Jesus e a febre
“A sogra de Simão estava deitada com febre; logo lhe falaram dela. Então, chegando-se a ela, tomou-a pela mão, levantou-a; e imediatamente a febre a deixou e servia-os.” Mc 1; 30 e 31
Segundo a medicina, febre não é doença em si, antes, uma resposta imunológica própria do organismo contra algum mal; noutras palavras, alguma rejeição, infecção, etc. está ocorrendo, o organismo reage e como efeito da reação, temos alteração térmica conhecida como febre.
Assim, quando O Senhor curou da febre, na verdade curou de outro mal qualquer que a acometia; removida a causa, sumiu a consequência; a febre.
Ocorre-me um texto que versava sobre um menino que estava com vermes. O diagnóstico do doutor foi: “Ele não está assim porque come terra; antes, come terra porque está assim.” Para a mãe, uma pessoa simples, a consequência era a causa.
Na nossa sociedade, muitas vezes, esse erro de avaliação ocorre. Quando uma pessoa sucumbe a um vício qualquer, todos os males que comete à partir daí são atribuídos à prática; em suma, o vício é a causa do mal. Será? Qual foi a causa que fez abraçar ao vício?
A epístola aos Hebreus ensina que o Feito de Cristo livrou-nos do medo da morte. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Hb 2; 14 e 15
A primeira vez que o medo aparece teme à morte. A advertência que Deus fizera a Adão fora que, no dia em que comesse da árvore proibida, morreria. Então, quando O Criador o procurou, Adão estava escondido e com medo.
Esse temor o afastou de Deus e submeteu a outro “Senhor”, como ensina Paulo: “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6; 16
Assim, toda sorte de descaminhos, vícios, drogas, bebidas, prostituição, mentira, adultérios, invejas, maledicências, etc. não passam de febres humanas, cuja causa oculta chama-se, pecado.
Salomão em suas reflexões apresenta ao pecador como fugitivo de seus medos, inseguranças; enquanto o justo sente-se seguro. “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão... O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28; 1 e 17 Esse “fugir até à cova” com culpa de sangue na consciência foi precisamente o que fez Judas após sua traição ao Mestre.
Embora seja atribuída inocência às crianças até a fase em que estão de posse de entendimento, todas nascem com “febre” após a queda de Adão. “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela.” Prov 2; 15
A Palavra de Deus, pois, não advoga nenhuma “Lei da Palmada” para preservação da febre, antes, que se remova mediante disciplina e ensino. “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha sua mãe. Instrui ao menino no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 29; 15 e 22; 6
Voltando à sogra de Pedro, o relato diz que, Jesus tomou-a pela mão, levantou-a, e a febre a deixou e servia-os. Sim, mesmo sendo Deus, Jesus não agiu de longe, antes, nos tomou pela mão, fez-se como um de nós, embora, sem febre. “Eu vim, para que tenhais vida...”
Levantou-nos; pois, se o erro de Adão é definido como queda, a Vitória de Cristo reergue quem O recebe e Obedece. “...quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5; 24
Aceitando Sua mão nossa febre nos deixa, porque, Sua Bendita Mão transpassada por cravos o foi, justo para remoção das causas da doença, o pecado.
Claro que, conhecendo ao Senhor depois de pegar em Sua mão, servi-lO é a ordem natural das coisas; quem seria salvo de tão grande mal, feitor de todos os nossos medos e não seria agradecido ao Salvador?
Não existe inércia espiritual, ou, progredimos Nele, ou, voltaremos à febre. “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo... forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro... um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2; 20 e 22