Perdidos na mata
“Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14; 12
Não podemos imaginar, de maneira honesta que os caminhos da morte pareçam direitos. Tanto que a sentença tem um “mas” no meio para destacar um futuro adverso do que parece agora, o caminho escolhido.
Uma qualidade é presente; “parece direito”. A essência se revela depois; “o fim dele”. Não é nenhuma revelação, antes, a ordem natural das coisas, entendermos que as escolhas de agora têm consequências futuras. Como plantio e colheita.
Nosso futuro é uma “floresta virgem” da qual, desconhecemos os frutos, os perigos. Como lidar com ele? “O homem avisado, observando erros alheios corrige os seus”; disse o sanitarista Oswaldo Cruz. Assim, observando as consequências das escolhas de outros que foram antes de nós, podemos “prever” em parte, o futuro. Não precisamos balizar nossas escolhas meramente no que se parecem, as opções, à vista.
Quantos pioneiros lidaram com terras desconhecidas, inexploradas; tiveram que se expor aos seus riscos! Plantas venenosas, feras, aborígenes, acidentes geográficos, etc. coisas que ceifaram muitas vidas.
Se, tivéssemos que escolher entre uma “mata” assim, e outra, explorada, com suas características devidamente assinaladas num mapa, qual seria a melhor escolha; ou, a caminhada mais segura? Claro que, essa, que previne via conhecimento, dos riscos, bem como, aponta aonde se chega trilhando por ela.
Entretanto, quem explorou o futuro, estando, assim, apto a mapeá-lo para eventuais caminhantes na senda do tempo? “Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, acerca da obra das minhas mãos.” Is 45; 11 Sim, somente um Ser Eterno pode conhecer o porvir, tal qual, conhece o passado, pois, o tempo não é limite para Ele.
Ironicamente, pessoas que se movem estritamente no âmbito natural tacham à fé de cega, uma vez que essa tem seu objeto além das aparências. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não vêem.” Heb 11; 1 Contudo, eles mesmo uma vez vitimados pelos logros da vista filosofam: “As aparências enganam.” Quem vê melhor? Os olhos naturais, reféns da aparência; ou, os espirituais, que apostam suas fichas “no escuro”, baseados na integridade de Deus?
Os que nasceram de novo, foram guindados a um padrão de vida espiritual têm algo melhor que a visão sensorial para fazer suas escolhas. “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação... Lâmpada para os meus pés é tua palavra, luz para o meu caminho.” Sal 119; 99 e 105
Acontece que o “Mapa do Tesouro” de Deus se desenha no caráter, não no intelecto. Uma pessoa pode ser brilhante intelectualmente, ainda assim, ser bisonha espiritual; por outro lado, pode ser analfabeta e desfrutar a necessária luz para caminhar bem, aos olhos Divinos.
Salomão, o mais sábio dos homens disse que o dom do saber liga-se à retidão, não aos neurônios ágeis. “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos.” Prov 2; 7 e 8 Mais adiante coteja dois caminhantes, um tropeçando no escuro, outro, progredindo na iluminação, e, adivinhe; aquele é ímpio, esse, justo. “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4; 18 e 19
O problema é que, por a morte esperar aos errados apenas no fim do caminho, isso dá asas à presunção humana, que, mesmo temendo-a, acredita que pode desfrutar dos prazeres pecaminosos e acertar as coisas depois, perto do fim. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8; 11
Entretanto, cheios estão os noticiários de relatos de mortes que todos os dias acontecem “antes do fim”. Do fim imaginado pelas vítimas, claro! Por isso, oportunas são duas advertências: Uma, sobre a fragilidade da vida; “...Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece.” Tg 5; 14 Outra, sobre a urgência da salvação; “Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações.” Heb 4; 7
A maioria das vezes não são as aparências que enganam; antes, a deformação do paladar daqueles que dizem: “Me engana que eu gosto.”