A saudade de Deus
“Sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; no lugar onde a nuvem parava, ali acampavam.” Núm 9;17
Charles Spurgeon disse: “Deus nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa”. Eis um exemplo! A marcha dos israelitas precedida por uma “nuvem guia” que, além de mostrar a direção, trazia efeitos colaterais; cobria protegendo da calma no deserto durante o dia; e à noite resplandecia como que, em fogo, iluminando o caminho. Além de direção, a nuvem trazia refrigério. Seu estacionar significava parar; seu mover-se, partir.
Como seriam nossas vidas se, as pausas e partidas fossem segundo a Vontade do Senhor? Dele em obediência, teríamos luz, ensino, direção.
Naquele caso, a “lua de mel” com O Senhor durou pouco. Mediante Jeremias, O Eterno falou saudoso; “Vai, clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para O Senhor, as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz O Senhor.” Jr 2;2 e 3
Além das necessárias provisões, havia algumas bênçãos mais; proteção e juízo contra quem afrontasse o povo escolhido.
Todavia, como nas relações humanas baseadas em anseios carnais, simplesmente, invés do vero amor, passada a lua de mel, os olhos infiéis começam a buscar “alternativas”. O mesmo Jeremias foi portador da denúncia de adultério. “Porque o meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram o manancial de águas vivas, cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas. Acaso é Israel um servo? É um escravo nascido em casa? Por que veio a ser presa?” cap 2;13 e 14 Aqui temos a causa: Infidelidade; e a consequência: Escravidão. Mediante Moisés o Eterno dissera que seria assim; se fossem fiéis, bênçãos, proteção; senão, a servidão.
O mesmo Senhor lamentou que as coisas tivessem tomado outros rumos por causa da desobediência: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria a tua paz como o rio, a tua justiça como as ondas do mar! Também a tua descendência seria como a areia; os que procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de Mim.” Is 48;18 e 19
Naqueles dias, O Criador tratava com uma nação específica; hoje, com todas as nações, numa pessoa específica; Jesus Cristo; descendente de Abraão, no qual serão benditas todas as famílias da Terra.
Agora, a direção não deriva de uma nuvem, antes, da Sua Palavra. “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vos tenho dito. As Minhas ovelhas ouvem a Minha Voz, Eu conheço-as, e elas Me seguem;” Jo 10;26 e 27 Orbitavam ao Salvador dois tipos de pessoas; umas criam e obedeciam, outras duvidavam. Dessas, disse não serem Suas ovelhas.
Não há uma escolha antecipada como acredita o calvinismo; em Cristo, as pessoas escolhem crer ou não. As que creem se fazem ovelhas Dele. Em Sua bendita Palavra temos muito mais que na nuvem tinham os antigos, além de luz, refrigério, direção; sabedoria espiritual, conhecimento de Deus, vida eterna, edificação, segurança...
Também Ele manifestou sentir saudades de um bom começo de relacionamento, numa igreja que estava dando sinais de desgaste. “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te; pratica as primeiras obras...” Apoc 2;4 e 5
Parece que fidelidade ao longo do tempo é nossa maior dificuldade. O Salmista evoca essa fragilidade como razão da misericórdia Divina. “Assim como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se que somos pó.” Sal 103;13 e 14 Não significa que conceda “direito” a certos pecados; antes, que perdoa sempre que há arrependimento e mudança.
Então, compensa nossa fragilidade dando aos que Lhe obedecem, a assessoria do Espírito Santo; uma “nuvem” interior que dirige aos sensíveis e obedientes; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21
Os rebeldes de então, terminavam escravos dos midianitas, assírios, caldeus... Os de hoje, inspirados por satanás acabam reféns de si mesmos, da carne e do mundo.