As Vocações do Verdadeiro Cristão (Parte 2)

Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência. (Tgo 5:4-6). Seguindo o estudo do capítulo cinco da carta de Tiago, trataremos da vocação pelo equilíbrio social que a bíblia traz em seus ensinamentos. Agora começamos a entender o que realmente foi dito no estudo anterior. Até mesmo o mais superficial leitor da Bíblia notará, que os ensinamentos bíblicos apontam para direção de um equilíbrio social e isto aflora como um grito através de suas páginas. Não há livro que condene as riquezas desonestas e egoístas com tão demolidora paixão como a Bíblia. Só para citar alguns versículos: Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, não habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem bebereis do vinho das vides desejáveis que tendes plantado. Porque sei serem muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta. (Ams 5:1). No livro de Provérbios vemos: Quem confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como a folhagem. (Prv 11:28). No capítulo dezoito do Evangelho segundo Lucas vemos como se comportou o rico diante do aconselhamento de Jesus. É bom que entendamos que não é a riqueza que destrói corrompe a alma do ser humano e em seguida apaga o espírito, mas sim o apego ao dinheiro e a malfada avareza que desvia o ser humano do real objetivo para o qual foi criado.

Alguém disse que a religião é o opio do povo, e este alguém tinha razão até certo ponto, porque aquele que segue uma religião de forma fanática pensando que não pertence a este mundo esta de certa forma desorientado e fora de si. Quando estudamos a bíblia vemos que ela nos direciona ao equilíbrio, nós seres humanos somos 100% espírito e 100% matéria, e é o equilíbrio entre a matéria e o espírito que nos torna seres completos. E o equilíbrio deveria seguir em todos os processos de nossas vidas, mas como é comum vemos isto não acontece. Os ricos buscam cada vez serem mais ricos ao ponto de povoar a sua alma somente com sentimentos e assuntos de riqueza, tornando-se assim um avaro, ou um amante do dinheiro. E em contrapartida os menos favorecido continuam cada vez mais pobres e na miséria, ou seja, seres que foram criados para o equilíbrio instala na terra o desequilíbrio.

E o mais triste é que muitos de nós culpam o destino ou a Deus pelo malfadado desequilíbrio. Mas é bom reiterar que, não existe livro e nenhuma literatura que ensine e direcione com tão ardente paixão o equilíbrio social como a Bíblia. Não há livro que fale em maneira tão enfática e dinâmica a respeito das injustiças sociais, como a Bíblia. Não há livro tão apaixonadamente consciente de que o profundo abismo entre riqueza e pobreza é uma ativa e espantosa transgressão da Lei do amor e da vontade de Deus. Em realidade não há livro que tenha demonstrado uma dinâmica social tão poderosa como a que mostra a Bíblia. A Palavra de Deus não condena a riqueza como tal, mas não existe livro que tão vigorosamente insista na responsabilidade dos ricos para com os pobres e, nos perigos de que está rodeado o homem abundantemente bendito com bens deste mundo. Pois cada bem tem agregado em si uma responsabilidade social. Quando lemos em gênesis a primeira incumbência do ser Humano: Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. (Gên 2:15). A palavra aqui usada para cultivar é:עבד ̀abad, que entre seus significados têm o de: trabalhar, servir; e a palavra usada para guardar é: שמר shamar, que tem o seguinte significado: guardar, vigiar, manter vigilância e custódia, proteger, salvar vida. Então isto nos leva a entender que somos sempre responsáveis um pelo outro. E todo aquele que é abastado tem o dever de zelar pelo bem estar dos menos favorecidos.

Cabe a cada um de nós observar como estamos lidando com as bênçãos que Deus Pai tem nos dado. Se estamos usando-as para melhorar a vida de outrem o seu estamos oprimindo cada vez mais o pobre, com o intuito de aumentarmos a nossa riqueza. É bom que lembremos que quem rouba ou maltrata um pequenino o faz a Jesus, pois foi isto que Ele disse na parábola das ovelhas e as cabras, (Mat 25:31 -46). Cuidemo-nos para não sermos o grupo da esquerda que está destinado a destruição eterna. E mais uma vez em seu imensurável amor Deus nos deixa a escolha entre viver pela ambição na avareza satisfazendo os caprichos do ego e seguir para destruição, ou viver servindo em amor e verdade como herdeiros do reino que faz a vontade do Pai, para uma vida abundante na eternidade do amor Deus. Cada um que faça a sua escolha. (continua)

(Molivars).