Eu tenho a força
“Bem aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Salm 84; 5
A integridade desse venturoso é figurada como sendo um caminho plano; o método para chegar a isso, a dependência; força, em Deus. Como a queda humana resultou após o brado de independência, “Vós mesmo sabereis o bem e o mal”, nada mais natural que a restauração comece aí.
Se, é certo que somos extremamente frágeis, a ponto de um micróbio qualquer nos poder tirar a vida, somos presunçosos como se nossa força fosse imensa; na linguagem atual, diria que o ser humano é sem noção. Consideramos fortes as coisas imanentes, palpáveis, materiais... as espirituais, mera abstração, crendice; refúgio dos fracos. Esses “montes” desfiguram os caminhos da Sabedoria no coração humano.
Israel vivenciou na pele, quando, invés de confiar no Seu Deus, ante, iminente perigo buscou auxílio nos exércitos de Faraó. “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado; descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, para confiarem na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha; a confiança na sombra do Egito, confusão.” Is 30; 1 a 3
A razão de ser insana tal busca, era, justo, por buscarem no domínio material o que reside na dimensão espiritual. “Porque os egípcios são homens, não Deus; os seus cavalos, carne, não espírito; quando o Senhor estender a sua mão, tanto tropeçará o auxiliador, quanto cairá o ajudado, todos juntamente serão consumidos.” Cap 31; 3 Parece perceptível que, a vera força reside na esfera espiritual.
Assim, quando Deus promete realizar algo nesse âmbito está usando o que de mais forte possui; “E respondeu-me, dizendo: ... Não por força nem por violência, mas, pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; porque ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela.” Zac 4; 6 e 7 O “monte grande” ante Zorobabel era oposição quando da reconstrução do Templo.
Então, depender de Deus é mesmo refúgio de fracos; uma vez que esses têm Nele sua força; contudo, essa fraqueza abre caminho à operação do Todo Poderoso. “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12; 9 e 10
A dependência confiante no Santo é que faz fortes seus servos. Alguns desajeitados com a interpretação bíblica afirmam que Sansão tinha força nos cabelos; quando, os cabelos intactos era apenas parte do pacto de nazireu que exigia consagração a Deus, para que Seu Espírito nele atuasse. Cortado o cabelo, rompido o pacto; feito isso, o Espírito de Deus o deixou só. “E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. Despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, me sacudirei. Porque ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele.” Jz 16; 20 Doentia presunção, seduzido pela ardilosa Dalila.
Em suma, qualquer de nós que, presumir-se forte, no fundo, “corta os cabelos” e Deus se afasta. Quando protestava sua inocência, Jó esquivou-se de ter feito isso. “E meu coração se deixou enganar em oculto, a minha boca beijou a minha mão, também isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria a Deus que está lá em cima.” Jó 31; 27 e 28. Forma poética de dizer: Se presumi que meus bens derivavam da força de meu braço invés da bondade de Deus.
Ademais, enfraquecer a ponto de “negar a si mesmo”, demanda uma força que a maioria não possui. A que vale, nos domínios espirituais.
Embora todos digam por aí: “também sou filho de Deus”, isso demanda um poder que só Cristo dá. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1; 12 e 13
Ponhamos um forte na carne num contexto que demande sabedoria e o deixemos atuar; fracasso. Um sábio em Deus, em qualquer contexto terá a força ao seu lado. “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9; 18