, quando nos propomos ouvimos primeiro e falarmos depois.

O conselho de Tiago é que também deveríamos ser tardos para nos irar. Aqui talvez ele esteja refutando a prática de alguns de seus contemporâneos, que afirmavam que há lugar na vida para a ira ardente. E isto não se faz errado pois é muito certo. O mundo seria um lugar tremendamente pobre sem aqueles que se acendem em indignação pura contra os abusos e as tiranias do pecado. Mas se torna errado quando com frequência isto se transforma numa desculpa; que trasvestida de uma ira justa e genuína, dá lugar e vasão a petulância e a irritação egoísta. Um professor que deveria compreender o aluno que lento no aprendizado, as vezes ira-se com este fazendo com que o mesmo perca a vontade de aprender. Mas se este professor buscar compreender a dificuldade do aluno, e o estimular. Ele verá que se pode obter mais resultados pelo estímulo do que pelo látego da língua. O pregador seja a qual nível hierárquico pertença pode se ver tentado a irar-se com as circunstâncias e com os presentes, mas se ele entender que é dele o dever de compreender, pois quando este usa de compreensão com os presentes ele se fará mais entendido e se assemelhará a Cristo Jesus. Pois este é o dever daquele que prega ou ensina, fazer-se entender com gestos e atitudes de respeito e carinho, agindo assim ele deixa expresso que o amor tudo constrói. Mas se deste púlpito emana severidade, e atos de ira, com certeza causará um sentimento de tristeza e de desprezo, e a tristeza ou o desprezo não convertem almas, mas sim as mata. Os pais que admoesta seus filhos com amor, se tornam mais que pais se convertem em amigos, assim como Deus que nos chama de amigo.

E por fim entendemos que o acento do amor tem sempre maior poder que o acento da ira, e quando a ira se transforma em constante irritabilidade, petulante incômodo e ferina censura, sempre faz mais mal que bem. Ser tardo para falar, tardo para irar-se e disposto para ouvir é sempre um excelente conselho; conselho este que Tiago nos deu, para que tenhamos plenitude de vida.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 14/03/2015
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